Capítulo 13

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Leiam a nota de autor por favor

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“Sabes do que é que tu precisas?” A sua voz familiar pronunciou enquanto me puxava para me levantar do banco de jardim. Olhei-o confusa e ele riu-se. “Vamos à pista de patinagem”

“As pistas de gelo aqui não servem de nada, são horríveis” Comentei dando um novo gole no sumo de frutos vermelhos que tinha na mão. Ele revirou os olhos e insistiu para que fossemos.

Eu acabei por ceder ao seu pedido, sentindo-me incapaz de contraria o meu melhor amigo. Pedro pareceu bastante satisfeito com a situação e puxou-me directamente para o recinto que não ficava muito longe do Rossio. Era Inverno e já passaram dois meses desde toda a história com o César. Nunca mais quis pensar naquilo, embora o medalhão da Nana ainda fosse uma das minhas prioridades.

Tenho-me fechado muito ultimamente, assim que termina a escola volto logo para casa e raramente saio com os meus amigos. Eu sabia que não devia agir assim mas sentia-me incapaz de agir de outra forma perante tudo o que tinha acontecido. Eu vim uma faceta da minha vida que eu ainda estava a tentar digerir e isso estava a dar cabo de mim.

“És um idiota e se eu morrer hoje a culpa é tua” acusei enquanto me tentava equilibrar sobre os patins. O gelo era artificial e de péssima qualidade o que dificultava ainda mais a minha falta de jeito.

“Não sejas dramática” ele gozou dando algumas piruetas e andado à minha volta enquanto eu me sentia uma completa totó.

O seu riso era harmonioso e sempre me fazia lembrar a de uma pequena criança. Sempre gostei de o ouvir rir e por vezes procurava ser o motivo do seu riso porque era algo que me fazia feliz, de verdade.

Pedro finalmente parou à minha frente agarrando as minhas mãos. Os seus olhos claros fixaram-se nos meus com bastante intensidade, a qual só ele sabia fazer.

“Eu ajudo-te princesa” Puxou-me mais para si deixando os nossos rostos ficarem a escassos centímetro. Todo o meu interior vibrava extasiado com aquela proximidade. Queria deixar-me cair nos seus braços e beijar os seus lábios carnudos sem pudor. Eu desejava-o.

“Mel, estás a ouvir-me?” A voz masculina captou de novo a minha atenção e eu voltei a encarar a figura ao meu lado.

“Desculpa, podes repetir?” Perguntei mordendo o lábio inferior um pouco embaraçada e ele apenas de riu de mim.

“Amanhã os meus pais vêm cá jantar, podes fazer algo mais elaborado por favor?” Pediu fazendo um terno beicinho ao qual, mesmo que quisesse, não iria resistir.

Já tinham passado duas semanas desde que estava em casa dele e por incrível que pareça não tivemos mais grandes discussões. Todos estes dias tinham sido fantásticos e eu estava a adorar aquele tempo. Concordámos que, até conseguir arranjar forma de encontrar um trabalho, eu ficaria como sua cozinheira como forma de pagamento por estar ali a morar. Ele dizia que adorava os meus cozinhados então eu não protestei muito, pois eu sabia que isso ia deixá-lo triste de novo.

Cada vez me sentia melhor quando estava junto dele e maior parte das vezes, quando ficava sozinha em casa enquanto ele ia trabalhar, dava por mim a sentir a sua falta de uma forma bastante assoladora. Sentia vontade de ouvir o seu riso, de ouvir a sua voz a chamar por mim, das suas palavras reconfortantes e a forma como refila sobre as notícias que saem sobre si nas revistas ou nos sites das fofocas.

Até já sobre mim se falava, mas a meu pedido, o Liam proibiu que qualquer imagem minha fosse publicada sob pena de processo. Por isso sentia-me um pouco mais confortável quando tinha de ir à rua, embora ainda haja muita gente a abordar-me para me fazer perguntas e algumas raparigas até querem tirar fotografias comigo. Por muita boa vontade que tivesse de o fazer, eu não podia arriscar-me à exposição desta maneira, seria o meu fim por completo.

“O-os teus pais?” Questionei sentindo-me de repente bastante nervosa. A ideia de ter os pais do Liam naquela casa ainda por cima comigo a servir-lhes o jantar era deveras… assustador. Como é que eu iria estar? E o que iria fazer? E se eles não gostassem?

