Cap. 31 - Conheci uma princesa esquentadinha

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Pousamos no meio da praça,e apesar de ser tarde da noite, assim que botamos os pés na grama várias pessoas começaram a surgir, espantadas. Elas cochichavam, como se "o boato" acabasse de ser confirmado.

Eu e Lucas recobremos as asas, e Kailani e Aukai pareciam desconfortáveis, mas curiosos com tantas pessoas com asas tão diferentes.

E de repente, a pequena multidão silenciou. Todos olharam para trás e abriram um pequeno corredor, me permitindo ver minha mãe, que estava com uma cara nada boa.

Ela correu até mim e nós nos abraçamos. Meu braço doía, mas já me acostumei com a dor.

- Filha, graças a Deus! Achei que nunca mais ia te ver, eu... estava tão preocupada. Te amo muito filha...

- Mãe, também te amo. Te disse que ia voltar.

Me desvencilhei do abraço e a olhei com lágrimas nos olhos.

- Sinto muito mãe, eu... eu não pude salvá-lo. - eu disse, e vi seus olhos se encherem de lágrimas também.

Olhei para Aukai, e ele colocou o corpo de meu pai que estava coberto com um lençol fino.

Minha mãe correu até ele, retirando o lençol de seu rosto e o abraçando forte contra seu peito, enquanto chorava sua dor, tentando assimilar o que havia acontecido.

[...]

Um vestido simples preto, um scarpin preto e uma trança embutida. Era assim que eu estava vestida para a última vez que veria meu pai na vida.

Estava sentada em minha cama do dormitório, enquanto Michele me maquiava (ela nunca me deixa fazer nada sem maquiagem).

Lucas também voltou ao seu dormitório e a Luísa (assistente de minha mãe que colocara Lucas como meu monitor) arrumou um quarto temporário para Kailani e outro para Aukai. Resolveremos as questões do acordo somente amanhã, hoje todo o Refúgio estava em luto.

Era sempre assim quando alguém daqui ou algum parente de alguém daqui faleciam. O Refúgio todo sentia. Era até agradável para mim, que precisava mais do que nunca de apoio.

Michele, que também estava de preto, levantou-se e fomos juntas a caminho do velório.

[...]

Meu pai foi enterrado em uma clareira entre duas colinas. Era extremamente silencioso e pacífico, e ele foi colocado em baixo de uma grande árvore, que deixava suas flores caírem ao seu redor, sobre o túmulo de meu pai. Em sua lápide branca, os dizeres que eu só esperava ver em muitos anos, estavam ali.

Henri Stanford
1975 - 2016
Amado pai e marido
R.I.P.

Todos já tinham ido embora, menos eu e minha mãe. Nós permanecíamos ali, abraçadas, olhando a linda árvore e a fria lápide branca.

- Seu... - ela começou - Seu pai foi... e-ele foi um bom homem. Honesto e-e sincero. E ele sempre te amou mais do que t-tudo. Nunca se esqueça disso.

- Não vou. - reapondi, com a voz embargada.

Já havíamos chorado tanto que acho que não havia mais lágrimas. Lentamente, nos viramos e fomos andando de volta a nossos dormitórios.

[...]

- Você precisa se alimentar. - Michele insistia.

Estava de pijama, deitada na minha cama extraconfortável e cheia de preguiça. Não queria ir até o refeitório, queria dormir.

Finalmente LivreOnde histórias criam vida. Descubra agora