Na mansão Herrera, a noticia do que Ruth havia feito não demorou a chegar tanto em Maggie, quando em Robert. A primeira repreendeu a filha o suficiente para deixa-la ainda mais abalada do que já estava, Ruth havia passado dos limites, e finalmente após três anos, se dava conta disso, porém, ainda assim, Ruth era filha de Maggie, e um laço tão forte quanto esse, um amor tão forte quanto esse, e isso não permitiu que Maggie desamparasse a filha quando viu que a mesma estava destroçada.
Com Robert foi diferente, ele demonstrou seu descontentamento com silêncio. Fez questão de ele próprio levar uma Eiza que por motivos óbvios não quis passar a noite na mansão, para o apartamento de Ian, e demorou para voltar para casa, Ruth sabia que não levava tanto tempo assim. Quando chegou, o silêncio continuou, ele subiu, tomou um banho tentando relaxar, e por a cabeça no lugar, e quando saiu, viu sua mulher, evidentemente desesperada no quarto, esperando por ele.
- O que acontece agora Robert? - E pela primeira vez, Ruth Herrera, a que sempre se sentia imbatível, e superior, agora se sentia fraca, e pequena de mais perante ao mundo e a todos. - Você irá me deixar? - Ela sabia, que perante ao que havia feito, aquela era sim uma possibilidade.
- Você é minha mulher. - Respondeu sério. - Eu fiz um juramento perante a Deus... E eu cumpro minhas promessas Ruth. - Afirmou. - Porém ainda sim, dois dos meus filhos não querem ter nenhuma relação com você, e eu sou pai deles, e os amo mais que tudo. - Continuou. - Eu não vou perde-los. - Assegurou. - Se eles não quiserem te receber Ruth, eu não posso fazer nada, mas não vou deixar de vê-los. - A resposta estava dada. Robert foi para seu lado da cama e se deitou.
Alfonso acordou no dia seguinte querendo que tudo o que aconteceu nos últimos três anos fosse um sonho, mais bem, um pesadelo. Teve que se beliscar, e realmente o fez, para comprovar que infelizmente não era. Mas vocês conhecem Alfonso Herrera, ele não é de se deixar vencer. Mesmo sabendo que Anahí o odiava, e que provavelmente o odiaria mais ainda quando ele lhe contasse tudo o que havia descoberto, ela era e sempre seria a mulher que ele amava, por isso, se levantou naquele dia decidido a ter pelo menos o seu perdão. Mesmo que os dois nunca mais ficassem juntos, se ela, pelo menos, algum dia o perdoasse, aquilo bastaria.
- Alfonso? O que quer? - Ele a havia telefonado.
- Preciso conversar com você. - Avisou, a voz recuada.
- É algo sobre o Logan, ou seus dias com ele? - Perguntou estranhando.
- Só... Por favor Anahí. - Pediu.
- Tudo bem. - Suspirou antes de responder, e ele quis rir só de imagina-la revirando os olhos para ele.
- Eu posso te buscar depois do trabalho? - Perguntou.
- Sim. - Foi ríspida, e logo desligou.
Não deu outra. No fim do dia ele estava lá, na porta do ateliê de Nina esperando-a.
- Eu não tenho muito tempo. - Avisou descendo.
- Eu sei. - Disse cauteloso, e ofereceu a porta para ela entrar, que parou estranhando antes.
- O que quer Alfonso? - Perguntou novamente, assim que os dois pararam em uma praça perto dali. Ele cogitou leva-la a uma cafeteria, ou a qualquer outro lugar fechado, porém não sabia que reação esperar dela, então preferiu leva-la a um lugar aberto, para que ela se sentisse a vontade para fazer o que quisesse, e se sua vontade fosse lhe dar um tapa, sim, ele estava preparado para isso.
- Eu... - Ele soltou uma risada claramente nervosa, baixando a cabeça em seguida. - Me Desculpe. - Pediu. - Eu fui um estupido, uma piada todos esses anos. Me desculpe. - Pediu novamente. - Eu estava cego pelas mentiras que minha ma... - Parou. - Que a Ruth inventou sobre você e... Não fui homem suficiente para vir e conversar com você sobre isso. - Confessou.
- Do que... Do que está falando? - Perguntou, querendo confirmar se ele estava fazendo mesmo o que ela achava que ele estava, e então, viu ele suspirar antes de começar a contar pela terceira vez aquela história.
