Capítulo 9 - Bruno

11.9K 940 60
                                    

Nunca achei que ficar preso dentro de um elevador seria tão divertido. Eu acho que tem muito tempo que não me divirto tanto como hoje. Não imaginei que Alice seria tão engraçada. Depois de ouvir a conversa que ela teve com o pai falando de mim, eu resolvi baixar a guarda. Não tinha necessidade de tratar ela tão mal, não era o meu jeito. Apesar dela me lembrar a Laura, percebi nesses 3 meses que Alice era mais firme. Se eu tratasse a Laura mal, ela pediria demissão na mesma hora e no mínimo sairia chorando daqui. Eu já vi que Alice aguentaria muita coisa.
-Está quente aqui dentro!- comentou.
-Verdade, acho melhor tirar a camisa. - falei tirando a minha. Senti seu olhar sobre mim, mas fingi ignorar. - Faça o mesmo se não quiser morrer de calor!- acrescentei e ela tirou a blusa. E porra, eu tinha esquecido de como ela era gostosa! Desviei o olhar rápido e tive que focar em outro lugar pra não ficar com a "barraca armada" dentro desse elevador.
Passamos minutos ou horas conversando e rindo. Até que uma hora, eu percebi que nossos rostos estavam perto demais. O meu olhar preso naqueles olhos azuis que ao mesmo tempo me pareciam cinzas. E quando dei por mim, nossos lábios estavam grudados, e nos beijamos com carinho. Esse beijo foi diferente e eu sabia que aquilo era perigoso. Quando nos separamos, eu fiquei sem reação. Ela tinha um sorriso disfarçado no rosto e parecia querer esconder a felicidade. Por sorte o elevador voltou a funcionar e as portas se abriram revelando dois seguranças.
-Nossa! Até que enfim! Achei que teria que viver aqui pra sempre!
-Desculpe Sr. Bruno, não imaginamos que teria mais alguém aqui. A energia voltou agora e aí podemos ver que vocês estavam presos aqui.
-Entendi. - levantei e botei minha blusa social. Estiquei a mão pra Alice e ela se levantou colocando a camisa social também.
-Obrigada. - eu apenas concordei com a cabeça. Peguei minhas coisas e nós fomos para garagem. Ela se encaminhou para um carro e eu resolvi acabar com aquilo. Eu precisava ficar longe dela.
-Alice? - ela olhou pra trás esperançosa. - O que aconteceu no elevador, não vai acontecer mais! Foi um erro! - ela respirou fundo e seguiu em frente sem me responder.
Entrei no meu carro e segui pra casa.
Estava deitado na minha cama olhando para o teto a horas... Essa garota não saia da minha cabeça! Merda! Esse beijo foi um erro, mas foi um erro bom!
-Porra Alice, porque eu tenho certeza que eu magoei você?- acho que de tanto pensar acabei dormindo.

[...]

Cheguei no escritório no dia seguinte e Alice estava na sua mesa trabalhando no computador.
-Bom dia, Alice.
-Bom dia, Sr. - sua voz estava fria. Olhei em seu rosto e parecia ter chorado a noite toda. Espero que a culpa não seja minha.
-Algum recado?
-Não. - ela em nenhuma momento me olhou. Seu olhar estava fixo no computador.
-Ok. - segui pra minha sala e me afundei em serviços.

[...]

-Posso entrar?- Alex pediu e eu concordei com a cabeça. Era raro ele vir na minha sala, eu que sempre ia pertubar ele.
-A que devo a honra de sua visita?- perguntei ironicamente.
-Vim te informar umas coisas.
-O quê?
-Primeiro que a festa anual da empresa está chegando.
-Eu sei.
-E segundo que esse fim de semana você precisará ir pra São Paulo participar de uma festa beneficente na sexta e uma reunião no sábado a tarde.
-Por que eu?
-Eu queria ir, mas esse fim de semana a Beatriz tem uma apresentação no colégio. Clara me mataria se eu não fosse.
-Eu sei que sim. Eu vou, mas só se me fizer um favor?
-Qualquer um.
-Filma a apresentação da minha ursinha?- pedi e ele riu.
-Claro, só isso?
-Sim.
-Então, eu vou indo. - começou a se encaminhar pra porta, mas parou de repente. -Antes que eu esqueça, é melhor levar a Alice junto com você.
-Ok. - respondi e suspirei. - Pede pra ela vir aqui, por favor.
-Uhum. Até. - respondeu e saiu.
Alguns segundos depois, Alice entrou com uma cara nada feliz.
-Esse fim de semana nós faremos uma viagem.
-Nós?
-Sim, nós. Vamos a São Paulo, tem uma festa na sexta e uma reunião no sábado. Voltaremos no sábado mesmo ou no domingo de manhã.
-Ok.
-Pode se retirar agora. - falei e olhei para o computador. Ouvi aquela respiração forte e logo depois a porta batendo. Senti meu corpo relaxar no momento que ela saiu, nem sabia que estava tenso. Quer saber, eu vou trabalhar de casa. Não quero ficar perto dela. Guardei minhas coisas rápido e saí da sala.
-Alice, estou indo embora. Esteja conectada no skype, irei trabalhar de casa.
-Sim, Sr. - ela olhou para qualquer outro lugar, menos pra mim.
-Tá tudo bem, Alice?
-Tudo ótimo, Sr. - ela olhou nos meus olhos e foi como se eu tivesse levado um tapa na cara. Ela estava triste e de alguma forma eu sabia que tinha sido culpa minha.
-Ok. - virei as costas e sai rápido daquele prédio. Consegui respirar aliviado.
Entrei no meu carro e liguei para uma pessoa que eu sabia que ia me relaxar.
-Estava mesmo esperando sua ligação!
-Oi, Diana. Tudo bem?
-Tudo bem e com você?
-To precisando relaxar um pouco. Quer ir lá para casa?
-Que horas?
-Daqui a uma hora.
-Estarei lá. Beijos. - desliguei e segui pra casa.

Aprendendo A RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora