Cap. 21 - Vamos fugir, simples assim.

104 16 1
                                    

Foi o melhor beijo que eu já tinha tido. Okay, foi o primeiro. Mas depois das experiências das meninas que conheci com primeiros beijos, o meu foi incomparável.

Foi um beijo calmo. Ele tinha um gosto doce, do qual eu nunca tinha provado.

Depois que separamos nossos lábios com alguns centímetros, com os rostos ainda colados, sorrimos.

- O que vamos fazer agora, de acordo com seu plano? - ele perguntou.

- Vamos fugir, simples assim.

Seu sorriso cresceu, assim como o meu. Ele se levantou, e após sacudir a areia da calça, me ajudou a levantar.

[...]

Pousamos relativamente distante das clareiras, nas colinas.

- Qual o plano? - ele perguntou.

- Me encontra aqui, naquela árvore à meia noite. É o horário em que o refúgio está mais vazio. - disse, apontando para uma árvore retorcida próxima a nós.

- E eu tenho que...?

- Trazer os suprimentos para no mínimo uma semana. Barracas, comida, água, primeiros socorros, tudo que possamos precisar. Eu vou tentar entrar no escritório da minha mãe e conseguir o máximo de informações possíveis. Acomode tudo numa mochila de acampamento, e nos encontramos aqui. Okay?

Ele assentiu devegar, absorvendo tudo que deveria fazer.

- Tem um problema. - ele disse

- O que?

- O escritório da sua mãe é super vigiado. Se te pegarem roubando informações, você vai ser detida, julgada e pode ser até mesmo presa. Sua mãe não poderá fazer nada a respeito, é a lei.

Tentei manter a calma diante da notícia. Eu poderia acabar presa se fosse pega. Mas não deixaria meu pai na mão daqueles assassinos. Forcei um sorriso.

- É um risco que tenho que correr.

- Mas...

- Mas nada - o interrompi - relaxa, eu sei me cuidar. Pegue o que te pedi, e não deixe ninguém ver. As armas vão na minha mochila, vou conseguir no escritório de minha mãe também. Ouvi dizer que tem uma sala cheia delas lá.

- Armas? - ele perguntou, preocupado.

- Claro. Não podemos enfrentar os caçadores sem armas. Quer dizer, eu até conseguiria me virar, mas é sempre bom ter vantagem. Te vejo à meia noite, okay?

Ele pensou um pouco e concordou, relutante. Satisfeita, me virei para ir embora.

- Hey! - ele chamou, baixo.

Me virei para ele esperando que me dissesse algo, mas sou surpreendida quando ele enlaça minha cintura com seus braços e deposita um beijo delicado em meus lábios.

- Cuidado. Fica bem, okay? - ele disse, com o rosto próximo ao meu.

- Claro. Ficarei bem. Se cuide também.

- Claro. - ele disse, sorrindo. Depositou mais um beijo em meus lábios, virou-se e voou para longe.

Me virei e decidi descer a colina andando, sorrindo como uma boba. Como podia estar assim? Eu estava com uma mistura peculiar de sentimentos. Estava feliz por mim e Lucas, triste por meu pai, com raiva dos caçadores e ansiosa pelo plano. Também estava me sentindo o pior ser humano do mundo por iniciar um relacionamento numa hora dessas.

Todos estes sentimentos estavam em ebulição dentro de mim, deixando seu vapor escapulir pelos poros. Não podia me desequilibrar.

Equilíbrio e calma são os ingredientes para uma boa vitória. Sem eles, não poderia vencer os caçadores e muito menos resgatar meu pai.

Finalmente LivreOnde histórias criam vida. Descubra agora