Cap. 38 - Sangue deve ser pago com sangue

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Maratona FL 5/5

~♥~

O estrondo da primeira bomba foi enorme, mas o da segunda fora pior. Assim que ouvi a sirene voei para a clareira principal, como treinamos. O que Lucas iria dizer terá que esperar, apenas espero que as crianças estejam seguras. Assim que cheguei lá, várias pessoas estavam armadas, apenas esperando ter alguém com quem lutar.

Pousei e peguei um machado de dois lados para me defender. Em pouco tempo, soldados caçadores encheram o lugar, dando início a um confronto violento e sangrento.

Depois que levaram a vida de meu pai, não era difícil para mim lutar com eles. Eles arruinaram parte da minha vida, então eu não receava em matá-los no campo de batalha. Estava enojada, com um ódio enorme dentro de mim, que me impulsionava a avançar cada vez mais. O sangue de desconhecidos escorria por minhas mãos e por meu machado, e respingava no meu rosto.

Mas, quando se é motivado pelo sentimento errado, tudo pode mudar. Um inocente se transforma em um vilão, uma heroína numa psicopata. As estrelas pairavam acima de nossas cabeças enquanto guerreávamos sem parar, derramávamos cada vez mais sangue.

Vida. Qual o significado dela, afinal? Não era para termos um propósito, um objetivo? E qual seri o propósito das vidas perdidas ali? Será que alguém que eu matei tinha família? Eu poderia ter acabado de matar o pai ou a mãe de alguém, por paz. Contraditório mundo, temos que lutar por nossa própria paz. Buscamos a vida com morte, o amor com o ódio. Que sentido isso tem?

Quando o vi, tudo parou. Com o sorriso psicopata de quando matou meu pai, me encarava enquanto eu puxava meu machado da cabeça de mais um soldado morto. Um sentimento novo nasceu naquela hora, algo tão forte que me controlava. Talvez o errado seja o mais certo agora. Ele estava no centro do campo, sorrindo. Aquele desgraçado.

Corri até ele, e uma luta interminada recomeçou. Fazia movimentos mais violentos, diferente de quando descobri que ele era um caçador, eu realmente queria matá-lo.

- Parece que somos mais parecidos do que pensa, Angie. 

- Não sou parecida com você. De jeito algum.

- Não quer me matar, então?

O que eu havia me tornado? Matar pessoas, vingança, ódio. Essa não era eu. Não era a pessoa que meu pai se orgulhava. Senti então uma dor, mas não era como um peso. Uma dor física, no abdômen. Olhei para a lança que atravessava minha barriga e não percebi quando cuspi uma quantidade considerável de sangue.

- Sinto muito por isso. - ele disse, sorrindo.

Ele virou-se, indo embora, realizado. Andei até ele, e sem que percebesse, o alcancei. 

Ele virou-se a tempo de ver meu machado cortando o ar, decepando sua cabeça.Seu corpo caiu para a frente e sua cabeça caiu diante de mim. A peguei e aproximei do meu rosto.

- Sinto muito por isso. - sussurrei.

Soltei-a e arranquei a lança da minha barriga, o que fez sair mais sangue ainda.

Ouço um grito distante, e vejo Anastácia correr até o corpo de Pedro, chorando. Ele me olha e então faz o que nunca esperei de um descendente da Terra. Ela forma uma esfera de Essência e a atira em mim, mas ela não surte efeito já que sou uma escolhida.

Atiro então uma lâmina nela, que corta o seu braço, fazendo-me ver que ela não era uma escolhida legítima, afinal, como a Essência escolheria alguém do povo que a traiu?

O sol já despontava entre as colinas, e a guerra continuava. Fui atingida então por uma tontura forte, e o ferimento no meu abdômen latejava. Caí de joelhos e vomitei sangue vermelho e escuro.

Eu não aguentaria. Morreria. Sabia disso.

Mesmo assim, me levanto, com meus braços ao lado do meu corpo. Vejo a audácia das pessoas lutando com tudo de si pelo que acreditam, até mesmo Anastácia.  Lembro então do início, quando recebi a marca e meu pai ficou super preocupado. Lembro da minha mãe me ensinando a voar pela primeira vez. Lembro de meu primeiro beijo com Lucas. Lembro das últimas palavras de meu pai amado, que por sinal eu veria novamente muito em breve. Tudo passa como um flash diante dos meus olhos, todos os momentos felizes, tudo que perdi no caminho até aqui. Sinto lágrimas escorrerem por meu rosto sujo, mas mesmo assim eu sorria.

Morrer não parecia tão ruim. Como uma vez me ensinaram, nenhum descendente morre por completo. Viramos Essência, e permanecemos pela eternidade. Eu não aguentava mais, queria mais do que tudo me entregar à dor. Mas não podia simplesmente desistir, eu era a esperança de todos eles.

Senti meus pensamentos voarem para longe, e ouvi meu coração batendo fraco. Fechei meus olhos, e me sentia indo para longe dali. Me afastava a cada batida, deixando meu corpo.

Não sei exatamente como o fiz, mas eu sentia. Era como se Ela fizesse parte de mim, como se fôssemos uma. Estávamos cada vez mais próximas, em perfeita harmonia. Era como se ondas passassem por mim e eu não conseguisse controlar. Estava parada, mas não conseguia me controlar. De repente, não tive medo. Partir parecia maravilhoso.

Senti meus pés levantarem do chão, me levanto a uma altura razoável. Não estava racionando direito, mas sabia com certeza que minhas asas estavam recolhidas.

A Essência vinha de mim e eu vinha Dela. Ao meu redor, sentia ela me abraçar como uma mãe abraça uma filha, me envolvia por todos os lados com chamas azuis, e eu me deixava levar por aquele bailar viciante que terminaria no meu fim.

Eu me sentia em paz. Me sentia tão bem. Nada mais importava, eu estava com Ela. Não havia mais guerra, não havia mais nada. Minha cabeça girava e meus olhos fechados me mantinham inerte.

Levantei então meus braços até a altura dos ombros e levantei a cabeça. Ela estava me levando através do céu, mais alto do que eu jamais estive. Então comecei a sentir um pulsar distante. Um chamado. Meu lugar era com Ela.

Mas então senti cada vida naquele campo de batalha. Cada desejo, cada arrependimento. Coragem, força, espírito de vitória. Tudo isso emanava deles até mim. Não podia ir. Mas eu queria tanto, é tão bom, tão puro.

Senti mais um pulsar. As vozes que ouvi certa vez na caverna, quando não era quem sou hoje, vieram até mim novamente. Chamavam meu nome cada vez mais alto, convidando-me a tomar meu lugar com Ela. Eu responderia?

Foi então que abri os olhos.
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Hey galerinha! BOMBA. MUNDIAL.

Sim, eu fiz isso

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Sim, eu fiz isso. Sim, vocês são vão saber se ela morreu mesmo no próximo capítulo. Porque sim.

Comentem bastante galera, quero conversar com vcs :)

ALERTA: Muitas bombas nos próximos caps.

Cantagem regressiva para fim do livro: Dois capítulos :'(

Amo vocês seus lindos ♥

Até amanhã :)

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XOXO, Isa ♥

Finalmente LivreOnde histórias criam vida. Descubra agora