XXXVII

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                                                                    Capítulo Trinta e sete

                                                                           Das cinzas ao ouro

Tudo estava indo as cinzas quando chegamos ao terreno dos Salvatore, as lembranças guardas com mal cuidado foram transformadas em fumaça, cinzas mal distribuídas por um terreno no qual marcará histórias, inclusive as vidas queimadas em um incêndio causado pelo ódio de minha adversária. Os gritos ecoavam em minha mente destinada a sofrer, aumentando a frequência cada vez mais quando constatavam a presença de cada um dos criados mortos, os nobres de diversas famílias deixadas no incêndio. Uma lágrima escorreu por meus olhos ao abraçar Caroline, a pobre garota de cachos dourados perdera o pai da pior forma possível: Sacrificando sua própria vida para dar continuidade a da filha e a amada esposa. A garganta da loura pudera sangrar de tanto gritar e forçar a voz de anjo, que agora, estava submersa por suas lágrimas transformadas pelas cinzas fatais. Estávamos desolados, perdemos tudo de valor naquela mansão, inclusive as queridas vidas. Infelizmente, as vidas não podem ser compradas como irei fazer com minhas roupas; não podem ser ressarcidas por qualquer seguro de propriedade. Eram vidas, as quais permaneceram nas chamas eternas de seus pecados.

Caroline chorava demasiadamente; os soluços eram seguidos por inúmeras tosses pela fumaça. A situação da jovem loura era deplorável, uma garota tão especial estando com sentimentos horríveis dentro do peito, a pior sensação do mundo a se sentir neste momento: A perda. Eu a entendia muito bem, sabia como era perder um pai da noite para o dia cheio de boatos, eu pude sentir nas veias o quão forte a dor pode se tornar e, claro, se você a sentir arder na pele, não terá mais dor correspondente à altura. A dor, de perder um ente, é como se inúmera facas atravessassem seu peito, perfurando e perfurando sem parar, até sua vitalidade esvaziar pelo carmesim do tecido, o mesmo tecido forte e impactante da noite. Caroline gostaria de se entregar as chamas, encontrar seu pai em meio ao caos violento do calor intenso, entretanto, sua mãe — Elizabeth. — a segurava com todas as forças, honrando o marido dominado pelo caos.

— Caroline... Acalme-se... — Elizabeth estava prestes a morrer de soluços.

NÃO! Eu não posso! EU NÃO VOU DESCANSAR ATÉ ME JUNTAR A ELE, NÃO POSSO DESISTIR.

Virei seu rosto para mim. Os olhos azuis estavam profundos, possuindo um azul tão cintilante quantos as próprias estrelas da noite. As lágrimas forçaram os olhos a permanecerem como estavam, azuis, ricos em falsas esperanças massacradas pela Amante. Eu nunca iria perdoa-la por isto, nunca irei esquecer todas as escuridões atraídas por seu vestido. Nunca.

Caroline! Seu pai sacrificou a própria vida para você se manter viva! — sorria enquanto chorava, chorava de alegria pelo gesto nobre de seu pai. — Vai descartar a vida de seu pai como um mero lixo?! Mantenha-se viva! Não ouse fugir para as chamas, ouviu bem?

— Elena... — disse Caroline não resistindo a um abraço. — Me desculpe por tudo, tudo o que fiz a você. Fui uma pessoa fria, cruel por razões infantis, sem nexo algum. Você é uma pessoa extraordinária, como não pude ver isso com tanta... Facilidade?! — perguntou Caroline com as lágrimas à amostra.

Fiz o abraço se tornar mais materno, apertando-a com bastante força.

— Não se desculpe. Mary fez coisas piores conosco...

— Ela terá o que merece, Elena... — Não pude ver seus olhos. Entretanto, senti a ira invadi-los, perfurando cada ponto de bondade em Caroline. — Eu mesma farei questão de dar a ela o que merece...

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