- Eu... - E lá estava ele, contando aquela história que lhe doia a alma só de lembrar, doia porque ela estava tão mal contada todos esses anos, e ele nunca parou para investigar.
- A Ruth... Inventou tudo isso de mim? - Perguntou rindo irônica. - O que te levou a investigar isso só agora?
- Eu queria poder dizer que foi eu sabe, fui eu quem tomou a iniciativa de investigar melhor as coisas, e de vir aqui pedir perdão, mas eu precisei que o Ian viesse jogar umas verdades na minha cara, e precisei que a Maite me aconselhasse sobre o que fazer, pra só então fazer e... Deus, eu entendo se você me odiar pelo resto da vida. - Explicou. - Eu fiz da sua vida, e inclusive da minha um inferno por todos esses anos.
- Porque o Ian foi falar com você sobre isso, digo, se fosse para falar sobre seu... Comportamento, ele já teria ido a muito tempo não? - E nessa hora ele travou. Sabia que contar o que estava prestes a contar, a deixaria com ainda mais raiva do que ele imaginava que ela já estava, apesar de estar particularmente calma.
- Porque eu ia pedir a guarda definitiva do Logan. - Falou direto, e aguardou a reação dela.
- Você ia tirar... O meu filho de mim? - Perguntou após uma lagrima escorrer por seu rosto. - Porque Alfonso? - Perguntou, realmente, com bem mais raiva do que a um minuto atrás.
- Porque eu queria que você pagasse por me trair desse jeito com o Manuel, e... Apesar de odiar fazer isso, eu não via melhor maneira de te atingir, se não usando o Logan. - Era algo horrível de se dizer, tanto, que ele precisou fechar os olhos ao falar, porém era a verdade.
- Então foi tudo por vingança? Todos os dias, comemorações, tudo que eu passei longe do meu filho, era por vingança? Era Alfonso? - Berrou.
- No começo sim. - E o próximo que ele viu foi a mão de Anahí lhe atingir a cara. Ela se levantou, e se virou de costas, contendo ao máximo que pode as lagrimas, e após algum tempo assim, ele se levantou, foi até ela, e mesmo tendo-a de costas para si, tornou a falar. - Mas isso foi no começo Anahí, foi antes de conhece-lo, foi quando eu ainda duvidava que ele era meu filho.
- E o que te fez acreditar? Ou você ainda não acredita que ele possa ser seu filho?
- Assim que eu vi ele pela primeira vez, assim que eu o peguei no colo pela primeira vez, eu não precisaria de teste de DNA, ou da confirmação de ninguém, eu apensa soube. Ele era meu. - Contou. - Então, sim, eu fiz tudo o que fiz porque queria te atingir, mas eu também fiz por mim. - Confessou. - Fiz porque assim como para você, o Logan era o único que me proporcionava momentos de felicidade, e eu precisava de mais disso. - Terminou por fim, e viu ela se virar, e contorna-lo, voltando a se sentar. Dessa vez ele preferiu dar a ela um certo espaço. Passaram um bom tempo assim, ele em pé, e ela encarando um ponto fixo no chão, tentando entender tudo que lhe fora dito. - Olha... Eu sei que... Deus, eu sei que o que eu fiz foi imperdoável, mas novamente... Me Desculpe. - Pediu, e se ajoelhou em frente a ela. - O Logan é seu ok. - Sussurrou, com um imenso pesar na voz, dizer aquelas palavras, acima de todo o resto que recém havia dito, o matava. Ele então se levantou, e ia saindo quando...
- Alfonso. - Chamou. - Eu te odeio. - Disse de cabeça erguida, verdadeiramente sincera. - Mas o Logan é seu filho também. - Esclareceu. - Sexta você o busca. - Terminou, se levantou, e saiu.
Aquela noite, no quentinho do seu quarto, no aconchego do abraço de seu filho, que dormia aninhado a ela, Anahí chorou. Tomou cuidado suficiente por chorar baixinho e não acorda-lo, mas Deus, como ela chorou. Chorou, porque ali mesmo, no momento em que ele havia confessado tudo, ela se dera conta de algo que queria poder nunca se dar conta... Ela o odiava, sim, de mais, mas também o amava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Todo Cambio
FanfictionSua vida não era algo da qual ela gostasse, nem seu trabalho algo do qual se orgulhasse. Ser pisada e humilhada por uma sociedade que em sua grande maioria é preconceituosa, não deve ser algo que se enquadre nos planos de alguém com apenas vinte e c...