Cap. 22 - Boa noite, Cinderela.

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Entrei no elevador e quando vi que estava vazio, não contive as lágrimas. Chorava em silêncio, pensando em como seria.

Com toda certeza, quando voltasse com meu pai o Refúgio estaria em outro cenário. A guerra provavelmente já haverá começado, então eu só voltaria a ter a paz que outrora me fora comum daqui a muito tempo.

E se eu não conseguisse? E se minha missão de resgate falhasse? Não posso nem pensar na possibilidade de meu pai... Não, isso não vai acontecer.

Limpei as lágrimas antes de chegar ao térreo, e saí como se não tivesse nada a esconder. Eram umas sete e meia e eu me dirigia ao prédio do escritório.

Percebi ao longe dois guardas grandes guardando a porta do prédio. Teria mais chances de entrar se eles não me vissem, então andei até a mata que delimitava as clareiras. Por lá, andei até a parte de trás do prédio, onde tinha apenas um guarda na saída de emergência.

Me concentrei. Abaixei por entre o verde e lancei silenciosamente um feixe de Essência para o outro lado da clareira, chamando a atenção do guarda e fazendo com que ele saísse de seu posto para conferir. Ótimo.

Corri até a saída de emergência e adentrei o prédio. Percebi então um detalhe deixado para trás: as câmeras. Não foi um problema tão grande, já que fui estourando câmera por câmera com Essência até chegar à escada de incêndio, que é menos vigiada. Subi devagar ainda estourando cada câmera vista por meus olhos.

Quando cheguei ao andar do escritório da minha mãe, o silêncio dominava o lugar. Abri a porta da saída de emergência e encontrei um longo corredor branco com portas marrons, e ao final do corredor a parede era de vidro, explicando a estrutura espelhada do lado de fora. Estranhei, pois não havia nenhum guarda no lugar, apenas cinco câmeras, que estourei com facilidade. Caminhei devagar, ainda desconfiada, até a porta... qual era a porta dela?

Foi então que eu vi que cada porta tinha um sobrenome. Azevedo... Bernardes... Carvalho... Estava por ordem alfabética. Tendo essa informação, foi fácil encontrar a porta certa. Me dirigi ao final do corredor, até encontrar a letra S... Stanford. Era essa. Tentei abrir mas, como previsto, estava trancada. Oque não estava nos meus planos era não ter nenhum guarda com as chaves no corredor.

A não ser que... eles já estejam na troca de turnos. Droga. O elevador apitou e suas portas abriram, revelando três guardas grandes. Eles me olharam com expressão confusa mas após verem as câmeras, ou o que restou delas, eles entenderam tudo e começaram a caminhas pesado em minha direção.

Não havia para onde correr. Não tinha onde me esconder. Eu não podia desistir, tinha que lutar. Como eles não tinham o mesmo dom que eu, tinha vantagem. Quando eles estavam próximos e já tentavam segurar meus braços, lancei seis esferas sobre eles. Fiquei feliz por acertar meu alvo, mas eles urraram de dor. Percebi que o efeito das esferas era diferente neles, haviam queimaduras de segundo grau onde elas tocaram. Me assustei com isso, não podia lutar com eles como lutava com Celeste. Eles estavam vivos, e meu objetivo não era matá-los, somente deixá-los desacordados a ponto de não se lembrarem de mim quando acordassem.

Fiquei atordoada tempo o suficiente para dois deles segurarem meus braços e o terceiro parar bem a minha frente. Eles me encostaram na parede , de modo que ficaram dois ao meu lado e outro na minha frente. Tinha que pensar rápido.

- O que tem a dizer sobre isso? - o da frente pergunta, com voz grave e ríspida, já pegando algemas na parte de trás da calça.

- Tchalzinho. - eu disse, sorrindo de lado.

- O que? - ele perguntou, confuso.

Usando os dois guardas que me seguravam como apoio, levantei minhas duas pernas e chutei-o com toda a minha força. Ele foi pego de surpresa, de modo que desequilibrou para trás e caiu, mas como o corredor não era tão largo, ele bateu a cabeça fortemente na parede e no chão ficou. Menos um.

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