Capítulo 22

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                   (Capítulo escrito no tablet, desculpem pelos erros)

A noite caiu e a escuridão foi arrastada por ela, sobrevoando as nossas cabeças, talvez até as nossas almas, quem sabe? Radicalistas diriam que a nossa alma já esta suficientemente embebida na podridão, não precisaríamos da noite para a afogar no escuro, no incógnito maligno.

Não tive coragem  de sair de casa, de atender às chamadas de Liam ou de Annie durante a tarde. O telefone de casa tocava vezes seguidas e provavelmente deveria ficar preocupada com tanta insistência mas depois cheguei a conclusão que deveriam ser eles a estarem preocupados por não terem noticias minhas. Não que eu tivesse alguma missão por fazer mas aparentemente Liam tinha medo que eu desaparecesse e não era capaz de ficar o dia inteiro sem ter a certeza que ainda estava em casa. Por alguma razão não consigo odiar a sua atitude ou sentir me controlada. Por alguma razão fazia sentir-me protegida. Nada que a verdade se não pudesse destruir.

De cotovelos sobre os joelhos e cabeça apoiadas nas mãos, deixei-me ficar sentada na berma da sua cama. As memórias da noite anterior juntamente com a empregada habitavam a minha consciência ceifando qualquer vestígio de felicidade ou estabilidade. O interior da minha cabeça tornou-se num inferno enquanto as decisões continuam sem surgir. Tudo o que fiz naquelas horas foi chorar, sentia-me incapaz de pensar ou formular um plano. Estou a ficar fraca, tornei-me fraca no momento em que prometi que o deixaria proteger-me, talvez já o fosse antes disso, talvez me tenha tornado assim no momento em que entrei na sua casa e me deixei levar pela sua ajuda.

So quando o relógio bateu nas nove horas da noite me senti capaz de erguer a cabeça e limpar o sal que marcara caminho nas maçãs do meu rosto à passagem das pérolas de água, consequência de um choro. Estava a vacilar. Hiperventilar. Tudo o que tinha de fazer era acalmar-me e colocar as cartas todas na mesa, ver e prever acções, eliminar ameaças e arranjar soluções. Tão simples como isso.

Ergui-me por fim e caminhei para o meu quarto onde me despi para tomar um duche e limpar o pânico instalado no meu corpo.

Primeiro paço, o problema. Contar ou não contar? Deixar o Liam saber a verdade pela minha boca talvez fosse a melhor forma de o fazer compreender o meu lado, que nada do que aconteceu estava ao meu alcance de parar. Estava?  Talvez estivesse mas, mais uma vez, fui fraca de mais para para-lo. Talvez não fossem os meus sentimentos por ele que me tornassem assim, talvez seja parte de mim. Fraca, incapaz. Isso leva-me a concluir que eu não podia arriscar perde-lo, e contar-lhe certamente seria o primeiro passo para isso acontecer. Nunca mais séria capaz de me olhar nos olhos sem pensar em tudo o que aconteceu, sem que aquele horror passasse na sua mente. Eu não podia arriscar isso, seria o meu fim e talvez fosse egoísta pensar assim mas ele próprio me fez prometer para o deixar proteger-me. Saber a verdade vai revirar a sua mente e ele não será mais capaz de o fazer. Conclusao: não contar.

Sai do duche e enrolei o meu corpo na toalha e soltei o cabelo, o qual tinha apanhado para não o molhar, e voltei ao quarto vestindo-me. Algumas das roupas ainda eram das irmãs de Liam mas a maior parte agora eram as que ele me comprou como forma de pagamento dos meus serviços culinários. Embora ainda me sentisse relutante em aceitar, Liam fazia sempre questão de me relembrar a promessa.

