VIII

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                                                                                       Capítulo Oito

                                                                                            Máscaras

Estava sentada em um banco próximo a entrada na mansão apenas vendo sol se por sem ninguém ao meu lado pondo regras em meu comportamento. A grama obtinha o cheiro das flores que estavam espalhadas pelo jardim à frente. Todas elas cheiravam como nenhuma outra; parecia um arco-íris de possibilidades.

Apertei o vestido por uma flor azul me lembrar do maldito cafajeste que magoou meu coração tantas vezes que já perdi a conta de como fiz para juntar caco por caco até que ele se reconstitua novamente. Meu vestido verde combinava com a tarde calma e tranquila que eu estava presenciando neste momento. Algo de valioso como um diamante poderá estar em meus dedos a qualquer momento, um anel. Estou apavorada, se Stefan resolver me pedir em casamento hoje à noite não sei qual irá ser minha resposta.

Mesmo estando extremamente magoada. Os sentimentos que tinha por Damon ainda não foram embora, e isso fazia meu coração doer de tanta angustia. Queria arrancar meus cabelos por não saber como eu pude agir estupidamente por três meses. Três meses foram momentos que fiquei infeliz, infeliz por não ter algo que me pertencia, que agora não faz mais parte de mim, nunca mais.

O senhor Salvatore manipulava seus filhos de uma forma intrigante. Sua voz de persuasão colocava moral em qualquer um que visite esta maldita residência.

As nuvens pareciam tristes, nenhuma obtinha formato de algo ou de alguém. Desisti junto a meu olhar e os dirigi pelo campo vazio e sem esperança de alguém concretizar algo divertido sem me deixar sórdida.

A árvore atrás de mim tapava a luz do sol e a vista até o jardim onde era usado geralmente para passeios a cavalo.

Cavalgar era o único habito que poderia me deixar com um sorriso neste momento de tensão que estou vivenciando. Nervosa por um simples anel que Stefan poderá ou não colocar em meu dedo. Ainda não sei minha resposta, tenho certeza do olhar de todos irão seguir até meus lábios e esperar a resposta da qual seus ouvidos querem ouvir.

Não sei como todos conseguem ficar tranquilos quanto ao assassinato de Steven, ou as ameaças que mandam por bilhete em escrito até meu quarto. Não só minha vida pessoal estava em risco, mas como a vida de todos ao meu rodar de olhos.

Menti para Stefan dizendo que a segurança dos guardas me reconfortava, não havia nenhum tipo de verdade em minha voz.

Observei Stefan e Damon jogarem futebol na grama molhada. Suas bermudas eram marrons, um de terno azul e o outro com um tom marrom no terno. Eles pareciam sorrir muito, fiquei feliz por Stefan não absorver minha raiva por Damon. Ver o sorriso dos dois juntos alegrava meu coração de certo modo.

Os olhos de Stefan se encontraram com os meus por um instante. Senti meu coração pular. Esta sensação estranha de medo junto à alegria era algo completamente estranho. Mas de algo eu poderia ter certeza, seus olhos paralisavam meus pensamentos de uma forma incrível.

Damon olhou para mim de forma sedutora. Franzi o cenho e desviei o olhar para não ter a necessidade de olhar em seus olhos azuis novamente; deixavam-me tensa o bastante para gritar seu nome. Seja o motivo raiva, ódio, ou amor.

Ouvi barulho de gravetos quebrando e observei Miranda vindo em minha direção. Seu vestido era vermelho vinho acompanhado de laços pretos decorados até sua bainha. Usava um chapéu vermelho com uma pena para o lado direito, seus cabelos estavam amarrados em um belo penteado acompanhado de uma trança.

Miranda se sentou ao meu lado ajeitando seu vestido canalizando o olhar nos irmãos Salvatore.

– As flores estão agitadas esta tarde, parecem bem animadas para hoje à noite.

