Capítulo 28

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A volta de Maite para seu antigo apartamento levou algumas semanas. Ela o havia alugado, e não podia simplesmente expulsar os inquilinos de la. A solução se deu por meio do dono do antigo apartamento de Anahí, o dela era próprio, o da amiga não, que como ainda não havia sido alugado, ela, junto com o dono, passaram seus inquilinos para lá. Ela passou algumas boas noites, que era o tempo livre que tinha, organizando tudo de volta no lugar. Aconteceu em uma volta do trabalho, ela subia as escadas distraída, buscando suas chaves dentro da bolsa, não percebendo a pessoa que estava parada em sua porta.

- Olá Maite. - Era Manuel.

- Manuel? - Ela se assustou, tanto, que tropeçou, e quase caiu nas escadas. - O que faz aqui? - Perguntou após se recompor.

- Soube que voltou a morar aqui, e bom, pensei em vir ver você. - Falou com um tom que ela preferiu ignorar. - Preciso que mande um recado para ela. - Pediu.

- Você esta louco, eu não vou mandar nada. - Avisou, passando por ele, e abrindo a porta de seu apartamento com pressa. - Boa noite Manuel. - Foi tentar fechar a porta, porém ele impediu, pondo o pé, e forçando a porta, abrindo-a de volta.

- Olhando agora para você. - Ele a olhou de cima a baixo com um sorriso malicioso. Maite estava com o celular na mão, e tão logo, e como pode, clicou no nome de Anahí, ligando para ela. Por sorte ele não percebeu. - Porque não conversamos um pouco. - Falou entrando em seu apartamento, e Maite, inconscientemente, ia andando para trás, a medida que ele se aproximava dela.

- Sai daqui. - Gritou.

- Cala a boca sua prostituta. - Mandou, e partiu para cima dela.

Por sorte, haviam furos ali. Uma porta entreaberta, um celular, que mesmo no chão, seguia chamando Anahí, e uma Maite nem um pouco disposta a ser abusada por ele ou por ninguém. Ele era mais forte, e ela sabia, por isso, ao invés de tentar se soltar, tentou alcançar algo com que pudesse bater nele. E não só isso, assim que viu a porta aberta, começou a gritar com toda a força que seus pulmões conseguiam.

- Alguém me ajuda. - Mais uma tentativa, porém nada acontecia.

- Cala a boca. - Os dois estavam no chão, ele por cima dela, segurando seus braços, ao mesmo tempo que beijava seu pescoço, e o meio de seus peitos. Ela podia sentir a bile subindo, estava com nojo. Por sorte, isso não durou muito, ela conseguiu tirar um de seus sapatos, que eram de salto, e acertou sua cabeça, na mesma hora que um dos vizinhos, que finalmente a havia escutado, e ido ver o que era, chegou.

- Ei. - Ele, assim que abriu a porta, correu para ajuda-la.

- Me ajuda por favor. - Pediu, o rosto debulhado em lagrimas que ela nem percebera que haviam caído. Quando ele finalmente tirou Manuel de cima dela, este estava com a cabeça sangrando, o vizinho o jogou em um canto, e logo foi tirando seu celular no bolso.

- Vou chamar a policia. - Avisou a Maite, porém não teve tempo para. Manuel se levantou, deu um soco nele, e saiu correndo.

Maite se encolheu de uma maneira que como estava, ficou. Estava assustada, com nojo, nojo de si mesma, de Manuel, de seu apartamento, de tudo. Mas acima de tudo, um sentimento de arrependimento a tomava de uma maneira, que ela sequer entendia de onde ele tinha vindo. Arrependimento porque ela sabia que se não fosse por seu orgulho, agora, finalmente admitido, ela não teria passado por essa situação. Ela tinha tanto medo do mundo de Mane, um medo que se tornava tão pequeno agora, que havia se esquecido como seu mundo poderia ser dez, mil vezes pior. E o pior de tudo... Ela estava ali, precisando dele como nunca, porém estava sozinha, apenas sendo ajudada por um desconhecido.

...

Vocês precisam entender essa cena de um ponto de vista diferente para entender como o que veio a seguir aconteceu. Anahí estava indo para o trabalho de Ian, ia encontra-lo para jantar, quando a amiga ligou, ela atendeu, e ficou chamando por ela, mas tudo que escutou foi um barulho de estrondo, provavelmente da hora em que o celular caiu no chão, seguido dos gritos da amiga. Ela escutava tudo aquilo paralisada na calçada, o corpo todo tremendo, afinal, não precisava ser muito inteligente para deduzir o que uma Maite pedindo ajuda, e um Manuel mandando-a calar a boca significavam. Ela então saiu correndo, precisava chegar logo ao encontro de Ian, e pedir que ele a levasse até a amiga, porém, uma cara conhecida se pôs em seu caminho antes disso. O ateliê de Nina era na mesma rua em que agora Anahí se encontrava, e esta, assim que a viu, saiu correndo em direção a ela.

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