Sentia minha aura aumentar. As chamas azuis me tomavam, me tornavam mais poderosa. Ela sabia que eu não poderia ir. Não podia abandonar o Refúgio em seu momento de maior necessidade. Ela me entendia.
Foi uma sensação indescritível. Eu estava parada, metros acima do chão, com as asas recolhidas e com fogo azul ao meu redor. O fogo não chegava a me tocar, mas dançava à minha volta, como uma aura. E foi então, no meio de todas aquelas vozes distantes que me chamavam, que a ouvi.
Muito bem, querida. Cumpriu seu papel perfeitamente nesta batalha. Mas ainda não retirarei seus poderes, você precisará deles em um futuro não tão distante. Agora abra os olhos, e eu te guiarei. Confie em mim, Angie. Apenas confie.
Nunca havia a escutado falar diretamente para mim.
Claro, como quizer. - respondi.
Abri os olhos mas me sentia muito diferente. Pelo reflexo das armas dos soldados, que pasmos, pararam de lutar para observar o que acontecia, vi que meus olhos estavam completamente brancos, e acesos como lanternas. Meu cabelo dançava no ar, como se a gravidade não se aplicasse a ele, e as chamas continuavam agitadas ao meu redor.
Senti de dentro de mim, um fervor inédito, uma vontade de tirar todo aquele sentimento de mim. Sabia que era ela, sabia que estava mexendo comigo, ru precisava confiar.
E foi o que eu fiz. Confiei e fiz o que estava na minha cabeça: gritei.
Foi um grito tão estrondoso que ecos de Essência se propagavam junto com as ondas sonoras que o compunham. Alguns tamparam os ouvidos e se abaixaram, claramente agoniados, mas não interrompi o grito agudo e cortante.
Os ouvidos dos cacadores sangravam, e eles gritavam de pânico. Logo, uma rachadura se abriu na terra avaixo de mim, e se transformou em várias fendas que engoliram cada caçador ali presente, até os mortos. Na minha mente, também vi o chão se abrir sob sua ilha, e o mar e o magma engolirem até o último pedregulho dela.
Engolidos pela própria terra. Esse foi o seu fim. Interrompi o grito e me vi perder altitude lentamente. Um silêncio mortal pairava no campo de batalha quando voltei a tocar o chão. As chamas se dissiparam e eu voltei ao normal. Estava tonta e confusa, então caí na grama suja de sangue.
- A- Angie? - Lucas peguntou, tomando uma iniciativa.
Eu o olhei com súplica nos olhos. Todos os meu músculos doíam e minha voz não saía. Não tinha forças para combater o cansaço, então me deixei cair por completo e tudo ficou escuro.
[...]
Dor de cabeça. Foi a primeira coisa que notei quando acordei. Estava morrendo de dor de cabeça. Abri os olhos devegar e percebi estar em uma cama de hospital, e aquele bip da máquina ao lado fazia minha cabeça doer ainda mais. Minha garganta estava meio seca, e eu estava sozinha no quarto.
Foi então que notei as diferenças. Meu cabelo longo e sedoso estava na altura dos ombros. Eu tinha uma faixa rodeando a minha barriga, que latejava um pouco. Ao meu lado, pilhas de presentes, balões, flores e ursos de pelúcia de todos os tamanhos tomavam conta do canto da sala. A cadeira ao meu lado estava quente, mostrando que havia alguém sentado ali.
Confirmando minha suspeita, a porta foi aberta e Lucas entrou, com um copo de água na mão.
Quando me viu, deixou o capo cair no chão. Graças a Deus, era de plástico, mas espalhou água pelo piso branco.
Ele veio até mim, e sem dizer uma palavra, me abraçou, chorando. Eu não entendia o por quê de tamanha preocupação se havíamos nos visto ontem mesmo.
- Eu te amo. - ele disse
- Eu também te amo - respondi, o que o fez me abraçar mais forte.
Grunhi um pouco por causa da dor, e ele me soltou imediatamente.
- Desculpe. - ele disse, limpando as lágrimas - achei que nunca mais ouviria sua voz.
- Mas por quê? Ontem mesmo estávamos lutando juntos, certo?
Ele me encarou em silêncio, com aquela expressão com a qual eu já era familiarizada: ele estava buscando palavras para me contar algo.
- Angie... o confronto não foi ontem. Foi a quase um ano atrás.
Paralizei. Eu me lembrava do confronto, e só isso. Não podia ter sido a um ano, não podia.- C-como assim?
- Após todo seu esforço, que foi o que nos salvou visto que estávamos perdendo, você desmaiou. Te trouxemos para o hospital, que estava lotado, mas arrumamos um espaço para você. Você teve uma hemorragia interna muito séria no cérebro, além de ter tido o abdômen perfurado e parte do miocárdio danificado. Precisou de cirurgia imediata, e rasparam sua cabeça para fazê-la. Você estava a beira da morte, e eu e sua mãe ficamos a seu lado todo o tempo. Depois da primeira, você ainda precisou de outras três cirurgias. Uma no coração e duas no abdômen, senso que uma foi por um problema recente, por isso as faixas. O pior foi que na cirurgia no cérebro eles reviralizaram tudo, mas a hemorragia atingiu uma área que eles não conseguiram recuperar completamente, fazendo com que você estrasse em coma. Você ficou desacordada por nove meses e meio, até hoje.
Processei tudo aquilo. Ao menos tentei. Havia passado nove meses e meio em coma. Quase morri. Estava completamente confusa e perdida.
- Que dia é hoje?
- 14 de agosto de 2017.
- Eu perdi quase um ano da minha vida? - perguntei.
- Infelizmente sim, meu amor.
Ele deitou ao neu lado na cama e me abraçou, e eu desabei em lágrimas. Nove meses e meio. O último dia que me lembro foi 30 de outubro de 2016, o dia do combate. Perdi tantas datas. Natal. Ano novo. Páscoa. Meu próprio aniversário. Tinha 17 anos agora, e em breve 18.
- Quero ver minha mãe.
- Ela já está a caminho meu amor, já está vindo. - ele disse, acariciando meu cabelo curto.
Pelo menos o sacrifício de um tempo da minha vida serviu para salvar-nos da guerra. Eu salvei a todos, e isso valia a pena.
Agora, devi seguir em frente. Parei de chorar e sequei meu rosto. Olhei para Lucas e abri um pequeno sorriso.
- E então, o que eu perdi?
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Hey galerinha! MEGA BOMBA!!! CABUUUMSabem que eu amo vocês, né?
Desculpem o pequeno atraso, mas tá aqui.
Não estou preparada psicologicamente para o fim da história. Não mesmo. Quase chorei escrevendo esse capítulo, só de saber que o próximo será o último.
Houve um problema no meu wattpad, estou tentando postar este cap. desde domingo e só consegui agora... ( irritada? Talvez um pouco)
Mas vem surpresa por aí, então não é tão ruim hehehe
Contagem regressiva para o fim do livro: um capítulo.
Amo vocês demais da conta gente. Não esqueçam de comentar e votar, okay?
Até sexta que vem ♥
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#ComentemXOXO, Isa ♥
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Finalmente Livre
FantasyVocê raramente acreditaria se te contassem que o mundo não é exatamente o que você imagina. Que as coisas ao seu redor vão muito além do que você vê e percebe. Fato, soa como baboseira hippie de algum culto. Era o que eu pensaria se as coisas não ti...