– Stefan e Damon Salvatore não são flores, são espinhos. – Menti descaradamente sem me importar.

– "Até a mais bonita das flores tem espinhos...

– E você as colhe sem se importar com seus dedos". Eu sei, papai e você falavam isso todas as noites até eu dormir.

Miranda limpou seu vestido olhando para o céu que julgava meus pensamentos junto ao dela.

– Não veio aqui para falar sobre flores, não é? – Perguntei lançando um olhar sincero até seus olhos.

– Claro que vim. Vim falar sobre uma muito especial, que de acordo com você possui espinhos, muitos deles. – Miranda tocou em minhas duas mãos. – Essa flor lhe pedirá em casamento em três semanas, e você tem de aceitar, Elena.

– Você nunca pensou em como eu me sinto perante a essa aliança com os Salvatore, mamãe? Já perguntou se sinto algo por Stefan? – Perguntei com calma, porém aflita.

– Sentimentos podem vir com o tempo, minha querida. Você verá. Viverão um conto de fadas juntos. – Minha mãe realmente estava disposta a fazer tudo para que Stefan coloque aquela maldita aliança em meu dedo.

– Parei de acreditar em contos de fadas quando meu pai morreu, quando descobri que nenhuma fada o traria de volta; ou alguma madrasta iria me contratar para faxinar, e uma fada me transformar em princesa; ou morder uma maçã para adormecer e acordar com um beijo. Você não vê que tudo isto não passam de ilusões? Não existe amor, Miranda. – Disse infeliz por dizer aquilo.

Três semanas seria meu limite para viver minha vida o quanto posso. Pois em três semanas eu estarei casada com um homem da qual eu não tenho nenhuma possibilidade de amar. O que eu já amei está fora de cogitação. Confesso que meu coração destruído ainda possui sentimentos por ele, mas não como antes.

– Contos de fadas não são o ponto principal, Elena. O amor existe, eu o achei uma vez, e deixei escapa-lo por culpa do tempo. – Miranda ficou triste ao lembrar-se de meu pai.

O comportamento dócil de Miranda estava me deixando intrigada o suficiente para ficar irritada.

– Francamente, seu humor adorável está me deixando desconfortável. Seu sorriso serve para me manipular ou é uma tentativa patética de me convencer?

– Tentei ser gentil e amistosa com você, filha ingrata. Você me agradece desta forma tentando conseguir tempo para se adaptar a seu noivo, e é assim que me agradece?

– Eu agradeceria se me tirasse deste maldito inferno que vou chamar de lar! Isso é o que uma mãe de verdade faria, Miranda. Não forçar algo que não estou disposta a fazer!

No fundo eu senti que magoei os sentimentos de minha mãe gravemente. Miranda não era o tipo de pessoa que se abalava com simples ofensas, então não me preocupei.

– Não importa o quanto peça, ou o quanto queira. Stefan Salvatore será seu marido dentre três semanas! Caso contrário, perderemos muito dinheiro por caprichos seus, sua Inútil.

Miranda levantou-se e foi até a entrada da mansão. A raiva em seu rosto era extinta, pois minha mãe sabia esconder emoções melhor do que ninguém jamais conseguiu. Stefan e Damon estavam olhando para mim enquanto eu disfarçava o olhar para o jardim logo atrás das árvores.

Stefan pediu um tempo a Damon com a mão e veio até mim com passos leves, mas não tão divagares. Sua bermuda permitia-me ver suas pernas, seu terno era adorável, e sua gravata borboleta um tanto infantil.

– As coisas não vão bem com Miranda?

– Nunca foram bem. – Reclamei. – A mente dela gira em torno do nosso casamento. Não sei se vou aguentar mais uma ameaça dela relacionado a isso. – Disse preocupada ao ponto de deixar Stefan com o mesmo.

– Não adianta arrancarmos os cabelos agora. – Ele se levantou e puxou minha mão. – Vem. Preciso de ajuda com as máscaras.

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