XXVIII

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                                                                  Capítulo Vinte e Oito

                                                                              Le Revéil

Paramos em uma cabana onde parecia estar vazia. O arranhão em meu rosto expelia o sangue preocupado de ontem à noite. Corríamos há horas sem achar abrigo, apenas para correr sem rumo floresta adentro. Bethany e Caroline amarraram as cordas dos cavalos mais exaustos do que qualquer um aqui. Nossa cede estava incurável, e um simples "mais tarde bebemos água" não nos saciava, meu organismo necessitava de água, meus desejos não eram mais utilizados pelos termos: Querer. Os termos necessários para isso seriam: Precisar, e ter. Meus ossos poderiam virar pó a qualquer momento se eu não comesse ou bebesse algo, estava completamente faminta, com uma cede insaciável por água e respostas para as perguntas mal respondidas. O subir da lua incandescente marejava meus olhos ao único universo existe: O nosso. Talvez se eu pudesse me iludir, pensando em como seriam as coisas sem R.J manipulando a Amante, talvez minha vida fosse menos complicada do que é hoje. Não, com certeza seria menos complicada, pois minha única preocupação seria me casar com Stefan e apagar Damon de minha existência, embora isto seja completamente impossível. A cabana tinha traços de luta e um mau cheiro concentrado em alguns determinados lugares, com o foco nas partes dos quartos com velas ainda acesas. Ignorei observação focando em Stefan, formando ideias e lógicas com seus olhos verdes viajados nos infinitos das nuvens negras. No início, eu e Stefan éramos apenas um conto de fadas impossível de acontecer, mas, o conto de fadas saiu dos livros infantis, e acabou virando realidade em nossa real história de suspense e amor. Provavelmente, ainda não achamos um vilão para dar um ponto final em todo o conto da garota dos Salvatore: Elena Gilbert, mais conhecida como "eu". Todavia, minha história tem de acabar com um final feliz, o único de todos que não me encontrarei com um príncipe encantado, despertando-me com um beijo, mas sim com um aristocrata de olhos hipnotizantes.

Os sentimentos precisam ser sentidos, todos eles, sem exceção. Entre eles: A dor, a angustia, o pecado, e até a raiva, para liberarmos os arranhões ruins do destino invejoso. Não o culpo por tentar criar linhas entre os passados, os futuros, e o próprio presente. Porém, nesses cruzar de linhas, há sempre uma linha desposta a morrer com um caminho mal feito. A linha não planejada para seguir em frente, impossibilitada de ver a luz do luar brilhar outra vez em seu tecido vermelho carmesim. Não, não estou ficando louca, estou completamente estável, tendo foco em minha própria sobrevivência em um lugar repleto de folhas com histórias dispostas a serem ouvidas. Não me importei em ficar sentada em meio elas, observando qualquer coisa que não tenha relação com as decepções frequentes da noite energúmena. Os três acompanhantes da noite brilhante estavam sentados em alguma árvore, esperando um deles se manifestar para tomarmos alguma iniciativa ridícula.

— A casa está abandonada? — Caroline se arriscou a perguntar.

Stefan se endireitou no carvalho.

— A porta está trancada, não conseguiria arrombar nem com todas as minhas forças. — Stefan via-se incapaz de fazer qualquer coisa, não era capaz de nada sem força bruta.

— Temos que entrar. — Levantei-me mesmo com as pernas incapazes e frágeis. — Temos que arrumar abrigo. Não sabemos como voltar para a cidade.

Caroline se virou para mim pensando seriamente se minha preocupação fosse voltar para a cidade.

— Não podemos voltar, Elena. Minha ficha na polícia está completamente imunda por sequestro e cárcere privado de um Dilaurentis. Se fosse um morador de rua qualquer, poderiam relevar, mas os Dilaurentis são uma família urbana.

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