Capítulo 4 - Bruno

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-Que tal nós sairmos para um café? Quero dar minha opinião sobre o tempo. - perguntei para Alice. O que eu queria mesmo aproveitar era do corpo dela.
-Pra quem me tratou mal desde do dia que botei o pé aqui, você está bem diferente hoje.
-Não vou pedir uma terceira vez: quer ou não?
-Não, e se essa é uma tentativa de me levar para sua mesa, a minha resposta será não também.
-Por que você acha que eu te levaria para mesa? - Ah, querida Alice! Minha mesa não chega nem perto do que eu pretendo fazer com você!
-Tenho mesmo que responder? - me lançou um olhar e eu lembrei do episódio com Amanda.
-Não entendo porque você acha que eu quero transar com você?
-Sua fama não é das melhores.
-Qual fama que eu tenho?
-Tem fama de galinha. - me aproximei dela.
-E você acha que eu sou assim? - respirei pertinho do pescoço dela e vi o arrepio no corpo dela. Isso é bom! Ela se sente afetada!
-Atrapalho?- ouvi a voz da Amanda, revirei os olhos e quis matar ela por ter me atrapalhado. Tenho certeza que eu conseguiria sair daqui com a Alice.
-Acho que isso responde a pergunta. Até amanhã, Sr. Bruno. - Alice me olhou e saiu rápido.
-O que quer, Amanda? - perguntei nervoso indo para minha sala. Ouvi seu salto estalar atrás de mim. Peguei um copo de whisky e sentei no sofá.
-Bruno, tem um tempo que não nos encontramos. - falou enquanto vinha na minha direção. Sentou no meu colo e tentou beijar minha boca, mas eu virei o rosto.
-Preciso tanto de você!
-Hoje eu não to afim não!
-Por favor. - choramingou e eu revirei os olhos novamente. Deitei ela no sofá e resolvi curtir. Já que não pude terminar a noite com Alice, vai Amanda mesmo. Depois do trabalho feito e eu estar satisfeito, botei minha roupa novamente e levantei. Arrumei minhas coisas e estava pronto pra ir embora.
-Podemos ir? - perguntei impaciente.
-Podemos. - ela estava botando o salto. Terminou e nós descemos.

[...]

Estava em casa jogado na cama assistindo um programa de tv qualquer. Estava um tédio só. Peguei meu celular e resolvi perturbar minha querida secretária. Eu perturbei muito o juízo da Alice, tratei ela muito mal. Mas agora eu estava interessado em pegar ela e não desistiria tão fácil. Já passava das 1 da manhã e eu ri só em imaginar como ela ficaria revoltada comigo. A primeira vez caiu na caixa postal, tentei a segunda.
-Alô?- atendeu com a voz rouca e eu fiquei aceso na hora. Merda! Que voz é essa?
-Alice, você não respondeu a minha pergunta e eu até pensei em não perguntar uma terceira vez, mas como quero opinar sobre o tempo também, resolvi perguntar: quer tomar café comigo?
-Não acredito que me ligou a essa hora pra perguntar isso?
-Sim, liguei. Preciso de uma resposta.
-Já disse que não para todas as suas perguntas.
-Eu só fiz uma pergunta.
-Eu sei que tem outras na sua cabeça.
-Quais seriam? Fiquei curioso.
-A minha vontade é de te matar, mas eu preciso de você para pagar meu salário. Então boa noite, Sr. Bruno. - desligou antes mesmo de eu pensar em uma resposta, mas fiquei feliz em falar como. Eu pensei isso mesmo? Merda! Acho melhor eu dormir. Botei meu celular de lado e resolvi apagar. E foi o que eu fiz.

[...]

Cheguei na empresa e tive uma visão que vai fazer meu dia bem melhor. Alice estava de quatro no chão pegando uns papéis embaixo da mesa.
-Bom dia, Alice. - falei e ela se assustou. Acabou batendo a cabeça na mesa de vidro. - Machucou?
-Não. - respondeu enquanto passava a mão no local. - Bom dia, Sr.
-Pensou no meu simples pedido?
-Sr. Bruno, já tem a minha resposta.
-Você quem sabe, afinal, é você que vai perder.
-É, eu que vou perder. - ergui uma sobrancelha pra ela, que percebendo o que tinha falado, corou. - Quero dizer, eu não vou perder nada. Preciso continuar meu serviço agora. - ajeitou a roupa dela. Hoje ela estava bem simples, de calça jeans, blusa, e sandália. Simples, mas muito atraente. - Deseja alguma coisa, Sr. Bruno?
-Sim... - respondi e olhei para ela. - Um café. - segui para minha sala e fiquei perdido em pensamentos. Se eu ficasse com a Alice uma vez, talvez eu pararia de comparar ela com a Laura, né? Espero que sim.
-Aqui está. - entrou na sala e botou o café na minha mesa. - Deseja mais alguma coisa?
-Não, só isso já é o suficiente. - respondi e ela saiu da sala rápido. O cheiro de jasmim ficou. Esquece isso! Vou trabalhar que é melhor.

