Capítulo 2

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"19. Porquê?"

"E não os conheces? Quase todos os jovens de hoje em dia sabem quem são os One Direction" Ela parecia verdadeiramente surpreendida ao dizê-lo, mas eu não entendia porquê. Na verdade o nome não me era estranho, mas vivi demasiado tempo fechada para saber da sua existência.

"Pois, mas eu nunca tive muito interesse nessas coisas." Tecnicamente não era mentira, eu nunca tive interesse em coisas como esta pois nem sequer sabia o que eram. Ela não disse mais nada focando-se na estrada durante alguns minutos. 

Trinquei de novo a minha sandes sentindo o meu estômago parar todos aqueles protestos grotescos. O sabor do bacon invadiu a minha boca e eu sorri satisfeita por isso. Era a única coisa que comia direita nos últimos 10 meses, acho eu. 

"Vou parar para ir à casa de banho, queres alguma coisa? Posso trazer-te uma água, um sumo, outra sandes, talvez?" Ela sibilou e eu finalmente dei conta das tabelas que indicavam a aproximação à estação de serviço. 

"Uma água seria ótimo, se não se importasse" Ela sorriu acenando e eu terminei de comer, bebendo depois o resto do sumo. Embrulhei o papel e enfiei-o dentro da garrafa deixando-a entre as minhas pernas. 

Por fim encostei de novo a cabeça ao vidro e fechei os olhos ao sentir o carro abrandar.

« Entrei de novo naquele escritório refinadamente decorado e olhei o homem de expressão endurecida e severa, que agitava o copo de whisky entre os dedos grossos e fortes. Ao ver-me atravessar a porta as suas expressões suavizaram e mostrou-me o sorriso mais amável que conseguiu.

"Então como está a minha pequenina?" Ele questionou enquanto eu me aproximava dele também com o meu melhor sorriso. Adorava quando ele me chamava de 'minha pequenina'. Fazia-me sentir mais pequena do que aquilo que já era, além de ser um nome carinhoso pelo qual me tratava desde que me lembro. Fazia-me sentir próxima dele, algo que é bastante difícil pois ele era uma pessoa de bastante dificuldade social.

"Estou ótima, a Nana levou-me ao mercado fora das muralhas outra vez" Revelei abraçando a sua cintura, enquanto o seu braço envolveu os meus ombros. O copo foi pousado sobre a secretária com mais força do que aquela que era necessária. Ergui o olhar na direção do seu rosto e constatei que o sorriso desaparecera por completo dando lugar à expressão anterior. Ele fixava a ama que, apesar da atrapalhação, não perdeu a postura. 

"A sério?" Ele forçou de novo o sorriso fitando-me. "Mas tu sabes que o mano não gosta que vás a esses sítios. Príncipalmente fora da muralha." Ele tentava manter-se calmo e sereno para não iniciar uma gritaria ou uma discussão com a mulher que cuidava de mim. Eu afastei-me dele cruzando os braços.

"Eu já tenho 16 anos, posso muito bem ir onde quiser. Fui eu que pedi à Emília que me levasse lá!" Barafustei chateada e ele riu-se de mim retornando a pegar no copo.

"Sim, já estás bastante grande" Agitou de novo o líquido fazendo os cubos de gelo tilintarem contra o vidro. "Por favor, podes dar-me uns minutos para falar com a Nana?" Ele pediu com demasiada gentileza mas eu acabei por assentir e retirei-me.

No entanto a curiosidade falou mais alto e eu acabei por não fechar a porta totalmente deixando-me ficar à escuta. Eu sabia que era feio e todos os meus ensinamentos diziam-me para fazer o contrário, mas eu realmente queria saber o que se estava a passar. Eles sempre se deram tão bem, aliás, foi a Emília que criou o meu irmão, porque estariam ambos tão tensos?

"Sabes perfeitamente que não a quero fora das muralhas!" Ouvi a voz grossa de César grave e bastante sonoro. Nunca o ouvira falar de tal forma com alguém que não fossem os militares, o que me assustou bastante fazendo-me retrair. 

The Runaway  |l.p|Onde histórias criam vida. Descubra agora