Capítulo 7

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Era uma rotina diferente aquela, antes Anahí saia de madrugada e só voltava de manhã, se sentindo suja e cansada. Antes ela passava as tardes procurando um trabalho que a aceitasse, e ao receber diversos nãos, não lhe restava outra saída se não a de voltar para aquela maldita rua. Antes Anahí tinha medo de não ter dinheiro suficiente no fim do mês, e ter que escolher entre pagar o aluguel, ou se alimentar.

Agora ela dormia feito pedra a noite, um sono tranquilo e descansado. Agora, ela acordava de manhã com um farto café da manhã, um ótimo almoço e um delicioso jantar. Agora ela passava as tardes lendo, ou num mundo recém descoberto de séries de tv e Netflix. E caso não quisesse ler ou assistir nada, podia correr na academia, ou simplesmente descer e dar uma volta tranquila pela cidade. Agora, ela podia conhecer a cidade em que sempre morou, mas pouco havia visto dela.

Ja ia fazer bem duas semanas que ela estava morando na casa de Alfonso, e apesar das poucas palavras trocadas com ele, e de uma grande indiferença que ele fazia questão de demonstrar, ela se sentia bem. Ian ia vê-la dia sim e outro também, fosse para passar a tarde ou ficar quinze minutos. Quem a chamava para diversos passeios era Maggie, que fazia questão de apresenta-la parte da cidade que ela ainda não conhecia. E havia Nina, que passava boa parte do tempo na casa do namorado, e ela estava realmente se afeiçoando a ela. Nina sempre que estava lá, se empenhava em que os três jantassem ou almoçassem juntos, e sempre tirava algumas horas para conversar com Anahí, isso a fazia bem, precisava de uma amiga dentro daquele silencioso apartamento, porque era assim que ele ficava quando nem Nina, Ian ou Maggie estavam lá. Ela é claro, também passava diversas tardes com Maite, a distancia, porque o centro da cidade e o suburbio de Boston sabiam ser longes, não interferiu em nada, e quando não se viam, uma ligava para a outra e vice versa, porém a ideia de não se falarem um dia que fosse, não era sequer cogitada.

Foi combinando de se encontrar com Maite que Alfonso encontrou Anahí aquele dia, estava terminando de calçar o sapato, com o telefone na orelha, e sentada no pé da cama.

- Ok Mai, eu pego o metrô agora e estarei ai em mais ou menos uma hora. - Explicou.

- Anahí. - Chamou, e ela o olhou, desligando o telefone. - Vai sair? - Ela assentiu. - E porque não pega um táxi, ao invés de metrô?

- É mais barato. - Respondeu envergonhada.

- Tem ido de metrô daqui até o Broockline todo esse tempo? - Anahí assentiu novamente. - E porque não pediu a mim ou a Ian que te levássemos? Ou sei la, dinheiro para o táxi? - Seu cenho estava franzido.

- Vocês já fazem bastante por mim, não gosto de pedir nada a mais. - Estava encolhida, e corada.

- Exatamente. - Confirmou. - Com tudo que tem ganho, ainda não se acostumou a pedir coisas? - Falou debochado, porém eram coisas como essas que o faziam entender que ela não era aproveitadora. - Me de meia hora, e eu levo você.

- É sério? - Agora ela estava surpresa. Ele, que ia saindo do cômodo, voltou dois passos ficando em frente a ela.

- E com tudo que tem ganho. - Repetiu, porém não era mais deboche. - Ainda não se acostumou com as pessoas te oferecendo coisas? - Perguntou descontraído.

- Me acostumei com Ian me oferecendo coisas. - Pausou. - Não você. - Ele ficou uns bons segundos ali parado, apenas olhando-a, com um sorriso disfarçado, e só então saiu.

Meia hora depois, os dois desciam para a garagem, e entravam na Porsche de Alfonso.

- Porque Phill não me leva? - Estava um pouco incomodada. - Não seria mais fácil pra você?

- Phill é motorista do meu pai e da minha mãe, eu apenas... O tomei emprestado aquela noite. - Ela assentiu entendendo, e após essa breve "conversa", os dois seguiram calados.

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