Capítulo 6

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“Aqui” respondi da cozinha, martirizando-me logo a seguir. Devia ter ido embora antes de ele chegar, assim não haveriam justificações ou problemas. Agora de certo ele não me deixaria ir embora sem mais nem menos.

A figura masculina surgiu na entrada da cozinha e o seu sorriso meigo dirigiu-se a mim. Senti as minhas bochechas arderem enquanto corava e por  momentos senti-me nervosa pela sua presença, era estranho gostar tanto de um desconhecido, mas a verdade é que estaria em constante divida para com ele.

“Que cheiro bom” ele inalou o odor que pairava no ar devido aos meus cozinhados e aproximou-se de mim fitando o fogão. “És tu que estás a fazer o almoço? A Marina e a Annie?”

“Eu pedi-lhes para ser eu a fazer o almoço, assim podia agradecer-te pelo que fizeste por mim.” Esbocei o meu melhor sorriso sentindo-me uma completa idiota. Parece que não conseguia agir normalmente e de repente tudo aquilo que disse parecia absolutamente estúpido. Ele de certo teria chefs profissionais que cozinhassem para ele.

Será que não consigo ser um pouco normal perto dele?

“Mal posso esperar por experimentar” Liam sentou-se na mesa da cozinha esfregando as mãos satisfeito. “Adoro comida caseira” Confessou enquanto eu desliguei o electrodoméstico rindo das suas figuras. Parecia mesmo uma criança e eu sentia-me feliz por ele estar daquela forma. Depois de me ter deixado ficar em sua casa mesmo sem saber quem eu sou ou de onde venho, é normal que o queira ver feliz pois sem dúvida ele mostrou ser alguém que o merece.

Coloquei alguma comida no prato que preparara devidamente para ele e voltei a colocar o tacho no fogão tapando-o.

“Não vais comer?” Ele questionou de sobrolho erguido. “E porque é que não tens as roupas que te emprestei?” Fitou-me de alto a baixo e eu senti-me constrangida com o seu gesto.

“Não, não vou comer e não estou a usar as roupas porque eu tenho de ir andando, não me sentia bem com a roupa da tua irmã” Aprontei-me para abandonar a divisão e por fim a habitação. Mas ele impediu-me agarrando o meu braço, isto está a tornar-se num hábito.

“Não vou deixar que vás sem comer pelo menos” Obrigou-me a sentar e foi buscar outro prato colocando-o ao pé do seu. Ele à cabeça da mesa e eu ao seu lado. Depois de colocar a restante loiça e o comer, sentou-se e olhou para mim, sempre com o seu sorriso. “Assim até me fazes companhia”

Acabei por almoçar com ele e ouvi-o contar-me as suas histórias. Tinha uma banda e pelos vistos era bastante famosa. One Direction, onde é que eu já ouvi isto?

Eu limitava-me a ouvir a reagir às partes mais engraçadas e por vezes dava por mim a fixá-lo esquecendo por completo que ele estava a falar comigo. Não sei porque o fazia mas tinha uma vontade enorme de fixar cada pormenor do seu rosto, dos seus gestos, dos seus jeitos. A forma como sorriu e sotaque que soava das suas palavras ou até mesmo a forma como fazia as suas caretas troçando dos colegas davam-lhe um ar infantil e adorável. Era hipnotizante e isso assustava-me.

“Então e tu?” A questão captou de novo a minha atenção fazendo-me abanar a cabeça retornando à realidade. Fitei o seu olhar fixo em mim e senti-me nervosa ao aperceber-me da sua curiosidade.

“Bem, eu não faço parte de nenhuma banda mundialmente famosa se é isso que queres saber.” Respondi pousando os talheres e ouvindo-o rir-se.

“Pois não, mas eu pergunto-me tanto sobre uma coisa…” Ele começou como se não tivesse a certeza se deveria fazer a pergunta. E talvez eu também não quisesse que ele a fizesse pois no fundo eu sabia o que era.

“Sobre o quê?” Incentivei-o da forma mais simpática que consegui, pegando nos talheres como desculpa para não o olhar nos olhos.

“Porque é que fugiste?” A questão assustou-me e por momentos perdi controle das minhas emoções. Os talheres fugiram de novo das minhas mãos e o meu coração acelerou descompassadamente. A adrenalina escorreu nas minhas veias e qualquer movimento brusco far-me-ia dar um pulo e fugir dali o mais rápido possível. Como é que ele pode saber? “Quer dizer, eu não percebo que motivo pode levar uma jovem a fugir de casa. Tens problemas com os teus pais?” Ele acrescentou por fim e eu senti-me mais aliviada.

No entanto isto fora como que um alarme dizendo-me que tinha mesmo de sair dali o mais rápido possível, ou as coisas poderiam complicar-se drasticamente.

“É, problemas familiares, é só isso.” Respondi remexendo o comer no meu prato apercebendo-me que não tinha fome. Estava nervosa e o meu estômago estava todo enrolado. No fundo o que eu respondera não deixava de ser verdade, simplesmente não era toda a verdade.

Sentia-me mal por lhe mentir depois de ele se ter aberto comigo daquela forma, contou-me coisas que se calhar alguns amigos chegados não sabem, mas eu não podia falar. Não pela minha segurança, mas pela dele também.

(N/A: É pequeno eu sei e demorou muito pra sair, mas eu estou mesmo sem tempo. Desculpem.
além de que estou exausta pois mal tenho parado em casa :c
Enfim, espero que gostem. Se alguem quiser o capitulo apenas diga que eu dedico (:
Xoxo)
 

The Runaway  |l.p|Onde histórias criam vida. Descubra agora