Brasil 1888 meses antes da assinatura da Lei Áurea.
No meio do cafezal um casal diferente dos padrões tem seu encontro habitual, longe dos olhos maldosos, longe da maledicência e mais perto de olhos cobiçosos que sua inocência e amor puro possam prever os contratempos que estes encontros diários causarão em suas vidas. Enquanto o jovem casal alienado a sua realidade e época trocam caricias e gemem em uma viagem sensorial das almas entrelaçadas, entre juras de amor eterno e que nada neste ou no outro mundo seria capaz de separá-los.
Olhos ínvidos de um homem rejeitado juram vingança.
_Seu último encontro de animais no cio, eu você negrinha ambiciosa vai voltar pro borralho. Ainda coloco este fedelho no lugar dele, será que ela não vê que ele está a ludibriar ela? Quando ele não a defender do senhor e da senhora meus braços serão sua morada minha preta.
Alheios ao futuro que lhes aguarda na casa grande os apaixonados trocam juras e um pacto de amor eterno.
_Maria falta pouco para que a lei seja assinada eu vim da capital e soube que a Princesa Isabel é partidária da causa, enfim seremos livres para partirmos para outro país e sermos felizes juntos, ninguém vai nos separar e quero que me jures em união que seu coração só pertence a mim e o eu juro que o meu só a ti pertence, que se nesta vida não pudermos ficar juntos te espero na próxima e vós esperais a mim em toda eternidade minha alma sempre vai em todas as nossas outras vidas vos a reconhecerei como minha outra parte a vossa alma estará ligada a minha em nome de tudo que nos é mais sagrado eu sou teu e você é minha e ô que o Todo Poderoso uniu homem algum separará.
_Antenor eu junto minha alma a sua selando nossa união de amor por toda eternidade nesta e todas as nossas outras vidas vos o reconhecerei como minha outra parte em nome do Todo Poderoso que nos uni e nada e ninguém nos separará.
Findaram e selaram o acordo de amor pronunciando as seguintes palavras.
_Morrerei por ti, morrerei contigo morrendo ti primeiro meu coração logo em seguida cessara esta vida até nosso reencontro quando enfim seremos um.
O pacto selado com um beijo e a promessa de encontro no mesmo lugar secreto no dia seguinte quando todos dormitarem em seus leitos e partiram sem desconfiar estarem sendo vigiados e amaldiçoados.
O capataz Eugenio irado agoniando em ciúmes e rejeição também professa suas juras e pronuncia e sela o destino dele e do casal.
_Enquanto não vos separar não terei paz, não admito ficarem juntos nunca em tempo algum se a negra mais linda que foi criada não é minha de ninguém será. Eu mato por ela e mato ela primeiro.
O capataz só descobriu o romance da escrava com o filho do senhor três dias atrás e passou estes dias seguindo o casal, corroído pelo rancor, sabendo então o motivo de todo rechaço da única que ele achou que seria sua mulher, ele juntou todos os réis que ganhava para comprar a negra ainda virgem e também coibiu qualquer olhar, intenção ou aproximação dos homens da fazenda na sua negra. Não previu o encanto que ela seria para o sinhozinho vindo dos estudos de um lugar chamado Europa. Filho homem mais velho do senhor e uns quatro anos mais velho que o capataz que assumiu a função do envelhecido pai, e mais letrado e viajado sabia que a tal da lei da escravatura era já um fato e queria garantir sua negra para ele antes dela ser livre. Ele queria ir para o interior do Brasil desbravar terras e ser poderoso, mestiço e com a aparência de branco era só o caso de ter mais um pouco de dinheiro que conseguia desviando da fazenda para realizar sua empreitada.
_Desgraçado Antenor roubaste minha linda negra e tomaste o que guardei só para mim, aproveitaste de sua ingenuidade e eu fui parvo por não achar que tal beleza seria vista pelo rival viajado e hodierno.
Enquanto isso na casa grande o senhor da fazenda espera sentado ao lado de sua esposa indiferente e esquecida e muito frigida.