Segundo passo: identificar, eliminar ameaças e arranjar soluções. Estava fora de questão tirar a vida a alguém. Não podia faze-lo mesmo que não me sentisse responsável por muitas mortes. Mas a ameaça estava mais do que identificada: Marina. A empregada portuguesa que me ameaçara contar a verdade se eu própria não o fizesse. Mas estava fora de questão deixar que ele soubesse a verdade. A melhor solução seria deixar que a mulher fosse despedida e faze-la abandonar as nossas vidas sem que a sua boca se abrisse. Agora com a tour não teria contacto com ela por alguns meses e seria a oportunidade perfeita para arranjar maneira de a fazer ir embora sem que Liam entrasse em contacto com ela. havia sempre a hipótese de ela refutar o seu despedimento em tribunal sem a apresentação de justa causa, mas dada a sua nacionalidade e o pouco que deve saber provavelmente nem deve ter noção dos direitos que tem. Ainda assim e melhor prevenir de alguma forma. Conclusao: arranjar um detective ou talvez eu própria fazer essa pesquisa.

Desci para o andar inferior enquanto fazia uma trança do meu cabelo. Fiz o meu jantar e deixei um pouco para o caso de Liam ter fome quando chegasse. Depois disso fiz algumas pipocas como sobremesa e fui para a sala onde fiquei a ver um filme. Que passaram a dois e depois a três.

"Melanie" o meu nome foi soprado num pequeno sussurro, mas não me movi. Sentia o meu corpo demasiado pesado para isso e só então dei conta que tinha adormecido no sofá. Depois um pequeno risinho surgiu sobre o som que provinha da televisão. Esta deve ter sido desligada logo a seguir pois qualquer barulho foi dissipado.

Apercebi-me de que era Liam quando o meu corpo foi erguido e os seus braços deslizaram pelas minhas costas e pernas enquanto ele me carregava como se fosse uma noiva. Podia conhecer o seu toque e o som da sua respiração de qualquer forma. Assim como os pequenos queixumes quando perdia o equilíbrio e era obrigado a encostar se as paredes.

"Quando te casares vais ter sérios problemas." Resmunguei contra o seu peito sem abrir os olhos. Ele riu-se um pouco e o som tornou-se numa melodia suave para os meus ouvidos. E mesmo que não o visse conseguia imaginar os seus olhos semicerrados enquanto o som provinha da sua boca que se tornara no meu maior vício desde a noite anterior com o nosso primeiro beijo.

"Vou esperar que percas alguma peso até à data." Acabou por responder quando entramos no seu quarto.

"Ja vi melhores pedidos de casamento." Atirei se pensar. Não entendia porque mas uma espécie de barreira estava a impedir me de pensar naquela conversa. Mas ela não devia de existir, nem sequer devia de haver esta conversa.

"Tens razao, mereces muito mais do que isto." O meu coracao apertou com alguma forca enquanto ele me deitou sobre a sua cama. Eu não merecia nem metade do que ele tem feito por mim quanto mais o que ele estava a dizer. Não merecia nada além de uma cela onde me pudesse  fechar numa solidão eterna, ou talvez mesmo o fim dos meus dias.

"Não digas isso." Pedi quando finalmente o ouvi deixar-se ao meu lado. Os seus braços vieram ao redor da minha cintura puxando-me para si.

"Porque?" As minhas costas colidiram com o seu peito e um beijo seu foi plantado na minha nuca. Ao encarar o meu silêncio ele deve ter concluído que eu não ia responder. Era demasiado para mim faze-lo, mentir-lhe ou engana-lo era pior do que tortura. "Não queres trocar de roupa? Talvez seja, melhor não dormires assim vestida."

"Não devia estar aqui deitada para começar."

"Mas estas, e se ainda não te levantaste e porque queres. Talvez não seja tão errado assim." Um suspiro caiu dos meus lábios libertando os meus pulmões do ar excessivo que não sabia que guardava. Mas não era, de todo, um suspiro de alívio.

E nenhum dos dois voltou a falar.

( não faço ideia do tamanho deste cap mas espero que seja grande o suficiente.

já acabei de ler o último livro do the hunger games e não posso dizer se estou feliz ou não se não há pessoas que vão perceber o final xD

anyway queria agradecer vos IMENSO PORQUE OS VOSSOS CONTAR I OS FORAM TIPO AWESOME e subiram bastante, deu me vontade mesmo de continuar isto e fazer tudo para a tornar melhor e não a despachar :3

POR FAVOR CONTINUEM A COMENTAR E A VOTAR ♡

XX)

The Runaway  |l.p|Onde histórias criam vida. Descubra agora