Capítulo 11 - Bruno

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Meu dia estava terrível... Na verdade, meu fim de semana foi horrível. Desde do momento que deixei Alice naquele quarto de hotel, que eu fiquei sem paz. Cara! Eu errei feio com aquela garota, não que fosse a primeira vez, mas dessa vez eu estava me importando.

[...]

Quando ela saiu com a Pollyana pra resolver umas coisas da festa anual da empresa, eu fui pra sala do Alex.
-Sempre entrando sem bater!- Alex brincou.
-Preciso conversar!- falei sentando na poltrona e olhando para um ponto fixo atrás do Alex.
-O que aconteceu? - perguntou preocupado e eu suspirei e olhei pra ele.
-Eu e a Alice transamos na viagem. - ele me olhou surpreso e parecia estar chocado.
-Qual foi a merda que você fez depois?
-Tivemos uma noite maravilhosa, transamos de uma forma selvagem e ao mesmo tempo de uma forma carinhosa.
-Sem detalhes Bruno. - olhei pra ele e dei um sorriso de lado.
-Antes da gente dormir, ela me disse que queria que aquele momento durasse pra sempre e eu falei que estaria sempre alí por ela. E quando ela acordou no dia seguinte, estava sozinha no quarto.
-Onde você se enfiou?
-Fiquei no bar do hotel até me informarem que ela já tinha ido embora. Deixei um bilhete falando sobre a passagem dela.
-Você já fez isso antes, até eu já fiz isso. Não me orgulho em falar, mas é a verdade.
-Eu sei. - dei de ombros.
-Qual o problema? Tirando que ela é a sua secretária e parece ser uma garota ótima.
-O problema é que eu to me sentindo mal por ter feito isso, tentei pedir desculpas e ela não quis aceitar.
-Óbvio que ela não iria aceitar. Mulheres tem sentimentos, algumas são tão piranhas que não se importam, mas a Alice se importa. Quantas vezes eu peguei essa menina chorando porque você a tratou mal, eu me pergunto o porquê de fazer isso com ela? - abaixei a cabeça e resolvi desabafar com ele.
-Ela parece com a Laura. - sussurrei e pela demora por sua resposta, achei que ele não tinha ouvido. Olhei pra ele e Alex estava me encarando surpreso e ao mesmo tempo indignado.
-Eu não imagino como sente falta da Laura, e prefiro não imaginar viver uma vida sem a Clara. Mas a Alice não tem culpa de nada. Você não pode a culpar por ser parecida com a Laura. Não pode.
-Eu sei, mas toda vez que eu olho pra ela eu lembro de alguns momentos que eu tive com a Laura e aquilo me dói.
-E tratar ela mal, te faz bem?
-Não, me machuca tratar ela daquele jeito.
-Bruno, eu mesmo não te reconheço. Você mudou muito, sempre foi tão brincalhão e agora está pior do que eu quando era infeliz.
-Desde que você botou essa garota aqui que eu perdi minha paz.
-A culpa não é dela, se ela fosse uma garota insulportável e que não fizesse nada direito, eu entenderia. Mas Alice é muito eficiente no que faz. E é linda!
-Eu sei. - respirei fundo. Quando ia falar alguma coisa, alguém abriu a porta.
-Oi, grande homem. - Clara falou e Alex sorriu.
-Oi, pequena. - os dois trocaram beijos na minha frente e eu balançei a cabeça.
-Oi, Bruno. - Clara sorriu e eu dei um sorriso.
-Vou pra minha sala, depois nos falamos. - cheguei perto da Clara e dei um beijo na testa dela. - Tchau, princesa.
Fui pra minha sala e começei a revisar uns papéis quando alguém entrou na minha sala. E pelo perfume era mulher.
-Oi, Bruno.
-Amanda, o que deseja?- perguntei de cara feia.
-Você. - veio na minha direção e sentou no meu colo. Levantei ela de forma delicada.
-O que foi?
-Vai embora, eu não quero você.
-O quê?
-Isso mesmo que você ouviu. - levantei e peguei um copo de whisky.
-Mas...
-Amanda, eu não quero mais nada com você. Já tive o que eu queria, acabou. - fui o mais direto possível.
-Isso não se faz, você vai me querer de novo e eu vou negar.
-Tanto faz. Agora saia da minha sala. - fui em direção a janela e fiquei observando a vista. Ouvi a porta ser aberta, era insistente mesmo.
-Eu já não falei pra ir embora, Amanda?
-Ela já foi embora! - olhei pra trás surpreso. Até a voz da Alice me acalmava.
-Alice!- falei com a voz ofegante. Fui na sua direção e dei um beijo feroz nela e senti que ela quase se entregou mas de repente me empurrou depois de alguns segundos.
-Para!- falou e as lágrimas escorreram. Tratou de limpar rápido. - Você acha que eu sou mais um brinquedinho seu?
-Não, eu...
-Chega, Bruno. Você não vai me usar quando quiser e depois jogar fora igual faz com as outras. - ver ela chorando me fez mal.
-Eu nunca usei você.
-Não? Tem certeza? Transamos a noite toda e quando eu acordei de manhã, eu estava sozinha. Você deixou um bilhete me mandando ir embora pra casa. Isso não é usar, Bruno? - aquilo foi como um tapa na cara.
-Eu tive medo, tá bom?
-E você acha que eu não tive?
-É diferente pra você, você não entenderia o meu lado.
-Tenta me explicar. - falou e ficou em silêncio esperando uma resposta minha. - Por que você me odeia tanto?
-Eu não te odeio. - falei.
-Você odeia as lembranças que eu te trago. Que lembranças são essas?
-Eu não posso falar. - abaixei a cabeça, ela respirou fundo.
-Quer saber, foda-se você e as suas lembranças. Não tente me beijar mais, ok? E nem me toque mais. - ela saiu da minha sala e eu me joguei na cadeira. Levantei algum tempo depois e fui para um bar beber.

[...]

Nem sei como consegui chegar em casa. Só sei que acordei com uma dor de cabeça.
Levantei, tomei um remédio, um banho e deitei de novo.
Eu preciso pedir desculpas pra Alice, ela deve estar na empresa. Posso mandar umas flores pra ela. Boa ideia! Liguei pra uma floricultura.
-Floricultura, bom dia.
-Bom dia. Queria fazer uma encomenda.
-Sim, Sr. Qual flor?

-Qualquer uma e de qualquer cor.
-Uhum. Vai mandar algum cartão?
-Sim.
-O que eu boto no cartão?
-Alice, me desculpe por tudo? Nunca foi minha intenção te magoar!
-Mais alguma coisa, Sr.?
-

Não sei. - suspirei.
-Entendo.
-Pode botar só o meu nome: Bruno Mendes.
-Sim, Sr.
-Vou te passar o número da minha conta e o endereço que vai entregar. - falei e depois de ter passado tudo, eu desliguei e fui me arrumar pra ir pra empresa. Antes de ir pra empresa, eu passei em um restaurante e almocei.

[...]

Passei por sua mesa e estava vazia. As flores estavam alí. Dei uma olhada pra ver se via o cartão, mas não tinha nada. Já deve ter guardado.
Fui pra minha sala e fiquei perdido em papéis e projetos.

Aprendendo A RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora