XXXIII

670 31 27
                                    


                                                                              Capítulo Trinta e três

                                                                                           Afoga-me

Meus olhos abriram-se, vendo o embaçado como primeira visão de um lugar não muito claro. Estava escuro, obviamente, com apenas a luz da lua no topo de onde eu parecia estar. As árvores falavam, sentia suas folhas tendo algum tipo de ligação com a noite, mesmo sendo apenas uma mera imaginação fértil ligando elementos sem sentido, sinto-me mais segura exercendo tal ato para mim, a própria. As paredes eram rochosas, sentia como se meu corpo estivesse sendo pressionado contra pedras pontudas. As mesmas estavam prontas para perfurar todo o restante de minha humanidade falha, a mesma responsável por trazer a Amante até minha mente. Senti-me aprisionada em um lugar obscuro, fora o meu coração, um lugar mais gélido, onde ninguém deveria ficar depois do badalar do relógio profeta. Minha respiração estava ofegante, porém um pouco fraca para o frio predominante no lugar mais parecido com um poço. Minhas mãos encontraram-se acorrentadas, presas na parede rochosa; como um pássaro é preso em uma gaiola. Desesperei-me por um momento, não conseguia me soltar de forma alguma. Minhas únicas alternativas seriam esperar minha visão estabilizar, ignorar os demônios sombrios dentro de minha mente avulsa.

Os cachos tiveram a queda de meu rosto, passando para meus ombros magros, dando ao olho esquerdo uma visão liberal. Quando o vi, meu ar simplesmente ficou inexistente. Stefan Salvatore, a vítima do pecado de uma sem consciência. O mesmo estaria adormecido, preso ao sono como um escravo, o servente das pálpebras pesadas de seu rosto. A lua iluminava-nos, tendo em vista a única luz capaz de nos guiar em uma noite repleta de sombras. Gotas de água produziam um barulho, logo, um eco agradável seria produzido, eliminando qualquer fonte de mal-estar. Mais uma vez tentei lutar contra as correntes despostas a deixar-me aqui, aprisionada com o ser possuidor de ódio por Elena Gilbert, a herdeira do caos e da coragem inútil. Stefan também possuía algemas em seus punhos grossos, machucados pelo aço contido na algema feita por correntes.

As únicas lembranças que me recordo de ontem à noite foi Stefan rejeitando meu olhar ao seu. Logo depois, adormeci afogando minhas lágrimas em um travesseiro branco qualquer. Olha-lo dormindo é algo torturante, algo em mim queimava quando o olhava diretamente, como se eu não merecesse novamente. Pararia de pensar em meus atos imundos por um momento, pois há coisas mais importantes no momento além do mundo girado em minha órbita egoísta. As águas do chão molhavam minhas vestes pobres, trazendo-as um ar úmido. Não sabia o que fazer, ou para onde olhar senão as nuvens negras, acobertando a luz constante da lua. E aqui estávamos nós, perdidos mesmo estando juntos; tentando nos encontrar com vendas nos olhos, as que no fazem cegar, admitindo o posto do amor entre nós.

Os olhos de Stefan se abriram, tendo como sua única vista sua esposa de cabelos castanhos. Os olhos esverdeados sentiram a confusão de não acordar em seu devido lugar, trazendo pânico para Stefan. As correntes foram puxadas para a relutância, mas nada se comparava ao esforço tido para sair de meu lado. Talvez Stefan não esteja com pânico em se ver trancafiado em um poço, acorrentado. Mas sim se ver ao meu lado novamente, ou melhor, bem a minha frente. Os sapatos escorregadios relutaram para ficarem de pé, embora a disponibilidade das correntes o impedisse de concretizar o ato de liberdade. As algemas possuíam uma fechadura, então há uma chave existente. Só temos de acha-la, e rezar para que o trocadilho de R.J seja este.

Seu terno estava rasgado, molhado pelas gotas da chuva oculta. A pele de Stefan reluzia à luz da lua, tornava-a incomparável a qualquer joia preciosa achada na melhor mina já descoberta.

EsplendorOnde histórias criam vida. Descubra agora