Capítulo 59

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Alfonso continuou na cafeteria por mais algum tempo, repassando uma e outra vez o perdão que recém havia ganho. O sorriso não saia do rosto por um só segundo. Foi sair dali sabendo muito bem o que deveria fazer em seguida, aquele perdão o havia dado forças, e pode se dizer que havia novamente posto um rumo na vida de um Alfonso que passara os últimos três anos perdido.

- Alfonso? Onde você esteve? - Ele havia ido ao escritório, e por sorte, esbarrara justo com a pessoa que queria encontrar. - Estávamos loucos atrás de você... Eu estava. - Mane confessou.

- Eu sei... Desculpe.

- Tudo bem mas...

- Não Mane, desculpe em um sentido bem amplo da palavra. - O interrompeu. - Me desculpe pelo imbecil que eu fui pelos últimos quase três anos. - Pediu, e viu Mane franzir o cenho. - Mas apesar de ter mudado tanto por fora, algo por dentro nunca mudou... Você sempre continuou sendo meu melhor amigo. - E Mane, por incrível que pareça, riu.

- Finalmente. - Sussurrou, e viu Alfonso estender a mão.

- Você esta disposto a deixar com que eu recupere a sua amizade? - Perguntou.

- Só se for para recuperar o pacote completo. - Avisou. - Eu quero meu melhor amigo de volta. - Avisou, e apertou a mão dele em seguida, os dois sorrindo pelo recomeço. - Não quer ir a algum bar? Fazer algo? - Mane perguntou.

- Eu adoraria mas... Ainda tenho algumas desculpas a mais para pedir. - Mane assentiu sorrindo, e antes de deixa-lo ir, não pode evitar dar o abraço que estava guardado a um bom tempo.

- É bom tê-lo de volta Poncho. - Os dois se separaram sorrindo, e Mane viu o outro sumir pelo corredor.

Alfonso e dirigiu ao local de trabalho de seu outro irmão, porque sim, Mane também era seu irmão, e para sua sorte, não o encontrou sozinho. Ian estava com Nina, mais uma da lista de pessoas que ele precisava pedir perdão, os dois voltavam para o prédio onde Ian trabalhava, ele com algumas sacolas, e algumas revistas de casamento na mão.

- Então é verdade? - Alfonso perguntou de trás deles. - Ninguém me disse, mas... As noticias correm, vocês vão se casar. - Disse sorrindo.

- Alfonso? - Ian perguntou, se virando tão desentendido quanto Nina.

- Oi irmão, por favor, me chama de Poncho. - Pediu, e viu mais um que sorria. Alfonso não precisava dizer mais nada para que o irmão se desse conta de que ele finalmente havia descoberto a verdade. - Me desculpe. - Pediu.

- Tudo bem. - Assentiu rindo, e viu Alfonso dar dois passos a sua direção, abraçando-o.

- Nina. - Alfonso se virou para ela, após se separar do irmão. - Mais uma vez eu venho pedir as mais sinceras desculpas que eu já dei na vida pra você.

- Ta tudo bem Poncho. - Tranquilizou.

- Você é... A mulher mais incrível que eu já conheci em toda a minha vida. - Disse sorrindo.

- Poncho. - Ian o chamou, e teve sua atenção. - O que aconteceu para você estar com essa felicidade toda?

- Ela me perdoou Ian. - Contou sorrindo, e tanto Ian quanto Nina sorriram junto. - Bom, eu... Preciso ir. - Disse dando dois passos para trás, porém antes de se virar...

- Poncho. - Ian chamou, e o irmão se voltou para ele. - Ela te perdoou muito antes de tudo isso. Muito antes de você voltar. - Contou seguro.

- Como você sabe? - Perguntou de cenho franzido.

- Porque eu também te amo, e eu também te perdoei a muito tempo. - Disse sorrindo, e viu o sorriso do irmão aumentar.

Os dias finalmente voltaram a correr normal, Alfonso buscou o filho, e teve seus merecidos dias com ele. Voltou para o trabalho, ressaltando ai, a parte onde ele conversou tanto com o pai quanto com a irmã, e após também pedir perdão a eles, deixou claro o tipo de relação que teria, ou melhor, não teria com a mãe. Eiza bem concordou, e avisou que ela estava no mesmo pé que ele, porém não tendo como se sustentar todavia, e com um pai que não deixaria sua garotinha se mudar tão cedo, ela tinha que continuar morando com Ruth.

