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                                                                            Capítulo Trinta

                                                                         A serpente e a Fênix

A realidade é uma mentira. Poucos sobrevivem ao seu ritmo extremamente rápido e voraz. Eu não consegui suportar o peso do céu, foi muito pesado para meus ombros conseguirem aguentar tamanha pressão. Fui ao meu extremo com a revelação dos diários. Não queria comer, andar, conversar. Caroline prometeu ser minha âncora, e graças aos céus, a cachinhos dourados estava cumprindo seu tratado de paz eminente. Bethany não me olha mais nos olhos, sempre em dúvida se estava falando com a Elena certa, ou a Amante de Shakespeare. Minhas lágrimas desciam sem expressões faciais de acompanhamento, a dor interna não deveria se tornar visível, tinha de ser exterminada para não sofrer olhares julgadores. Minha intenção sempre foi descobrir quem tinha me causado tanta dor e sofrimento, e quando descubro, caio ao choro semelhante a uma criança mimada. Sou diferente, sou forte, mas quando meu coração é perfurado... Não existe uma Elena Gilbert, existe um alguém desconhecido, desesperado por um ombro acolhedor.

Passamos duas semanas nesta cabana infernal. Não queremos mais encarar o destino como víamos duas semanas atrás. Essas duas semanas foram uma completa tortura, tudo ao meu redor desmoronava com, peça por peça desfragmentando-se aos poucos que tinham. Aprendi a suportar o fardo, eu era a Amante de Shakespeare, não irei mais tolerar que me enganem como antes. Eu fui uma marionete posta em meio às bonecas de cera sofisticadas, com vestidos triunfantes. Quanto a mim... Era um simples fantoche com cabelos de pano e olhos de botão. Caroline me ajudara o tempo todo suprindo todas as minhas responsabilidades, colhendo frutos para meu alimentar. Uma amiga que jamais pensei ter ao meu lado estava disposta a tudo para ver-me com um sorriso outra vez. Porém, nunca mais tive a sensação fácil e excitante de sorrir desde a partida de Stefan. Naquele dia, meu coração foi quebrado de diferentes maneiras peculiares, das quais pretendo deixar à custa dos guardiões do silêncio.

Eu sou fogo, o mesmo causador de várias queimadas das florestas cheias de verdes, passadas a puras cinzas depois de minha chegada. Por isso não posso misturar com as demais árvores, elas se assustam e fogem de mim com o tempo, sem me deixar perceber o ocorrido. E as que tentam conviver ao meu lado, se queimam com o fogo intenso, o amarelo mesclado com o vermelho sangue, resultantes em uma energia ardente. Um exemplo verdadeiro de minha destruição é Stefan Salvatore, o pinheiro incendiado pelo fogo residente em mim.

Logo ali perto havia um campo de rosas, vermelhas como a cor de um vestido em minha mente. Um leve flash de uma moça caindo de um lugar alto veio à cabeça de repente. São apenas visões, não há nada a se preocupar quando a situação pior e vivenciada, suponho ser pior do que qualquer queda fatal. A morte deveria ser um presente para a dor moradora entre as peças do tabuleiro. Algumas peças foram, capturadas e condenadas ao exílio eterno, outras, ainda estavam presentes no tabuleiro de ferro, prontas para a batalha final dos cavalos de lados opostos, um branco e um negro.

Caroline se encontrava ao meu lado, presenciando o alvorecer do sol perante as rosas. Margaridas inocentes não faziam ideia do poder angelical obtido em suas raízes, eram capazes de ocasionar inúmeros sorrisos despreocupados, quanto a mim, nenhum tipo de sorriso estava em meu rosto repleto de mágoas horríveis.

— Sinto falta de ver essa cena do meu quarto. Não da mansão Salvatore, mas, da minha própria casa. — Caroline arrancou uma margarida.

— Antes de tudo era tão divertido se preocupar apenas em ser boa nos estudos, se preparar para um futuro onde o dinheiro não faz tanta falta. — Deixei os cachos definidos caírem por meus ombros.

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