Capítulo 25

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Passaram-se uns bons dias antes de Nina querer receber um Ian que a ligava dia sim, outro também, diversas vezes, para saber como ela estava. A verdade é que nos primeiros dias ela estava um desastre, mas depois do "tombo" inicial, ela fez exatamente o que Ian lhe disse para fazer quando ela recém havia terminado com Alfonso, usou a dor como combustível. Curiosamente, ao começar a fazer isso, ela percebeu que já não havia dor nenhuma mais ali, não havia dor, porque simplesmente não havia nada. Ela não tinha nenhum sentimento por Alfonso, nem ódio, nem dor, muito menos amor... Ele havia se tornado irrelevante para ela, só então, ela aceitou jantar com Ian. Marcaram de se encontrarem depois do trabalho, e irem ao apartamento de Nina, pedir algo, e ficar por lá mesmo, e assim foi.

- Ok... - Os dois haviam pedido comida chinesa, dispensaram a mesa de jantar, e estavam na sala.

- Como eu estou? - O interrompeu, se auto perguntando o que ele iria. - Eu estou bem Ian. Usei a dor como combustível. - Falou, por incrível que pareça bastante calma, e realmente demonstrando que estava bem. Isso fez claramente Ian se surpreender, tanto que ficou ali, reparando por um bom tempo, tentando achar de qualquer jeito um furo no que ela dizia, um sinal de que ainda havia tristeza ou dor, simplesmente porque não era possível alguém ser tão forte assim.

- Você é... A pessoa mais forte que eu já tive o prazer de conhecer. - Falou algum tempo depois, e ela ergueu as sobrancelhas desacreditando no que ele dizia. - Nina é sério, eu não... Consigo entender, mas eu acho extraordinário.

- Eu apenas me foco em outras coisas Ian. - Comentou.

- Esse é o ponto, todo mundo se foca em outra coisa para esquecer algo ou alguém, e muitas vezes não consegue. Eu mesmo passei quase dois anos tentando esquecer alguém e ate hoje não consegui. - Desabafou, era ela, mas apenas ele sabia disso, pelo menos ele achava isso... - Mas você tem uma mente tão... Única, que realmente consegue.

- Não é que eu tenha esquecido é só... Ele me machucou tanto, que simplesmente o amor que eu ainda sentia se transformou em ódio, mas eu odeio sentir ódio... - Parou pensando o quão irônico havia sido o que ela acabava de afirmar. - Enfim, então esse ódio simplesmente se transformou em indiferença. - Explicou, esperando que ele entendesse, fazia sentido na cabeça dela. - Ok Ian Herrera, eu conheço essa mulher que você nunca esqueceu? Que é muito sortuda por sinal, por ter alguém como você aparentemente apaixonado por ela. - Perguntou, e ai ele percebeu de verdade o que havia dito. Parou ali, em frente a ela, tentado de verdade dizer que era ela, porém...

- Não. - Sussurrou. - Você não conhece. - Falou por fim. Não conhecia mas imaginava, imaginava que fosse ela mesma. Não por ter alter ego, não era isso que a fazia pensar que era ela, e sim por um "Eu te amo" bem claro que ele havia lhe dito dias atrás.

- Você vai ao evento sábado? - Nina perguntou, cortando o silêncio que havia se formado por alguns minutos que foram... Sim, constrangedores. Viu ele suspirar antes de responder.

- Sim. - O evento ao qual Nina se referia, era um evento beneficente, que acontecia todos os anos, onde a nata da sociedade, em sua grande maioria donos de empresas, compareciam, e faziam doações, e o dinheiro arrecadado era invertido para causas caritativas.

- Vai levar a mesma acompanhante do ano passado? Julie o nome dela certo? - Perguntou. - Ela era bem simpática, não tinha muito a ver com você mas... Era simpática.

- Não vou levar ela. - Disse. - Pra falar a verdade a conheci no mesmo dia do evento, e depois nunca mais a vi. - Admitiu.

- Então porque foi com ela?

- Minha mãe queria que eu a conhecesse e...

- Claro. E você não vai agradar sua mãe esse ano?

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