Capítulo 29

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(Todo o processo em que ocorre o julgamento da personagem é ficção e não corresponde à realidade. Se fosse real poderia ter ocorrido desta forma ou de outra forma judicialmente provavel. Obrigada.)

“O julgamento dela não vai ser um julgamento normal,” Christopher explicou-me enquanto revia o teu processo. Sim, ele também seria o teu advogado. Porquê? Porque eu nunca seria capaz de deixar o teu destino nas mãos de alguém inexperiente que estaria mais disposto a deixar-te prender do que a proteger-te. Porque eu prometi a mim mesmo que o faria sempre e tu prometeste-me que me deixarias fazê-lo. “Não há testemunhas que indiquei a participação dela nos actos em causa, o que é óptimo a nosso favor.” Porque eu ainda acredito que a explicação sairá dos teus lábios e irá a colher o meu coração arrebatando-o de novo para os teus braços. “Mas ela fugiu das autoridades e está no país ilegalmente, o que é um ponto contra nós. Acho que o pior que pode acontecer é ela ser deportada, neste momento.” Porque tornar a ver o teu rosto é um objectivo que o meu coração demanda, ter-te nos meus braços é um desejo de todo o meu ser e deixar-me à mercê do ódio é o meu maior tormento.

Depois de toda a explicação dada pelo advogado informou-me que provavelmente teria de testemunhar a teu favor. Será que mereces a minha protecção? Mesmo que a resposta seja não, eu sei que nunca serei capaz de negar tal coisa. Mesmo que seja errado e me torne um monstro, é como se a minha vida (talvez apenas a minha simples sanidade) dependesse disso.

Aquela manhã foi um tormento. De um nervosismo intenso que não me deixou comer, sentar ou simplesmente parar no mesmo sítio. Sabes quando temos mil e um pensamentos na cabeça ao mesmo tempo? Foi assim que passei toda a manhã enquanto não saí de casa para o tribunal. A enorme porta de vidro, com letras latinas sobre a mesma, impunha todo o seu respeito e esplendor de lealdade e justiça.

Será que o mundo é mesmo justo? Não, não é.

Cristopher guiou-me até ao interior do edifício e fui obrigado a esperar, juntamente com Andy, que fossemos chamados para o início da audiência. Os meus pais também veriam mas ainda estavam a caminho. Muitas pessoas nossas conhecidas se deram ao trabalho de vir. Só para te ver, talvez tentar reconhecer a rapariga meiga e simples que eras, ainda és? Estou cansado de perguntar se foi tudo uma encenação, mas é difícil perguntar quando temos tantas dúvidas não é? E eu tenho tantas dúvidas Melanie, tantas…

Alguns minutos depois daquela espera infernal finalmente o advogado teve oportunidade de me informar que a sessão iria começar. Seria uma audiência privada apenas com o juiz e os advogados. Christopher explicara-me que não havia testemunhas ou provas concretas dos crimes mais graves de que estavas a ser acusada, pelo que não havia necessidade de todo um julgamento formal. O teu depoimento e os recolhidos pela polícia seriam o bastante para que o juiz decidisse o teu futuro. Permaneci no meu lugar numa das filas de bancos do corredor e friccionei as palmas das minhas mãos sobre o meu colo. A minha perna direita abanava ao ritmo do meu pé que batucava com o calcanhar no chão. Pouco depois Andy sentou-se do meu lado e, quando menos esperava, Harry e Niall surgiram do meu lado direito com os seus sorriso acolhedores que me fizeram sentir bastante melhor comigo mesmo. Sabia que eles eram um grande apoio e provavelmente não conseguiria chegar até ao fim da sessão se eles não tivessem vindo.

“O Louis e o Zayn preferiram ficar lá fora,” o mais novo explicou-me. “Eles não gostam muito destas coisas, tu sabes.” Limitei-me a assentir pois o nó que me doía na garganta parecia ser uma porta fechada à minha voz.

Por muita vontade que tivesse de gritar, o pressentimento de que se abrisse a boca desfazer-me-ia em mil pedaços, era mais forte do que isso.

Christopher entrou juntamente com os advogados de acusação para a sala onde o acontecimento decorreria.

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