Capítulo 14

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(Primeiro: eu não era para postar já que os comentários, as reads e os votos estão da maneira que estão, mas pronto.

Segundo: PARA QUE NÃO SABE, o que está a negrito são memórias da Melanie!! ahah
pronto, acho que é tudo.

espero que gostem,  

ah! E SÓ VOLTO A POSTAR quando os números (votos, reads e comments) voltarem ao normal (:
lamento, mas isto é importante para mim e preciso de saber se estou a ir bem, ou se estou a desperdiçar o meu tempo...

xoxo)

Karen e Geoff entraram na habitação cumprimentando o filho meigamente. Todo o meu interior suplicava por um buraco onde me pudesse esconder, mas ele não iria aparecer e eu sabia que mesmo que o fizesse eu não me podia esconder nele. O casal caminhou vagarosamente na minha direcção sorrindo abertamente. Estavam vestidos de forma simples e discreta, tal como o Liam disse que seria. De repente senti que o meu vestido bordô demasiado inapropriado para a ocasião. Será que eles iam achar que sou muito fútil? E se não gostassem de mim, o que é que o Liam ia achar de tudo isto?

“Olá, eu sou a Karen a mão do Liam” A mulher aproximou-se primeiro para me beijar as faces e eu aceitei o cumprimento retribuindo-o. Cheirava a frutos vermelhos, o que me agradou imenso.

“Sou a Melanie e t-trabalho para o seu filho” tentei parecer o mais educada possível sentindo a minha voz fugir-me devido aos nervos. Eu tenho de me acalmar, o que é que está a acontecer comigo? Porque é que eu tenho sempre de dramatizar tudo?

“Liam? Tu disseste que ela era tua hóspede.” Karen voltou-se para o cantor que desfez o próprio sorriso assim que se apercebeu do que a mãe dissera e afastou-se do pai, com quem conversava, aproximando-se de nós.

“A Melanie tem feito de minha cozinheira para poder compensar o facto de a ter deixado ficar a viver aqui.” Ele esclareceu calmamente e a mãe simplesmente assentiu, embora estivesse um pouco desconfiada. O que é que ela ia pensar de mim depois disto?

“Bem, eu sou o Geoff” o homem mais velho interrompeu o silêncio que se haveria instalado e eu voltei a apresentar-me enquanto o cumprimentava.

Dirigimo-nos todos para a sala e eu informei que o jantar não deveria demorar muito mais tempo. Eles assentiram e começaram a conversar entre si, enquanto o Liam contava tudo o que ia acontecer na sua próxima tour que não tardava muito em começar.

Ele ia andar a viajar pelo mundo e eu ia ficar aqui, sozinha, desprotegida. Se eu já me sinto mal quando ele passa o dia fora, no estúdio ou em entrevistas, como é que eu vou ficar quando ele passar quase um ano inteiro fora? Talvez fosse a minha melhor oportunidade para me ir embora mas a verdade é que essa ideia cada vez me custava mais a querer realizar, estas semanas tinham sido tão boas, tinha experimentado tantas coisas que já não sentia há um montão de tempo. Gostava da maneira carinhosa como ele me tratava, a maneira como gostava de ter tudo arrumado e reclamava quando não encontra aquilo que quer. Gosto da forma como faz caretas quando algo inesperado acontece ou do seu sorriso doce quando fica feliz. Eu ia sentir a falta disso, eu sei que vou, mas eu também sei que não posso ficar aqui pois isso só vai prejudica-lo.

“Melanie, desculpe ser assim indiscreta mas és actriz ou algo do género?” A mãe de Liam questionou-me olhando o meu rosto com atenção. Fiquei espantada com a sua pergunta, mas ao mesmo tempo eu já sabia o que viria a seguir e isso assustava-me.

“N-não senhora.” Respondi sentindo-me capaz de vomitar tudo o que comi ao almoço. O Liam apercebeu-se da situação e aproximou-se um pouco mais de mim sorrindo-me docemente, ele sabia mesmo como me acalmar. Como é que ele faz isto?

“Hm, é que eu tenho a sensação de que te conheço de algum lado.” Karen acabou por admitir um pouco pensativa. O pânico começou a instalar-se, por favor pensa em algo, não podes deixar as coisas ficarem assim.

