Capítulo Dezessete
As últimas flores
Um véu estava sobre meu rosto, os olhos castanhos olhavam para o nada enquanto as mãos levavam o caixão repleto de rosas brancas em volta de sua textura e formação. Minhas mãos sôfregas e sofridas carregavam o caixão junto aos três Salvatore da mansão. O céu estava escuro, nenhum raio de sol ousou atravessar as nuvens respeitosas pelo momento mais glamoroso que minha mãe poderia ter nesta mansão. Meus cachos caíam sobre meus ombros, evitando o poder das lágrimas ao lembrar o herdar de toda sua beleza, toda sua transparência e sinceridade. Ter toda aquela atenção foi o que ela sempre quis. Estar repleta de flores ao seu redor ao som de um violino agradável sobre a neblina do pior dia de sua vida talvez, ou pelo menos o que pôde se restar dela. A cova já estava cavada, nela eu guardaria os meus rancores e enterraria junto dela, pois nada abalaria mais minha mente do que manter todo o rancor sentido por fazer de minha vida mais difícil do que poderia ser vista por olhos alheios. Meu vestido negro em honra a sua morte estava ao chão, acolhendo toda a grama verde da qual tem companhia todas as lembranças tidas por todos os ancestrais das pessoas aqui presentes, até dos mais antigos de séculos atrás.
Deixei o caixão ao chão. Peguei uma rosa vermelha, a com mais espinhos do jardim e a contive em minha mão. Não a apertei para não ter a mínima sensação de dor possível, mas merecer tão chance de me machucar depois de ontem a noite era o mínimo a se fazer por minha mãe. Olhei fixamente para o enorme caixão, onde abrigava o corpo receptor de meu coração, o corpo merecedor de minha vida desde muito tempo. A dor sentida por mim naquela noite ainda estava presente em todos os possíveis lugares de meu corpo, só que em lágrimas estavam sendo expressos; todos eles. Meus olhos deveriam estar um pouco inchados por forçar tanto a total paralisia das águas infinitas, pareciam não ter fim algum.
Fui até a lápide com seu nome e retomei a postura. Tirei os olhos da grama verde e os voltei para a multidão negra, todos me olhavam com pena, tristeza e talvez um pouco de sentimentos acolhedores. Minha mente pôde ler os malditos comentários em suas mentes, como: "Agora ela é órfã, deve ser horrível estar sozinha". Sim, é horrível estar sozinha em um mundo tão cruel onde se localiza meus passos. Mesmo rodeada de pessoas monstruosas e algumas pacíficas, ainda me sinto sozinha por dentro, pois meu sangue se foi para sempre, a única geração dos Gilbert futuramente cabe a mim. Devolver o sangue dos Gilbert é minha tarefa a partir de agora, senão sempre foi.
— A dor sentida por cada amigo próximo a Miranda Gilbert não é nenhum pouco comparado à dor da própria filha, o sangue do sangue. A rosa vermelha em minhas mãos retrata o tão forte era sua personalidade, transparecendo uma pessoa rancorosa por fora, porém, amável por dentro. Vocês podem ter conhecido um pouco de Miranda Gilbert, mas eu a conheci por inteira. Cada palavra saia com uma tonalidade diferente enquanto criticava sua filha com razão, por dentro, eu sabia que eram sinceros elogios. Uma pessoa difícil de lidar a resumia por inteiro, seus cabelos cacheados eram um redemoinho de narcisismo, sua pele pálida como a neve era algo invejável por muitos as que olhavam. Vermelho poderia ser sua cor por vários motivos, pela raiva, pelo poder de sua persuasão, ou pela tonalidade forte localizada em apenas uma simples pétala de uma rosa. Uma flor não a resumia bem, mas... É o que temos para hoje.
Joguei a rosa vermelha no caixão agora descendo em meio à escuridão total de baixo da terra. Onde poucos poderiam visita-la, apenas os que já não estão mais entre as falas, entre os olhares, entre os toques, entre as melodias.

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Esplendor
FanfictionElena Gilbert é uma integrante da família mais bem sucedida de Mystic Falls, localizada na Inglaterra. Uma garota que se julga uma garota sem sorte, pois tem um romance secreto com um membro da família Salvatore. Seu nome, é Damon. Eles se comunicam...