[...]

Estava tão distraído que nem reparei a porta da minha sala ser aberta.
-Oi Dindo. - ouvi a voz da minha princesa.
-Ursinha!- levantei e agarrei ela.
-Tava com saudade de você.
-Eu também amor, mas o Dindo tá enrolado com o trabalho.
-O papai falou. - respondeu e sorriu.
-Cadê sua mãe?
-Está com o papai.
-E o Pedro?
-Também.
-Entendi. - beijei a bochecha dela.
-Sr. Bruno, a reunião das 15 horas foi desmarcada. - entrou na sala distraída mexendo no tablet.
-Sem bater de novo? Que coisa feia!- provoquei arrancando uma risadinha da minha pequena.
-Desculpe, Sr.? - levantou o olhar e se surpreendeu com a Beatriz.
-Fala oi com a Alice, ursinha.
-Oi, tia.
-Oi, princesa. - deu um sorriso pra Beatriz.
-Era só isso?
-Sim. - saiu da sala.
-Ela é linda, parece uma Barbie. - comentou Beatriz depois que Alice saiu.
-Ela é bonita sim, mas vamos no papai?
-Eba. - saímos da sala com ela no meu colo.
Entrei na sala de Alex e ele estava beijando Clara.
-Eca!- eu e Beatriz falamos juntos fazendo eles se separarem.
-Até parece que o Dindo não faz isso. - Clara falou e riu. Dei língua pra ela.
-Tio Bluno. - senti Pedro agarrar minhas pernas. Abaixei e peguei ele.
-Está forte, em Bruno?- Alex alfinetou.
-Está feliz porque a esposa veio visitar, né?- deu um sorriso pra ele.
-Sempre engraçadinho!- falou e abraçou a Clara. - Mas sempre fico feliz quando recebo essa visita.
-Acho bom ficar mesmo. - Clara deu um olhar pra ele que me fez cair na gargalhada.
-Precisava mesmo falar com você, fiquei sabendo que a empresa Goulart quer fechar negócio com a gente em janeiro.
-Isso é uma boa notícia, mas ainda faltam 5 meses.
-Eu sei, mas não era isso que eu queria falar.
-Era o que então?
-Quem vai ficar responsável por isso é você!
-Eu? Vou ter que aturar aquele velho?
-Aí é que tá. Quem vai trabalhar diretamente com você é a filha do Goulart.
-Ela é gostosa?
-Não acho não. - respondeu e arregalou os olhos me fazendo lembrar que tinham crianças e a Clara aqui.
-Boa resposta, fugiu de uma briga agora. E fico feliz que seja o Bruno a trabalhar com essa, menos uma pra apanhar. - Clara falou saindo dos braços de Alex.
-Saiu bem dessa, em amigo?
-Eu não tenho olhos para outra mulher. - puxou a Clara e deu um beijo nela.
-É por isso que eu não me caso.
-Nojento isso.- Beatriz olhou para outro lado.
-Laga mama agola!- Pedro falou tentando sair do meu colo.
-Já larguei. - Alex levantou as mãos e Clara pegou ele do meu colo.
-Acho melhor irmos embora, crianças. - Clara anunciou e eles saíram do meu colo.
-Vou com vocês!- Alex falou.
-Eu vou ficar mais um pouco.
-Você que sabe. - Alex deu de ombros. - Bom fim de semana!
-Para vocês também. - eles sorriram e saíram. Eu sai logo depois e passei rápido pra minha sala. Entrei e bati a porta. Nunca me irritei em ver a felicidade dos meus amigos, mas hoje ver aquela ceninha de casal me deixou irritado.
Me joguei na minha cadeira e fechei os olhos me desligando dos problemas.
Não sei quanto tempo fiquei ali, mas senti o cheiro dela na minha sala. Continuei de olhos fechados.
-Sr. Bruno? - não respondi. - O idiota dormiu! - falou e eu segurei o riso. Ouvi seus passos chegarem perto de mim. - Até que ele é bonitinho! - nossa! Meu ego foi destruído agora. Bonitinho é uma palavra muito feia. - Pena que é um cretino! - abri um olho e ela estava olhando para o outro lado da sala. Estava a uma distância pequena e eu poderia agarrar ela agora. Boa ideia! Puxei ela e sentei no meu colo.
-Meu... - beijei ela a impedindo de terminar a frase. Foi um beijo calmo, mas ao mesmo tempo desesperado. Ela correspondeu depois de alguns poucos segundos. Quando ficamos totalmente sem ar, nos separamos. - Isso não deveria ter acontecido, Sr. Bruno!- levantou do meu colo e saiu correndo da minha sala. Eu fiquei meio desnorteado. O beijo tinha sido intenso. Não deveria ter feito isso, mas eu gostei de beijar ela. A boca dela era delicada.
Levantei e fui procurar por ela pra me desculpar. Não deveria ter feito isso agora. A sala estava vazia. Merda! Agora que eu afastei essa garota de vez da minha vida. O que eu estou pensando? Eu tenho que afastar ela da minha vida!

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