“M-muita gente me diz isso” Sem que eu desse conta a minha mão agarrou discretamente a de Liam e apertei-a com alguma força vendo-o olhar-me preocupado. Eu não o queria preocupar pois isso ia deixá-lo desconfiado de mim e eu não posso deixar que desconfiem de mim, nem por um segundo. “Acho que devo ser parecida com muita gente” Encolhi os ombros tentando parecer descontraída vendo a mulher rir um pouco junto com o marido.

Eles prosseguiram uma nova conversa mais animada e deixaram-me entrar na mesma, fazendo-me algumas perguntas banais as quais não tive problemas em responder. Não houve nada de “de onde vens?” “onde moravas?” ou “o que pensas fazer no futuro?” e eu fiquei feliz por isso, não queria ser forçada a mentir, muito menos aos pais do Liam.

Karen e Geoff pareciam tão boas pessoas e faziam-me lembrar os tempos em que também tive uma família. Tinha saudades disso, era tão inocente e sonhadora nessa altura, tão ingénua. Acreditava em tudo o que me diziam e gostava de pensar que existiam outras princesas e príncipes como eu e que um dia construiríamos um reino encantado para todos serem felizes. Agora acho isso tão ridículo e impossível. O mundo não é um reino encantado e muito menos um sítio onde as pessoas são honestas e espontâneas. Bem pelo contrário.

“Marecelo?” Chamei do banco de trás olhando-o pelo retrovisor. O motorista fez o mesmo para mim, indicando para eu prosseguir. “Gostas do meu irmão?”

“Como assim menina?” Eu sabia que ele se apercebera do sentido das minhas palavras, mas ainda assim ele tentou arranjar forma de contornar a minha questão. Ele sempre fora fiel ao meu irmão, nunca conseguiria arrancar nada dele, mas vale sempre a pena tentar.

“Ele alguma vez de tratou mal?” Com esta pergunta, um silêncio instalou-se no automóvel e eu cruzei os braços enquanto esperava a minha resposta, que tardou em chegar.

“N-não, porque pergunta?” Ele estava a mentir e eu sei que está e ele próprio sabe que eu sei, mas ainda assim prefere fazê-lo. “A menina não acha que o senhor César-“

“Eu não acho nada.” Interrompi-o um pouco mais chateada do que aquilo que eu pensava estar. Mas a verdade é que estava farta de ser mantida no escuro e detestava que me mentissem. “Mas eu quero saber o que se está a passar Marcelo, têm acontecido tantas coisas que me têm deixado com bastantes dúvidas em relação a tanta coisa.” Acabei por confessar e o motorista voltou a olhar-me pelo espelho. Ele estava com medo de alguma coisa, mas eu ainda não percebi o quê.

“Que tipo de coisas?”

“Primeiro quero que me digas a verdade, o meu irmão alguma vez foi rude contigo ou não?” Olhei-o bastante séria, esperando uma resposta sincera, mas ele permaneceu calado retirando o olhar do espelho para a estrada.

“Oh não” deixei escapar assim que vim o suflê baixar imenso. “Isto não me pode estar a acontecer” Senti as lágrimas virem-me aos olhos enquanto a refeição que tanto me custara a fazer se estava a arruinar.

“O que se passa Mel?” Liam entrou na cozinha olhando para o meu rosto choroso e depois para o tabuleiro com a comida, entre as minhas mãos. “Oh não fiques assim, ele ainda se pode comer, não ficou foi alto como deveria” ele deu uma pequena risada retirando-me o tabuleiro das mãos e colocando-o em cima da bancada.

“Não, isso deve estar horrível” Comecei a dramatizar vendo-o agarrar o meu rosto entre as suas mãos obrigando-me a olhá-lo nos olhos. Aquele chocolate intenso e brilhante fixo em mim estava a criar-me arrepios pela espinha acima.

“O que se passa Mel? Tu não és assim, porque é que estás tão nervosa?” Ele perguntou com um sorriso miudinho. Ele sabia o que se passava, no fundo, mas parecia saber-lhe bem ouvir da minha boca que eu estava nervosa porque tinha medo que os seus pais não gostassem de mim.

The Runaway  |l.p|Onde histórias criam vida. Descubra agora