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                                                                                         Capítulo Cinco

                                                                                                De elite

Stefan e eu conversamos sobre algo bastante delicado ontem à noite. Sobre seu pai o dizer que em breve ele terá que me pedir em casamento, e não estou decidida o suficiente para saber se minha resposta será um sim concreto. E de fato, não será um sim verdadeiro do qual eu estou tirando de meu peito. Pelo contrário, estou me forçando a dizer algo que nunca iria dizer para a pessoa que pretende me dar um anel de noivado. De certo modo isso me preocupou mais do que qualquer coisa.

Às vezes penso em desistir, simplesmente desistir. Fugir sozinha para um lugar bem distante de amores não correspondidos; pessoas me olhando com olhares de inveja e ira. Não fui feita para passar por esse tipo de situação, eu quero ser livre para poder bater minhas asas com convicção; com a certeza de que um dia eu alcance as nuvens sem que as lágrimas façam peso às minhas costas.

Estava vestida para ficar no meu quarto com um vestido que geralmente uso para dormir, por mais que seja raro, usei apenas para ficar confortável. Aos meus olhos, eu estava em um dia normal, com as emoções instáveis. Porém, por dentro eu estava completamente destruída pela conversa que eu e Stefan tivemos ontem.

Casar era algo que para mim parecia distante, algo além do meu alcance, praticamente inatingível por meus pensamentos. O céu é o limite, mas no momento meu limite seria Damon e seus lábios nos meus outra vez. É estranho ainda pensar em amor quando no momento estou travando uma batalha com o próprio.

Meu objetivo não era ficar para sempre aqui, mofando neste quarto que na verdade nem é meu. Meu querer era sair daqui e viver minha vida com o amor ou sem ele. Sinceramente, Stefan me ensinou algo que levarei para o resto de minha existência em terra: O amor é algo passageiro, você querendo ou não, ele passa. Lágrimas vão cair, alegria vai se esvair. Mas a dor passa com o tempo.

Criei coragem de procurar algo para vestir. A janela permitia que a luz do sol invadisse meu quarto, esquentando as colchas que envolviam minha cama que ficava praticamente colada ao lado da parede. Conseguia ver as poeiras saltando quando batia ou sentava em cima de meu colchão. As poeiras flutuavam para fora da imensa janela. Elas poderiam ser livres... Eu não.

Quando minha visão foi até a janela, avistei a égua de Damon sozinha amarrada em uma árvore. Talvez se eu pedisse com carinho, Damon me deixasse cavalgar em sua égua que tanto adorava e possuía afeto. Damon adorava animais, mas nunca pôde ter um cachorro ou gato por conta de suas alergias.

Um passarinho azul pousou na janela, era lindo. Completamente azul, e um pouco mais claro em seu peito. Ele veio e voou até meu ombro, minha reação seria me assustar e tirar o passarinho de meu ombro o mais rápido possível. Mas sua aparência era tão agradável que decidi deixa-lo ali, pois não me incomodava de modo algum. Coloquei meu dedo indicador próximo de meu ombro permitindo com que suas unhas agarrassem meu dedo. Deixei-o voar, para que não compartilhasse o mesmo ar de infelicidade que respiro ao estar nesta casa. Pensar que ver Damon seria o ponto do qual eu iria me animar, estava enganada.

Damon possui mais responsabilidade do que as próprias criadas aqui. Sem falar na minha melhor amiga de cabelos cacheados que nem pretendo mencionar, pois é bem capaz de minha mente ser dominada por ela também. Aliás, tudo aqui é dominado por ela. O senhor Salvatore literalmente pode beijar os pés dela se pedir, suas vontades são atendidas com um instalar de dedos. Isso é deprimente.

EsplendorOnde histórias criam vida. Descubra agora