Esplendor

XIV

Segui imediatamente para a ala hospitalar onde se encontrava Damon. O tiro do qual havia levado ainda me preocupava de certa forma, não posso negar pelo meu coração se ainda sinto algo por ele ou não, mas de uma coisa eu tenho absoluta certeza, nada era como antes. Todos os pensamentos amorosos e bobos que eu tinha sumiram em um piscar de olhos inacreditavelmente. Infelizmente aqueles olhos azuis ainda assombravam minha mente emitindo um limite em minhas barreiras,impedindo meu ir e vir completamente. Pensei duas vezes em passar por aquelas portas onde eu encontraria um rapaz de cabelos negros sentado em uma cama esperando por sua alta; eu devia isso a ele, por todas as vezes em que me sentia triste por perder alguém de minha família,embora me consolar nunca fora seu ponto mais forte. Minhas luvas estavam indecisas ao virar a maçaneta, deparar-me com alguém responsável por minhas lágrimas soa aterrorizante, e também assustador. Mas para que servem os medos se não podemos supera-los?O medo deve ser superado de todas as formas possíveis, uma delas seria encarar a imensidão azul novamente.

Infelizmente a enfermeira já me fez o favor de abrir a porta, dando um leve susto na pobre mulher. Rir agora seria a última coisa da qual eu faria. Ignorei o fato de a porta ficar a minha espera; uma brecha da porta dava acesso total a visão do quarto onde Damon se encontra. Ele estava sentado escrevendo uma carta para alguém, com certeza seria para mim. Sinto sentimentos sinceros e algumas verdades mal ditas vindas de uma carta tão simples como a dele. Imagino o quanto sua caligrafia possa ter piorado com o tiro no ombro, me pergunto se escrever seria aconselhado nesse caso. Dei um sorriso ao ver querendo se desculpar pelo nosso antigo método de conversação, era adorável de certo modo. A chuva lá fora permitia que o anel entre meus dedos brilhasse mais intensamente, sem aviso prévio de pausa.

Abria porta e vi seus olhos azuis se assustarem com minha entrada. Pude sentir meu corpo inteiro estremecer. Soltei um leve sorriso tentando esconder o anel para termos uma conversa civilizada ao invés de discussões sobre nosso possível futuro arruinado. E pensar que realmente eu achava que ainda teríamos um futuro.

- Parece bem. - Murmurei.

- Depois de várias compressas com gelo e uma pequena cirurgia para retirar abala, todos ficariam bem, eu acho. - Damon guardou seu papel misterioso em seu bolso.

- Fiquei preocupada com você, tentei levar um tiro por você, mas acabei dificultando tudo, aliás, minha pose de heroína não foi útil para nada. - Disse um tanto triste sentando ao seu lado.

- Pelo menos eu tive a certeza de que você coloca a minha vida na frente da sua. Isso me fez ficar feliz - Damon lançou um sorriso.

- Isso não é verdade! - Franzi as sobrancelhas. - Só pensei em pagar o que eu devia.

- E o que exatamente você devia a mim? - Damon virou-se para mim parecendo focado nas palavras que iriam sair de minha boca.

- Você deu um proposito para mim, quando nada mais importava, era somente você em quem eu pensava. - Levantei-me da cama onde Damon passou praticamente o dia todo deitado. - Mas agora isso não importa,tive a chance de mudar tudo. O tempo que passei aqui me fez pensar no que era realmente importante para mim.

O sorriso de Damon desmanchou-se de uma forma impressionante, o medo habitava seus olhos como nunca havia antes. Medo e Damon não combinam muito bem, pois Damon é uma pessoa confiante demais para ter medo de algo, ou alguém. Mas havia algo aterrorizante para Damon, minha resposta a Stefan sobre o casamento que com certeza será realizado daqui a quatro semanas. As decorações já estão sendo arrumadas, a música preparada e as escolhas dos padrinhos serão feitas logo, logo. Não sei se me casar fosse algo tão ruim afinal,aparenta ser ruim porque irá comprometer todo o futuro do qual eu enxergava, agora, ele parece menor, mais distante, mais difícil de ser alcançado por mim, e agora, tenho uma companha para alcança-lo comigo: Stefan.