Epílogo [1]

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(Vestido da Melanie no Link Externo (: )

O vestido caiu-me, alongando-se pelo meu corpo. O branco contrastou com a minha pele morena e a maquilhagem realçou-se na luminosidade do momento. Os nervos incandesciam na minha pele e sentia o corpo aquecer ao mesmo ritmo acelerado dos batimentos do meu coração. Karen obrigou-me a sentar de novo para ajeitar o meu cabelo e colocar a tiara no mesmo, deixando o véu imensamente comprido cair-me pelas costas e encontrar o chão atrás dos meus pés.

“Estás linda, minha querida.” A sua voz nasalada e emocionada pronunciou enquanto eu me erguia para ver o resultado final.

Aquilo não podia estar a acontecer, era surreal de mais para ser verdade. Eu tinha apenas 19 anos e estava prestes a casar-me, a unir-me com o homem da minha vida que para além de me fazer a mulher mais feliz do mundo, estava também a salvar-me. Como é suposto reagirmos a isto? Como é que podemos agradecer a alguém por isto? Nunca será suficiente, nunca será merecedor dele qualquer que seja e, por isso, terei de passar o resto da minha vida a tentar fazê-lo e mesmo assim não irá chegar. A loura ajeitou de novo o tecido branco que caía da minha cabeça e as lágrimas eram proeminentes nos seus olhos. As maquilhadoras e cabeleireira sorriram satisfeitas com o trabalho e não tardaram em sair dando lugar a Annie, Harry e Andy que abriram os lábios em sorrisos enormes ao me verem.

“Nesses fatos até parecem apresentáveis.” Trocei dos rapazes tentando afastar a emoção do ambiente que emanava no quarto. Não queria chorar, não queria que os meus nervos se alastrassem pelo meu ser e me fizessem hiperventilar.

“Não abuses da sorte piolha, podes ser a noiva do meu melhor amigo mas ainda te viro ao contrário.” O louro aproximou-se de mim colocando as mãos na minha cintura para me tentar virar mas eu afastei-me com algumas gargalhadas e Karen pressionou a sua mão contra a nuca do rapaz.

“Ai de ti que estragues a nossa obra de arte Andy!” Ela ameaçou enquanto ele se queixava de todos nos rimos da situação.

“Os convidados e o Liam já estão todos no jardim à tua espera.” Annie revelou com um sorriso dócil e apertando a minha mão entre os seus finos dedos. A menção do seu nome era o suficiente para fazer os nervos virem de novo e criarem o alvoroço que eu tentava evitar. Mas era mais forte que eu, nunca poderia pará-lo, só de o imaginar à minha espera, o medo de que ele desistisse de tudo no último momento, as duvidas, as exaltações, o futuro, tudo era suficiente para me fazer ficar assim e não havia forma como travá-lo.

“Quem é que vai com ela até ao altar?” Karen acabou por questionar com o olhar a saltitar entre os dois rapazes. Harry sorriu e ergueu a mão na minha direção. Sorri-lhe meigamente, soltando a de Annie para agarrar a sua.

“Já que eu sou o padrinho o Harry pode levá-la.” Andy respondeu enquanto eu enlaçava o meu braço no do outro rapaz que parecia mais radiante com a situação do que seria de esperar.

Os três restantes acabaram por sair à nossa frente e o silêncio instalou-se no quarto enquanto Harry colocava o bouquet de tulipas brancas nas minhas mãos. Respirei fundo algumas vezes procurando o ar que escasseava nos meus pulmões. As flores tremelicavam devido às minhas mãos agitadas e o moreno olhou para mim com um sorriso divertido.

“Está tudo bem Mel?” Questionou com um risinho e eu olhei-o de relance com a mentira na ponta da língua. Mas os seus olhos expectantes e sabedores da resposta verdadeira impediram-me de o fazer.

“Não, está tudo mal! E se ele não quiser mesmo isto? E se daqui uns dias estamos a separar-nos? E se ele acha que eu sou um monstro na verdade e só está a fazer isto porque se sente obri-“ Os seus dedos pousaram nos meus lábios e a sua gargalhada infantil propagou-se pelo meio fazendo-me olhá-lo confusa. Tinha assim tanta graça os meus medos?

The Runaway  |l.p|Onde histórias criam vida. Descubra agora