XVI

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                                                                                 Capítulo Dezesseis

                                                                                    Feita de Vidro.

Meus sapatos ecoavam o corredor iluminado por inteiro, todos os quadros assustadores das antigas gerações Salvatore já eram comuns por meus olhos, entretanto, ainda me sinto seguida pelos olhos horripilantes dos quadros da família bem sucedida, no caso, deveremos chamar de "A família". Um quadro de Giuseppe Salvatore não ficaria ruim na parede horripilante, aliás, seu modo misterioso e sereno de algum modo de encaixa bem em uma moldura simples, mas não muito humilde. Não digo humilde por seus modos despojados serem tão refinados quanto um diamante lapidado, digo por sua casa ser feita de sua riqueza; sua fortuna é imensa, grande o bastante para não se confiar em um banco qualquer ou um banco clandestino da cidade pequena em meio a toda Inglaterra. Porém, com tantas pessoas de famílias ricas hospedadas em sua época até a época de inverno o torna mais suscetível a furtos. Quando me refiro a furtos, na maioria das vezes me refiro a maldita mulher invejosa e rancorosa da qual me fez a abordagem na noite passada. Se seus olhos estavam guardados e interessados na fortuna do Coronel Frank, imagine se soubesse um jeito de entrar no cofre Salvatore.

Ou só talvez a maldita vadia não seja tola o bastante para invadir um cofre vigiado vinte e quatro horas por dia, mas caso acontecesse, Damon e Stefan ficariam tão zangados quanto Giuseppe, afinal, toda a maldita herança de ambos estão lá, a espera de um casamento sem amor, ou talvez preenchido por sede de dinheiro, ou no meu caso, um tanto confuso de se entender apenas ouvindo de ouvido em ouvido. Fofocas costumam a se espalhar rápido aqui, inclusive as fofocas de que a noiva do irmão caçula está se relacionando com o par de olhos azuis mentirosos, porém sedutores. Ouvir minha história contada de outra boca não é uma boa ideia, automaticamente me julgariam de louca ou inconsciente de meus atos; e esse é o problema dos lábios mentirosos, nunca dizem totalmente a verdade, a menos que leiam sua própria mentira e pensem novamente em conta-la.

Enquanto minhas mãos dadas estavam à altura de minha barriga, senti um forte puxão em meu braço esquerdo, o toque era familiar, muito familiar. Embora eu adorasse o toque de suas mãos grossas, porém delicadas, sua presença agora é um problema grave, um problema no qual devo conviver. Saber de todas as sensações ao meu redor era perturbador, lembrar de cada toque assustava meu psicológico, infelizmente tenho todas as lembranças boas e ruim guardadas no buraco negro que é minha mente.

Virei-me e deparei-me com o Salvatore de olhos castanhos. O que sempre usava uma simpática gravata borboleta e uma bermuda para passear por sua mansão nenhum pouco apertada. Mesmo estando pensando em outro "algo", e indo ao encontro do confronto entre minhas perguntas e a não necessidade de dar minhas respostas, não pude deixar de dar o mesmo sorriso fechado que o fazia sorrir reciprocamente.

— O que faz aqui pela tarde? Sempre a vejo lendo, ou escrevendo, mas nunca procurando algo além dos corredores.

— Pensei em dar uma olhada nos cavalos, se me permite visitar Safrina é claro... — baixei o tom de voz um tanto intimidada.

— Teria motivos para não deixa-la ver? — A voz rouca de Stefan ecoou em minha mente, seu olhar penetrou-se em meus neurônios, impedindo qualquer pensamento clandestino.

— Desde o último acidente com cavalos eu prefiro manter o máximo de distância possível deles, mas hoje eu não consegui me segurar em não vê-los. — Menti descaradamente, e logo depois foi seguido de um arrependimento.

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