Capítulo 28

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(desculpem o cap ser pequeno, mas tive mesmo a escreve-lo um pouco apressada para nao me ir deitar sem postar, como prometi ahah VOTEM E COMENTEM siim? obrigada xx)

Vou tentar contar-te. Pausadamente, como se te estivesse a contar as histórias que sempre costumava contar-te ao jantar, ou até mesmo antes de adormeceres nos dias em que não cantava. Costumava contar-te tanta coisa. Lembras-te dessas histórias? Eu lembro, cada uma delas ao pormenor. Mas melhor do que elas, lembro-me das tuas expressões interessadas mesmo quando já estavas mais adormecida do que acordada, com medo de magoares os meus sentimentos, deixavas-te fingir estar a ouvir. Fingir. É o que sabes fazer melhor não é? Foi tudo um fingimento para ti, Melanie? Espero que não te importes que te continue a chamar de Melanie, mesmo que não me oiças, mas é o único nome que te conheço. Sim, eu sei o teu verdadeiro nome, mas não sou capaz de to chamar enquanto não fores tu própria a apresentar-mo. Estranho, eu sei.

Depois de teres ido embora, depois de te procurarmos por toda a cidade de Londres e Wolverthampton, fui obrigado a desistir. Os agentes entraram numa tarde solarenga, quando me recordava do quanto tu adoras essas tardes e aproveitavas sempre para dar um passeio mesmo que fosse sozinha, e disseram-me tudo. Bem, não tudo talvez porque eu ainda espero aquela explicação. Ela existe, não existe? Eu espero que sim. Sim, eu espero que sim. Por muito que me custe admiti-lo eu sei que vou sempre esperá-lo. Mesmo que o Louis volte a gritar que ela não existe, mesmo à minha frente, de rosto exasperado e mãos agarradas aos meus braços abanando o meu corpo freneticamente numa esperança desmedida de que eu reaja, eu vou sempre esperá-lo.

Hoje tomei coragem para falar com o meu advogado sobre ti. Explicou-me que a tua situação é muito delicada. Sabes que foi muito pior por fugires não sabes? Mas eu gosto de pensar que és apenas como um pequeno pássaro que fugiu da gaiola em que o queriam prender. Infelizmente nem o juiz, nem o júri vão pensar dessa maneira.

Bem, mas o que Christofer, o meu advogado, disse não foi apenas isso. Aparentemente se alguma vez te conseguirem encontrar (será que vão, Melanie?) serás levada ao tribunal internacional de justiça para a acusação de crimes contra a humanidade. Mas ele diz que não te poderão fazer nada porque o teu julgamento provavelmente levaria ao início de uma guerra que ninguém quer. Queres a guerra Melanie? Não imaginas como é aborrecido, triste e vergonhoso esperar sempre a tua palavra depois da minha pergunta, esperar sempre a tua opinião prontificada depois de cada assunto. É tão injusto o que o mundo fez connosco não é? Foi injusto para ti como foi para mim? Porem o amor nas nossas mãos para depois nos cortarem pelos pulsos. Seguraste o amor nas tuas mãos? Egoistamente espero que sim.

Como não te vão conseguir julgar acredito que te vão mandar deportar e terás de regressar ao teu país de origem. Andy tem esta teoria maluca de que se calhar tu já sabias e é disso mesmo que estás a fugir. Será verdade? De que foges tu afinal Melanie?

“Acho que encontraram alguma coisa.” Christopher indicou-me quando entrou na sala. Será que te encontraram? “Um velho investigador que agora trabalha como detective privado. Ao que parece ela andava a pagar-lhe para investigar a tua empregada, a Marina” Acrescentou ao ver a minha expressão inquisidora.

Engoli em seco e senti o travo amargo da inconsciência descer-me pela garganta. Porque quererias tu saber da vida da minha empregada?

“Ainda não conseguiram tirar informações algumas dele, mas não deve demorar a falar. Tem casca de cobarde, ele vai falar.” O doutorado assegurou-me com um sorriso convencido. Não lhe consegui retribuir, e sabes porquê? Porque apesar de toda a vontade que tinha de esclarecer eu sei perfeitamente que eu não gostaria de ouvir a verdade, tal como não gosto de ouvir a realidade de zumba nos meus ouvidos todos os dias. Tu causaste isto Melanie, tu criaste uma barreira que se ergueu ao redor da minha mente e mantiveste a tua imagem presa lá dentro para que eu não visse mais nada, não é? Não te censuro, eu é que fui burro e imaturo o suficiente para me deixar levar nas tuas cantigas orgulhosas de um anjo enamorado.

The Runaway  |l.p|Onde histórias criam vida. Descubra agora