Capítulo 24

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A minha ideia foi bem aceite pelos rapazes e pelo management. Todos acharam que seria bom fazer algo diferente para os fãs e eu apreciei o facto de ter podido ajudar de alguma forma para algo com a banda, já que agora sou a secretária deles e me deveria habituar a tudo isto. O ritmo em tournée era acelerado e mal tínhamos tempo para um descanso a sério. Liam dorme cerca de 5 horas por noite, se chegar a tanto e mesmo que partilhemos o quarto (com muita insistência dele- algo que até me surpreendeu, não pela insistência, mas por me ter deixado tão feliz) praticamente só estamos juntos para trabalho. Vou buscar os cafés, comprar as águas ou comprimidos para as dores de garganta, organizo agendas, envio e recebo mensagens constantes mas nunca por telemóvel. Resumindo, eu própria corro muito de um lado para o outro e muitas vezes nem chego a dormir para poder organizar a conta do Liam no twitter (uma espécie de rede social com a qual tive de me acostumar) já que ele insiste que não gosta de deixar as fãs penduradas. Nunca o fiz com os outros rapazes, embora o Niall me tenha pedido uma vez, mas não acho correto ser eu a mexer numa conta que lhes pertence. Com tudo o que tem acontecido quase me esquecia do detective que pretendia contratar para arranjar forma de afastar a Marina da minha vida. Quase. Acabei por encontrar alguém que me transmitiu confiança suficiente e era discreto, além do bom serviço. O último ficheiro que recebera referia as suas desconfianças quanto à legalidade da mulher neste país e um click surgiu na minha cabeça. Se a Marina fosse mesmo ilegal e - pelo que Liam me contara - ela já estava aqui à uns bons anos, provavelmente seria deportada caso fosse descoberta. Não precisava de fazer com que isso acontecesse, bastava relembra-la desse pormenor.

Sinto-me muito mal por ter de lhe fazer isto. Sinceramente sinto-me mais próxima daquilo que tenho evitado ser do que aquilo porque tenho lutado. Mas não havia como voltar atrás. O comboio dos acontecimentos já estava em grande velocidade e se o travasse agora acabaria por descarrilar. E isso poderia trazer consequências irreparáveis, não para mim mas para aqueles por que criei sentimentos bastante profundos. Não só o Liam, mas também os outros rapazes porque todos eles têm sido bastante amigáveis comigo e sempre me fizeram sentir bem-vinda, ou até mesmo as namoradas deles, além da família do Liam ou até mesmo a Annie que se tornou uma boa amiga e falo com ela sempre que posso. Pensar em tudo isto fazia-me ter dores de cabeça e ficar nervosa. Já acontecera algumas vezes os pesadelos assaltarem a minha mente durante a noite e o Liam acordar sobressaltado, tentando acalmar-me logo depois. Esses momentos faziam-me sentir ainda mais culpada, não só por fazê-lo perder os poucos momentos de descanso, mas também porque toda a forma como ele trata, a sua preocupação, o seu carinho, tudo isso estava a ser pago com uma mentira que me corroía por dentro. Estava a destruir-me e eu começava a perguntar-me quanto tempo aguentaria mais. Mas logo os seus olhos doces encontravam os meus, os seus lábios saboreavam a minha boca num fervor meigo e eu esquecia por completo o que atravessava a minha mente. Nunca houve um pedido propriamente dito, nem nunca o ouvira dizer que me amava (nem eu me atrevia a dizer-lho) mas sentia como se pertencêssemos um ao outro. Sentia a minha pele arrepiar-se de julgamento quando via raparigas abraçá-lo e beijá-lo sem amanhã, quando as jornalistas ou apresentadoras o olhavam com a fome do desejo. Mas nunca me atrevi a abrir a boca para exprimir qualquer sentido de ciúmes, nunca teria essa coragem.

"Tudo pronto?" Murmurei para o pequeno auscultador no meu ouvido. Sustinha uma pasta entre as mãos com os horários e todos os registos para manter o evento em ordem. Os produtores e marktiers também tinham papéis idênticos aos meus. Havia seguranças por todo o lado e a polícia havia tomado conta das ruas. Os fãs acumulavam-se à porta do edifício e eu sorri ao constatar a adesão do público. Tudo aquilo consistia numa exposição que os One Direction fariam para os fãs como agradecimento, o que eles não sabiam é que os rapazes estariam na exposição. A ideia foi feita em Nova Iorque, onde a imprensa é mais forte e se tudo corresse bem criaríamos outras pela América Latina, Europa, Austrália e Japão. Estava um pouco receosa que isto me colocaria numa posição fácil à exposição mediática mas, ainda assim, continuei arriscar. Depois de receber uma resposta afirmativa por parte da equipa de produção dei finalmente a ordem para que permitissem a entrada do primeiro grupo.

The Runaway  |l.p|Onde histórias criam vida. Descubra agora