Passava-se ali uma semana, semana essa, que Alfonso havia sido pego de surpresa nas duas vezes em que viu Anahí. Pego de surpresa porque a relação dos dois, na hora de buscar Logan, havia mudado. Antes os dois mal se falavam, estavam o tempo todo sérios, isso, quando Anahí não pedia a Ian para buscar ou levar o filho, agora, ela mesma fez questão de recebe-lo, e estava sendo bastante simpática por sinal. Foi ai que ele percebeu... Só o perdão dela, não bastava, nunca bastaria. Ele precisava tê-la por inteiro, mas ao mesmo tempo, sabia que talvez isso nunca fosse acontecer.

Alfonso Herrera, aquele homem seguro de si no começo disso tudo, havia encontrado um aliado do qual ele não se orgulhava de usar para "afogar suas dores" porém doía, e ele não encontrava melhor maneira, nem mais rápida de aliviar essa dor, se não bebendo, bebendo muito. Foi numa dessas bebedeiras, que não o haviam tombado por completo, deixando-o consciente o suficiente para pegar o carro, que ele parou em frente ao apartamento dela. Essa rotina de voltar do trabalho, beber alguns copos de whisky, e parar em frente ao apartamento dela, se estendeu por mais alguns dias, e o Alfonso confiante de uma semana atrás, que acabará de ser perdoado, dava lugar a um Alfonso que se sentia sozinho e vulnerável, e ele tinha a sensação de que ficaria assim pelo resto da vida. Era uma quinta de chuva, quando pelo terceiro dia consecutivo ele parava em frente ao apartamento dela, nunca entrando, ou interfonando, apenas parava, se sentava um pouco e quando o efeito do álcool passava, ele ia para casa, esse dia, mesmo com a chuva, não era diferente, porém ele não contava com uma Anahí que estava fora de casa, e agora, ao chegar, o encontrava ali.

- Alfonso? Meu Deus, o que faz aqui? - Ele estava encolhido, encostado na parede do prédio.

- Oi. - Sorriu, e ela pode notar que ele estava bêbado.

- Esta bêbado. - Afirmou. - O que faz aqui? - Perguntou franzindo o cenho, e se aproximando dele, para que o mesmo ficasse coberto pelo guarda chuva que ela tinha.

- Eu... Vim proteger vocês. - Falou dando de ombros, mas sorria.

- Há quanto tempo você vem aqui? - Ela sabia que aquela não era a primeira vez, simplesmente sentia isso.

- A umas três noites eu acho. - Disse meio grogue. - Eu vou indo. - Ele deu dois passos cambaleados antes de ela para-lo.

- Você não vai a lugar algum. - Disse puxando-o pelo braço. - Vem. - Abriu a porta do prédio, e entrou com ele. No elevador, com a luz iluminando-o, ela percebeu o mesmo olhar triste de quando o encontrou alguns dias atrás.

Ela o guiou até seu apartamento, e após dispensar a babá que havia ficado com o Logan, e se certificado de que o filho já estava dormindo, se voltou para ele.

- O que houve? - Sussurrou, passando uma das mãos no rosto dele, tirando o excesso de água.

- Não é suficiente. - Pelo estado em que estava, ele não iria enrolar, foi direto ao ponto. - Pensei que seu perdão bastava.

- Eu não entendi. - Anahí saiu por um minuto, voltando com uma toalha, e quando voltou, fez uma expressão obvia para que ele continuasse.

- Quando eu disse que estava com ciumes do futuro, do seu futuro.. Dai você me perdoou e, eu achei que isso bastaria sabe, que eu poderia viver... Em paz comigo mesmo, mas não, não basta, eu preciso de mais. - Confessou de uma maneira bem confusa, porém ela entendeu.

- O que? - Perguntou mexida, sim, aquilo havia mexido com ela.

- Eu sei que não é justo mas... - Ele deu de ombros, e sua expressão era ainda mais triste - Eu te amo, e eu não posso fazer nada com o que eu sinto, nem com esse ciumes.

- Shh... - Ela pegou a toalha que estava em volta de seu pescoço, e secou o rosto do mesmo. - Tire a camisa. - Pediu, e assim que ele o fez, ela voltou a seca-lo. Ela realmente não sabia o que falar, porque a própria estava confusa e mexida com o que escutava.

- Anahí eu... É melhor eu ir embora. - Disse.

- Não. - Se apressou em dizer. - Você vai me deixar preocupada se for para casa agora nesse estado. - Contou, e o puxou até o sofá. - Tire os sapatos que eu já volto. - Pediu, e voltou algum tempo depois com um travesseiro e uma coberta para ele.

- Obrigada. - Agradeceu, e viu ela se abaixar.

- Tem certeza que está bem? - Perguntou levando uma das mãos ao rosto dele, que assentiu. - Poncho, eu me importo com você, não gosto de te ver assim. - Confessou baixinho, e ele apenas fechou os olhos ao escutar.

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