“Não te preocupes, os meus pais são pessoas muito simples e tenho a certeza que eles te vão adorar” Ele tentou tranquilizar levando uma outra garfada à boca. Eu pousei os talheres tentando recompor a minha respiração e o meu estado de ansiedade vendo-o rir das minhas figuras. “Vá Mel, eles não são maus acredita. E sabes como é, eu ando sempre em tour, tenho de aproveitar sempre para estar com eles”

“Eu sei…” murmurei imaginando-me a receber o casal ali em casa. Provavelmente vou começar a gaguejar e eles vão achar que sou uma doida. Eu não sei porque é que eu estava tão preocupada acerca do que os pais dele iriam achar de mim, mas a verdade é que esta questão estava a perturbar-me bastante. Até as minhas mãos começara a tremer bastante.

“E tu também vais gostar deles, aposto” acrescentou limpando a boca com um guardanapo. Tentei pensar noutras coisas para poder desfazer o nó no estômago e terminar a minha refeição sem problemas, mas estava a tornar-se difícil demais. A imagem da mãe dele a olhar-me com desprezo não saía da minha cabeça e estava a pôr-me ainda mais assustada que antes.

“Por favor… por favor menina” uma voz arrastada surgiu atrás de mim enquanto eu retirava os patins dos meus pés. Olhei na direcção de onde provinha o som e assustei-me ao ver uma velhinha estendo as mãos na minha direcção.

Nunca na minha vida tinha visto tal criatura e a imagem assustou-me, devo admitir. O seu rosto era coberto por um manto de rugas, criado pela passagem do tempo e do esforço pelo seu corpo miudinho. Os dentes eram feios e negros, enquanto os cabelos palidamente brancos.

“por favor menina ajude-nos… “ Ela continuava na sua voz seca e azeda.

Todo o meu corpo estava bloqueado pela imagem que permanecia à minha frente e eu não sabia como reagir, não sabia o que fazer ou dizer naquele momento. Ajudar de quê? Porque é que esta mulher está aqui? O que é que ela quer que eu faça?

“Hey tu, não podes estar aqui!” Um dos seguranças gritou e quando me apercebi ele agarrara a velha com a maior das brutalidades. Ouvi-a queixar-se das dores enquanto tentava protestar e soltar-se.

“Largue-a, está a magoá-la” Gritei para o homem que simplesmente ignorou a minha ordem levando a mulher para algum lugar que eu não sabia.

Ajude-nos.

A sua voz permanecia a ecoar na minha mente matutando sem cessar.

Ela vai descobrir as monstruosidades que faz.

Foi o que o velho disse no escritório do meu irmão. Será que o estado daquela pobre senhora era por causa de César? Mas ela queria ajuda para quê? Ela falou em «nós», quem são os «nós»?

Eu já não sei o que pensar, tudo parece estar a cair aos bocados e a minha cabeça é incapaz de reconstruir tudo de novo para encontrar respostas a todas as suas perguntas.

“Melanie, respira, calma, vai ficar tudo bem” A sua voz tentou acalmar-me enquanto as suas mãos macias prendiam o meu rosto entre si.

Os seus olhos achocolatados fixavam os meus tão suavemente que por momentos senti as borboletas irem embora.

Acabei por me afastar das mãos para olhar o vidro do fogão, verificando que o suflê ainda estava em boas condições. Quando finalmente o som da campainha ecoa pela casa fazendo todo o nervosismo voltar.

Soltei um pequeno guincho ouvindo o riso do rapaz logo a seguir enquanto abria a porta para os seus progenitores entrarem.

É agora ou nunca.

 (N/a: Bem eu queria só avisar que como recebi hoje o teste de português e tive 13,3 - de 0 a 20 - e e esta foi tipo A MINHA PIOR NOTA DE SEMPRE, quando recomeçarem os testes eu provavelmente vou postar APENAS E SOMENTE ao fim de semana. 

Além disso, estou doente e peço desculpa por não postar com tanta regularidade, mas isto está complicado.

espero que compreendam e que pelo menos estejam a gostar da história

obrigada POR TUDO <3

xoxo)

The Runaway  |l.p|Onde histórias criam vida. Descubra agora