Loucura

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(Nova York; Data: 21/06/2023)

Acordei assustado com meu celular tocando, eu tive pesadelos estranhos e dormi muito mal.
Vi que a ligação era de Dorian e atendi.
- Espero que tenha um bom motivo para me ligar de manhã cedo.- Eu disse.
- Não, infelizmente. Ilsa voltou aqui mas ela está diferente e insiste em falar com você.
- Por que?
- Não faço a menor ideia, mas se eu fosse você viria logo.
- Certo, estou a caminho.- Encerrei a ligação e respirei fundo, após me arrumar e tomar banho para ir para o laboratório.
Havanna já estava acordada, ela tinha que levar Horty para a escola e não estava em casa.
Entrei no meu carro e dirigi até o laboratório, demorou mas cheguei lá, tudo parecia bem quieto.
- Emmett?- Paris apareceu na recepção.
- Aconteceu alguma coisa?- Perguntei.
- É Ilsa, ela está muito estranha.- Ela disse como se tivesse medo, acompanhei ela e finalmente vi Ilsa.
Ela provavelmente estava usando lentes de contato pois seus olhos estavam de um verde que eu nunca vi antes.
- Posso ajudar senhora Greenfield?- Perguntei, ela riu.
- Eu só passei para agradecer...- Ela disse, eu e Paris nos entreolhamos.
- O soro já teve efeito?- Estranhei, ela assentiu como se estivesse muito animada.
- ...Já, e o efeito dele foi extremamente renovador.
- O que quer dizer?- Perguntei, ela sorriu.
- Vai dizer que você não conhece o que criou.- Ela deu uma gargalhada e me surpreendi quando ela tirou uma faca da bolsa, Paris se afastou assustada e pegou o celular.
- Se pensar em ligar para a polícia eu vou estripar você e colocar seus órgãos na minha parede.- Ela disse e apontou a faca para Paris, que largou o celular.
- Senhora Greenfield, por favor se acalme.- Eu disse.
- Estou calma.- Ela riu.- Eu matei meu marido ontem...é...cortei a garganta dele...foi tão glorioso...depois eu fui dar uma volta e fiz o que tinha que ser feito.- Ela disse e começou a bater na parede repetidamente como uma louca e deu um grito.
- Ilsa, foi o que aplicamos em você que te deixou assim?- Perguntei tentando parecer calmo, ela deu uma gargalhada.
- Logo verá sua criação se levantar doutor Cypress e aí só vai restar morte, muita morte.- Ela disse sorrindo.- Vamos começar por aquele ali.- Ela apontou para Dorian, que se manteve quieto o tempo todo.
- O que você vai fazer? Vai me matar?- Ele perguntou.
- Ilsa por favor pensa direito.- Paris disparou, ela mal nos ouviu e cravou a faca no ombro de Dorian.- Ah meu Deus!!- Paris gritou e começou a chorar, eu fechei os olhos.
- Você vai adorar o presentinho que deixei para esse mundo fútil doutor Cypress.- Abri os olhos e a vi cortar a própria garganta, eu me sentia em um pesadelo.
- Foi o M18...as alterações de humor, meu Deus como pude ser tão cego?- Sussurrei, Paris chorava tanto.
- Paris?
- Eu vou ligar para a minha irmã e depois ligo pra polícia e pra imprensa, ninguém mais pode usar esse soro.- Ela pegou o celular e saiu do Laboratório.
Eu só tive o mesmo pensamento repetidamente.
"Meu Deus. O que foi que eu fiz?"

(Manhattan; Data: 22/06/2023)

