Finalmente Livre

Cap. 24 - Uma ajuda inesperada

Estava muito escuro. Já não sou muito fã de barcos, mas no escuro parecia que algo poderia me atacar a qualquer instante.

Respirava com dificuldade e tentava iluminar o mapa com uma pequena lanterna em minha mão trêmula, enquanto Lucas direcionava o barco de acordo com as minhas ordens.

- Um pouco mais à direita.

- Você deveria usar bombordo e estibordo quando está no mar.

- Whatever, não sei a diferença e não sou marinheira. Direita, por favor.

Eu estava uma pilha de nervos. Sentia cada músculo do meu corpo retraído, e minha expressão estava tensa.

- Okay, pode diminuir a velocidade. - eu disse.

Fomos gradualmente parando, e as ondas se agitavam abaixo de nós. A luz da lua cheia surgiu por entre as nuvens e refletiu em minha pele, deixando-a mais pálida. Meus cabelos se misturavam com a escuridão, entrando em contraste com meu rosto.

- Onde estamos, exatamente?

- Acho que... no x. Eu jurava wue tinha um portal aqui.

- Angie...

- Mas o que deu errado? - eu disse, girando o mapa várias vezes - eu não entendo, se o outro x está em outro mapa, tem que haver um portal em algum...

- Angie!

- Oi ?

Lucas apontou para baixo e não sei como não vi isso antes. Talvez estivesse nervosa demais. Celeste havia me alertado sobre desequilíbrio emocional.

Logo abaixo de nós, debaixo d'àgua, estava um gigante portal verde. Este brilhava mais, e se dissipava aos poucos na água.

- Uou. - eu disse.

- Vamos mergulhar?

- Acho que sim. Não está muito fundo, na verdade está bem próximo à superfície, provavelmente nem vamos nos molhar tanto. Eu acho.

- Sua mochila é impermeável, certo?

- Claro.

- Ótimo, então vamos.

Eu confesso que tive um pouco de medo. Eu sempre tive medo do mar na verdade, nunca se sabe o que se pode encontrar lá, mas esse medo foi diferente. Não sabíamos se quer o risco que poderíamos estar correndo. E se só um de nós chegasse vivo ao outro lado?

Me virei para Lucas, que estava de pé ao meu lado. Ele observava o portal, tão distante quanto eu estava.

- Eu estou com medo. - confessei, rapidamente. Ele se virou para mim com uma expressão tranquilizadora.

- Não precisa ter medo - ele pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos - eu estou aqui com você. Sempre vou estar.

Ele sorriu para mim e retribuí o sorriso. Foi então que olhamos para a frente e pulamos do barco.

A primeira coisa que percebi foi: a água estava quente. Estranho. Foi então que meu corpo atravessou o portal.

Não foi muito diferente da última vez. Atravessei rapidamente, junto de Lucas. Mas quando tentei respirar, falhei.

O outro lado do portal não era tão próximo da superfície quanto o lado em que entramos. Na verdade, era nas profundezas. Estávamos metros e mais metros cúbicos de distância da superfície, onde se erguia uma floresta de algas gigantes. Minha visão embaçada queimava, assim como meus pulmões.

Tentei nadar. Me esforcei ao máximo. Percebi que Lucas estava desacordado ao meu lado. Droga. Droga de portal. Droga de plano.

Vi então um vulto. Um vulto que parecia se misturar com a água, parecia ser apenas uma corrente.
Mas quando o oxigênio finalmente me faltou, percebi que não era uma corrente. Senti a coisa me puxar, antes de tudo ficar escuro.