Capítulo 31

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“A visita acabou.” Um homem devidamente fardado pronunciou ao entrar na sala de rompante.  De maxilar severo e olhar tenso agarrou os teus braços mais finos do que seria normal, e levou-te para longe de mim. Protestaste com a dor e vi as lágrimas desabrocharem nos teus lindos olhos enquanto os fechavas.

Tentei protestar e ordenei que te soltassem, que não te tratassem dessa forma pois não merecias tal coisa. Queria ouvir o resto da tua história pois ainda havia muito para explicar, mas pior do que isso, queria-te em segurança, comigo a viver a nossa pequena história de amor que nunca deveria ter sido interrompida. Mas não nos deixaram. O mundo quis que assim fosse e as minhas forças não eram suficientes para lutar contra tal. Fui levado para longe de ti, de novo. Christopher atirou-me um olhar cabisbaixo como se já esperasse aquela situação, mas eu não tive coragem de lhe falar, era como se o ardor que cresceu na minha garganta tivesse sugado não só a minha voz, mas também a minha coragem.

Serei um cobarde por isso? Diz-me que não, pois eu ainda tenho muito para te dar a ti, meu amor.

Nessa noite pouco ou nada dormi. A minha mente estava mais preocupada em divagar por toda a tua imagem, por todas as tuas palavras, por todas as sensações que me provocas, do que propriamente a deixar-me descansar. Queria ter-te de novo, nos meus braços, queria ter-te como minha, estar dentro de ti e sentir cada molécula que te compõe. Dizer-te o quanto preciso de ti e o quanto me significas.

Na manhã seguinte Annie decidiu ficar um pouco depois de terminar as limpezas para falar comigo. O seu rosto jovem e carinhoso transmitia uma certa calma e serenidade, dando-me a oportunidade de perceber o porquê de gostares tanto dela.

“O que vai acontecer com ela?” Perguntou-me referindo-se directamente a ti. O cachecol que devia envolver o seu pescoço estava agora nas suas mãos, entrelaçando-se nelas com força e logo reparei que os nervos lhe deviam surgir de momento. Ela sempre ficava nervosa quando falava comigo, mas acredito que naquela altura não fosse isso o que a incomodasse mais.

“Vai ser deportada.” Apoiei os cotovelos nos joelhos e esfreguei as minhas mãos uma na outra entrelaçando e desentrelaçando os dedos freneticamente. O meu olhar resvalou-se pela sala sem conseguir enfrentar o pesado olhar da rapariga que pousava em mim com minúcia.

“Não há nada que se possa fazer para impedir isso? Nenhuma forma de a tornar legal?” A ruiva insistiu levanto os seus dedos ao lábio inferior e brincando com o mesmo, como se isso a ajudasse a pensar melhor.

“Penso que não, tenho de falar com o Christopher sobre is-“

“Já sei.” Interrompeu-me enquanto se erguia do sofá num pulo inesperado. Olhei-a confuso e de sobrolho erguido esperando pacientemente que ela se explicasse. “Da mesma forma que a Marina não vai ser deportada.” Tentou explicar gesticulando com os seus braços como se isso melhorasse a minha posição de ignorância em relação ao assunto.

“Porque haveria a Marina de ser deportada?” Endireitei as costas tirando os cotovelos dos joelhos e continuei a fitar Annie que revirou os olhos.

“A Mel-Maria, ai nem sei o que lhe chamar, contratou um detetive certo?” As suas mãos mexiam-se imenso e eu tive dificuldade em mão olhar para elas de forma a concentrar-me no seu discurso. Assenti. “E ele descobriu que a Marina estava cá ilegalmente, mas ela não vai ser deportada, e porquê?” Os seus braços abriram-se no final à espera que eu respondesse, mas eu não sabia a resposta.

“Porquê?” Enruguei de novo a testa tendo mais um revirar de olhos como resposta. Os seus braços caíram ao longo do seu corpo e depois elevou uma mão à cintura com um suspiro.

“Porque ela é casada.” Respondeu simplesmente e só então fui capaz de construir o puzzle na minha cabeça, chegando à conclusão que precisava.

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“Se ela for deportada provavelmente vai ser mandada para um campo de escravos ou então vai ser condenada à morte, o irmão não lhe vai perdoar esta traição.” Andy cruzou os braços deixando-se ficar encostado à janela. As suas palavras não estavam a ajudar em nada aos meus nervos e a imagem que me passou pela cabeça, em que tu, a mulher da minha vida, estarias em qualquer uma daquelas situações dava-me náuseas.

“Não me estás a ajudar.” Refilei batucando com o calcanhar diversas vezes no chão. Sentado em frente à secretária do escritório do meu advogado dei por mim a fitar os objectos expostos na mesma. Uma maneira fácil de me abstrair daqueles pensamentos horrendos.

Ao fim de largos minutos, que para mim pareceram horas, Christopher finalmente entrou no escritório com uma pasta na mão. Desabotoou o único botão do casaco que tinha apertado e sentou-se na sua poltrona, à minha frente.

“Boa tarde cavalheiros,” O doutor pronunciou clareando a voz e eu bati com os dedos, tamborilando com eles na madeira. “Posso saber a que se deve esta visita que acabou de me tirar um quarto de hora de almoço?” O advogado questionou retirando alguns papéis da pasta preta e colocando-os sobre a mesa.

“Como é que eu evito que ela seja deportada?” Questionei olhando-o diretamente nos olhos. Ele ficou a olhar-me por alguns instantes e podia jurar vê-lo questionar-se se eu era louco, na sua cabeça. Depois de voltar a tossir ligou o seu computador e endireitou os documentos sobre a secretária.

“A maneira mais correcta de o fazer seria iniciar um processo de legalização, mas isso demoraria muito tempo e ela teria de voltar para o seu país na mesma e só depois é que poderia regressar.” Christopher respondeu enquanto se deixou descontrair na cadeira.

“E a maneira menos correcta?” Questionei expectante quase que saltando para cima da mesa.

A ideia de que tudo se poderia resolver estava mesmo à minha frente, só tinha de correr e agarrá-la com força. Não te podia deixar ir de novo, não me podias escapar entre os dedos uma vez mais. Ias ser minha, eu não ia permitir que te levassem de mim porque nós pertencemos um ao outro. Prometeste que me ias deixar cuidar de ti, proteger-te, não foi? Tinhas de cumprir essa promessa, tinhas de fazer qualquer coisa por isso não era? Sentia o coração palpitar-me no peito e latejar as minhas veias de adrenalina e ansiedade, esperança. O advogado olhou-me com um ligeiro sorriso como se ele já soubesse o que eu tinha em mente. Bastava a sua confirmação e eu sairia por esta porta a correr para te encontrar de novo e fazer-te minha, uma vez mais.

 Espera por mim, meu amor.

(Estou farta disto. enfim. os meus comentários? hunf. Obrigada às princesas que comentam e votam sempre, são umas lindonas <3

O próximo capitulo deve voltar ao livro da Melanie (: A fic está quase, quase a acabar ninas, espero que estejam a gostar ^^

xx) 

The Runaway  |l.p|Onde histórias criam vida. Descubra agora