Meu celular tocou enquanto eu ia buscar Julie na escola, Nelly estava no pilates e eu não tinha nada para fazer então não custava nada buscá-la.
Vi que era meu chefe. Kirby Franklin. Atendi imediatamente.
- Senhor Franklin?
- Boa tarde senhorita Howard, queria solicitar que fizesse suas malas e pegasse o vôo mais próximo para Nova York.
- Alguma notícia boa sobre o M18?-
- Na verdade não, o soro estava com o defeito e a consequência foi uma doença.
- Uma nova doença?- Perguntei incrédula.
- Sim. Não há nome ainda mas ela ataca o sistema nervoso e operacional e causa uma espécie de loucura no doente, como zumbis só que vivos.- Ele explicou.
- Céus...tudo bem, vou para Nova York ainda hoje.
Busquei Julie na escola o mais rápido que pude, quando cheguei Nelly já estava em casa.
- Nel, tenho que ir para Nova York.- Anunciei enquanto entrei no meu quarto e abri a mala vazia.
- De novo? Você deveria ficar lá já que não para em casa.
- Dessa vez é bem sério.
- Terminaram o M18?
- Não. O M18 é uma doença agora, o soro.- Quando terminei de dar a informação, Nelly pareceu preocupada, ela pegou o celular e começou a digitar.- O que está fazendo?
- Pesquisando, a doença surgiu em Nova York e você vai para lá eu tenho que saber como está e quais são os sintomas.
- Nel, pelo amor de Deus, Nova York é uma cidade gigantesca, não tem probabilidade de eu ficar contaminada.- Eu disse.
- Nancy, você é minha irmã mais nova  e é minha obrigação cuidar de você, então se você vai e tem algum risco de você ficar doente com isso, eu também vou e você não pode contestar isso.- Ela disse.
- Nelly...
- Nem mais uma palavra. Está decidido, essa doença faz você preferir a morte e eu não vou perder você.- Ela saiu do quarto e foi aí que senti medo, não por mim, pela minha irmã.
Só consegui passagens para o próximo dia e rezei para que a doença não tivesse se espalhado para outros lugares...

(Texas; Data: 22/06/2023)

- "Após o M18 ser aplicado em Ilsa Greenfield, ela teve reações estranhas e matou o marido, as reações foram na verdade o resultado de uma nova doença que é transmitida através do sangue e ataca o sistema nervoso.
Ilsa contaminou a própria filha propositalmente e mais de trinta e cinco pessoas após ir a um café e fazer todos de refém.
Autoridades de Nova York já anunciaram que vão tentar colocar todos os doentes, que são chamados pela população de "maníacos", em quarentena e eliminá-los caso necessário.
A OMS discute o assunto frequentemente e vários laboratórios de vários países já tem a cópia da fórmula para poderem tentar desenvolver uma cura.
Não se sabe se a doença já se espalhou para outras cidades mas até agora é apenas uma pandemia.
A recomendação é que as pessoas tenham todo o cuidado do mundo e se virem alguém com a cor dos olhos de um verde incomum, liguem para a polícia.
Rosemary Westchester para o Jornal de Dallas."

Meus pais estavam chocados e em silêncio em frente à televisão.
Garrett era criança e crianças não entendem muita coisa mas eu sabia que ele havia entendido, pelo jeito que ele olhava para nós e para a televisão.
- O que disse sobre minha paranóia mesmo mãe?- Perguntei.
- Me respeite Kimberly.- Minha mãe fechou a cara.
- Amo você.- Eu disse, logo minha mãe suspirou.
- Também te amo Kim, e você também Garrett.- Minha mãe abriu um sorrisinho e Garrett também sorriu.
- Kim, Garry, eu quero falar com a mãe de vocês, podem dar licença?- Meu pai perguntou, apenas segurei a mão de Garry e o levei para fora da casa, eles estavam com medo, eu vi.
- Kim?- Garry me chamou.
- O que foi Garrett?
- Papai e mamãe vão brigar?
- Não. Acho que só vão discutir sobre como estão com medo mas eles não vão brigar.
- Não gosto quando eles brigam ou discutem.
- Eu também não, mas é só uma conversa Garry, só vão falar sobre a...doença nova.
- Não precisa ter medo de falar sobre a doença Kim, ela mata pessoas?
- Morrer é o que uma pessoa prefere quando pega aquilo. Mas não se preocupe Garry, a doença está em Nova York e nós estamos aqui.
- Mas e se vier para cá? E se a gente morrer?- Aquilo me doeu tanto.
"E se morrermos mesmo?" Pensei.
Me agachei na frente dele e coloquei minhas mãos nos ombros dele.
- Garry, nós não vamos morrer, eu sou sua irmã e eu não vou deixar nada acontecer com você.
- Você promete?- Ele perguntou, sorri levemente.
- Prometo.- Ele me abraçou com força.
- Eu te amo Kim.
- Também te amo Garry. Não pense muito nessa doença...

Morbo: O começo_ Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora