Cap. 29 - Você vai se arrepender eternamente por isso

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Estava tudo uma verdadeira confusão. Não pude ver ao certo cada luta, cheguei a perceber de soslaio que Kailani lutava com dois homens ao mesmo tempo.

Eu me concentrava em Pedro. Esse porco traidor vai pagar por isso.

Suas armas tinham grandes lâminas de metal, afiadas como espadas. Atrás da lâmina havia uma espécie de arma de fogo, com dardos verdes. Não queria nem saber o que aquilo fazia.

Todos lutavam com prontidão, mas eu lutava com ódio. Como ele pôde? Depois de tudo que vivemos, depois de tudo que passamos ele faz isso? Acho que tudo isso foi apenas parte de uma missão... ele nunca foi realmente meu amigo, nunca foi verdadeiro. Se mantinha perto, vigiando tudo que acontecia, por isso era sempre tão preocupado. Me pergunto se Giovanna e Maria Elisa também faziam parte disso.

Ele investia violentamente contra mim, mas por sorte, não era tão violento quanto as várias vezes que treinei com Celeste. Investi com as duas espadas para cima dele, aplicando golpes circulares, mas Pedro bloqueou a todos. Ele investiu contra mim pesadamente com suas lâminas, e tentei ao máximo bloquear seus golpes, mas não tinha força o suficiente, então desfiz uma de minhas espadas e lancei pequenas lâminas circulares em seu abdômen, o que fez seu sangue respingar em meu rosto.

Ele urrou de dor e recuou, tempo o suficiente para eu levantar e investir mais uma vez contra ele, aproveitando-me de sua situação. Com um movimento rápido de espada, cortei fora uma de suas mãos, fazendo seu sangue jorrar nas pedras que formavam o chão. Ele gritou mais uma vez e um sorriso doentio se formou em seus lábios.

Ele pegou o instrumento mais próximo e o atirou contra mim. A grande estrela da manhã de metal voou pesadamente em minha direção, e tentei desviar, mas seus grandes espinhos de metal rasgaram meu braço esquerdo, abrindo quatro cortes profundos.

Caí no chão gritando de dor e lacei uma esfera de Essência em sua direção, que atingiu a lateral de seu rosto, deixando uma queimadura nada bonita. Sua pele borbulhava e sua bochecha estava em carne viva.

Ele gritou mais uma vez e riu de forma alucinada.

- Isso é tudo que tem? - gritou - Você realmente acha que pode vencer a mim?

Ele veio em minha direção rapidamente e chutou meu rosto, fazendo sangue voar de minha boca e nariz. Ele me imobilizou no chão e por mais que eu tentasse me mover ou aplicar qualquer golpe, não conseguia. Meu cabelo queimava seus braços, mas ele não parecia se importar. Olhei para a sala e os outros estavam concentrados em suas lutas, não percebendo que eu estava prestes a ver o meu fim.

- Você não passa de uma fraca, instável, máquina. Não sabe nada sobre si mesma, e é controlada pela Essência sem perceber. Não sabe agir sozinha pequena Angie, só sabe fazer o que te mandam fazer. - ele disse próximo ao meu rosto, sorrindo.

Juntei a coragem que me restava e cuspi meu sangue em seu rosto. Ele segurava meus braços no chão com seus joelhos, e minhas pernas não mudavam nada, já que tentei chutá-lo e esmurrá-lo várias vezes sem efeito algum.

Ele desfez na hora o sorriso e limpou o rosto com a mão que sobrava. Não parecia ligar para a dor que sentia, parecia estar em harmonia com ela. Ele olhou para mim com fogo nos olhos e pegou sua lâmina estranha. Achei que iria me decapitar, mas sorriu. Virou a arma para o lado com os dardos verdes e mirou em minha cabeça.

- Te matar seria fácil demais. Quero ver você sofrer muito ainda. - ele disse, antes de virar a arma para frente, atrás de mim, e atirar três vezes.

Ele então levantou e subiu as escadas correndo como um covarde, deixando um rastro de sangue por onde passava. Meu braço já havia formado uma pequena poça de sangue no chão e meu rosto escorria. A dor era absurda, mas nada comparado a dor que senti quando vi em quem Pedro havia atirado.

Lá estava meu pai, parado de pé ao lado dos caixotes que lhe serviam de esconderijo, com três dardos enfiados no peito. O mundo parou naquele instante. Não havia mais os sons de luta ao meu redor, não havia mais dor física ou qualquer goa de sangue. Só consegui ouvir as batidas de meu coração acelerado e ver o sorriso no rosto de meu pai enquanto caía de joelhos.

Gritei. Gritei com toda a minha voz, com toda a minha força, tentando fazer com que ele ficasse comigo. Corri até ele desesperadamente, e o segurei em meus braços antes que ele caísse no chão. Ajoelhada com ele sobre mim, pude sentir seu coração fraco e sua respiração falha. Isso não poderia estar acontecendo. Simplesmente não podia. Meu mundo perdia a cor, o chão se dissolvia sob meus pés a cada batida delicada de seu coração. Arranquei rapidamente os dardos, antes que o líquido de todos os frascos fosse absorvido por ele, e os lancei longe.

- Pai, por favor, fica comigo. Lute pai, não me deixa aqui. Não posso viver sem você ao meu lado. Quem vai me aplaudir na minha formatura? Quem vai me levar no altar no meu casamento? Quem vai me aconselhar? Pai eu preciso de você. Eu te amo muito. - eu dizia, entre lágrimas. Meu pai levou sua mão ao meu rosto com esforço e esboçou um sorriso.

- Minha filha querida, você não precisa de mim. É autossuficiente e pode realizar coisas inimagináveis se acreditar em si mesma. Não desista minha filha. Você é a pessoa mais forte e corajosa que já conheci. Não se abale com as circunstâncias, eu vou estar sempre com você, ao seu lado, em todos os momentos. Eu acredito em você, minha filha. E te amo muito, profundamente. Adeus, pequena Angie. - ele pegou uma de minhas mãos e beijou-a, antes de sua respiração findar.

Eu o abracei forte contra meu peito e gritei estrondosamente. A dor era maior do que poderia suportar, e eu não aguentava tamanho peso. Gritei entre as lágrimas, e meus gritos de dor arrebentaram as cordas dos instrumentos de tortura e quebraram o vidro da janelinha da porta. Os outros se abaixaram, com as mãos nos ouvidos, e os caçadores fugiram escada acima.

Nunca mais conversaria com ele. Cada sorriso, cada suporte, cada abraço, eu nunca mais o sentiria de novo. Tudo passava pela minha cabeça, aumentando minha dor por perder meu pai.

Eu não fui capaz de salvá-lo. Não fui suficiente. O destino o arrancou de mim, e junto com ele, se foi uma parte do meu ser.

Os outros correram em minha direção, tentando confortar-me, mas nada seria capaz de tirar essa dor de mim. Nada preencheria esse vazio. Nem mesmo vingança. Nada passava pela minha cabeça fora meu pai.

Quando abri os olhos, ao menos notei. Ele morreu em paz. Morreu sorrindo.
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Hey galerinha! Capítulo triste, eu sei. Não me matem, foi necessário.

Vocês devem estar se perguntando sobre o bônus... vou postar provavelmente semana que vem, mas vou estar super enrolada com os trabalhos e provas.

Até sexta que vem amores, e limpem as lágrimas ♥

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XOXO, Isa ♥

Finalmente LivreOnde histórias criam vida. Descubra agora