_Senhor meu marido espero rigor em sua reprimenda a nosso alvorotado filho que voltou com a mente alterada pela conflagração e opiniões de abolição.
_Senhora não vá por estas balelas, nosso filho já homem feito e precisa desafogar certas necessidades que minha esposa não mitiga-me a tempos.
_O senhor que não crê que ele fala em amor com está negrinha. Quando o capataz pediu para deixá-la na casa para protegê-la sabia que originaria problemas, ela é bela e atrativa demais. E o rapaz está ciumento de nosso filho.
_Quem está ciumento de mim minha mãe?_Antenor na verdade ouvira quase todo falatório de sua mãe.
_O capataz Eugenio quer comprar a negra Maria e quero que o senhor seu pai a venda para ele, com a promessa de sair imediatamente desta propriedade com a negrinha faceira.
_Eu compro e não me importo com que este asqueroso pensa ou quer.
_Eu te deserdo Antenor e antes mando esta negra feiticeira para o tronco.
_Não acredito que qualquer um nesta fazenda se proponha macular tão formosa e doce menina para capricho de vossa mercê. Senhor meu pai não preciso do seu dinheiro ganho com servidão humana, fiz meu patrimônio sem precisar abusar de outro ser vivente.
_Jamais te venderei a negra filho ingrato. Não vais sujar meu sangue com esta fétida negra inferior.
_Eu falei que não devias o mandar pra longe de nós, voltou com a cabeça virada. Senhor meu marido quero aquela filha do demo fora de nossas vidas.
_Ela sai e eu vou junto eu a amo e nada vai nos separar.
_Meu filho amado estamos esperançosos de seu interesse pela filha de nossos vizinhos de porteira e cerca a família Oliveira Dantes. Imagina a o poder que terás com o nome Oliveira Dantes e Medeiros de Sá.
_Eu sou dono de uma frota mercante em Portugal que faz negócios na America, África e muitos outros portos não preciso de sua fazenda e noiva arranjada.
_Antenor Medeiros de Sá a sociedade nunca vai vos aceitar, serão excluídos e vão sofrer a deixe para os seus iguais e você casa com a menina Dantas.
_Tenho uma visão da vida diferente destas famílias retrogradas que vivem aqui neste pequeno e atrasado estado. Eu sou senhor das minhas vontades e independente de vocês. Vou embora com ela e não volto mais para este lugar só tenho péssimas lembranças da fazenda.
Lá fora Eugenio se desespera sua amada vai ser afastada e levada pára longe com este rapaz endinheirado. _Onde está Maria? Tenho que roubá-la da fazenda eu preciso que ela goste de mim, quando ela estiver longe vai esquecer ele.
Em seu pequeno quarto Maria sonha dormitada com seu amado Antenor para ele não existe diferença de cor, para ela é sua amada e ela sonha com seu futuro ao lado do seu branquinho apaixonado. Ela sonha com este amor impossível em uma época que negros eram tratados como animais.
Maria é acordada com barulho de luta e gritos a sua porta.
_Se ela não for minha não vai ser sua.
_Diz amá-la e a queres morta?
Maria abre a porta e seu amado Antenor segura o capataz pelo pescoço com um braço e levanta a mão pra a arma que este segura. Quando a menina grita os dois se viram e a arma dispara atingindo o peito da menina em uma ferida fatal a dor de Antenor é tamanha e ali na frente de sua família os escravos e seu biltre algoz leva a mão ao peito e morre com sua amada Maria.
Nunca se tinham visto ou ouvido falar em tal fato antes desta trágica noite nas Minas Gerais ou em qualquer outro lugar. Antenor Medeiros de Sá morrera de parada cardíaca sobre o corpo de uma negra escrava na fazenda De Sá.
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Através do tempo - Amor eterno.
RomanceQuando o amor é tão forte que perdura através do tempo. Bruna Ferreira 27 anos secretaria executiva era atormentada pelo mesmo sonho desde que completou 15 anos e foi morar com a mãe e o padastro em Nova York . Ninguém conseguia explicar como B...