(Texas; Data: 30/05/2023, Fazenda Good Sparkle)
- Kim! Garry! O almoço está pronto!- Ouvi minha mãe gritar, eu estava olhando os pássaros que voavam com as naves em altitude que eu temia só de pensar, coloquei meu chapéu e corri para dentro de casa.
Se eu sou feliz na fazenda? Muito. Eu não tenho muitos amigos mas tinha Garrett e ele já me basta como companhia, consigo ser meio antissocial às vezes.
Sentei na mesa e mal olhei para o prato, estava com tanta fome que só pensei em comer.
- Papai já terminou a colheita?- Garry perguntou a minha mãe.
- Quer mesmo saber?- Meu pai apareceu sorrindo, minha mãe e ele discutiam às vezes por causa das dívidas que tínhamos que pagar, mas nunca foi tão feio.
- Papai.- Garry foi até ele e o abraçou.
- Oi meus raiozinhos de sol.- Ele disse.
- Oi pai.- Eu disse.
- Oi Kim.- Ele sorriu e me abraçou, então ligou a pequena televisão da sala.- Os projetos para o M18 estão indo bem, o doutor Emmett Cypress e a doutora Paris Jensen do LCPC anunciaram hoje que talvez em um prazo de duas semanas o soro M18 poderá estar pronto e os testes começarão.
Foi uma parte do que ouvi no jornal.
- Pai?- Chamei.
- Sim Kim?- Ele disse.
- Por que estão todos falando só no M18?- Perguntei.
- Vai melhorar muito a vida das pessoas filha.- Ele respondeu como se fosse simples mas eu tenho pressentimento bem ruim quanto àquele projeto.
- Talvez.- Eu disse.(Chicago; 30/05/2023)
- Xeque-mate.- Eu ri da cara do meu irmão patético em xadrez.
- Andou treinando ou trapaceou?- Ele me perguntou rindo.
- Se chama talento natural para exatas, faz você ser bem melhor em xadrez do que seu irmão de humanas.- Ironizei.
- Jesus, você tem que insistir nessa guerra de estudantes boba?
- Claro Lew, é minha obrigação como sua irmãzinha te encher o saco pelo resto da sua vida.- Eu disse.
No mesmo instante Lewis ficou vidrado na televisão, as notícias sobre o novo soro, um tal de M18 iam a todo vapor.
- Deve ser bom usar não acha?- Ele perguntou.
- Deve sim, mas só vamos poder usar depois da produção e dos testes.- Eu disse.
- Já pensou se acontecesse um apocalipse zumbi por causa disso?- Ele perguntou.
- Ah pelo amor da ciência Lewis, você não tem noção.- Eu disse, ele riu.
- Qual é, você não assistia The Walking Dead, Erika?
- The Walking Dead era horrível.- Retruquei.
- Nunca diga isso perto de alguém como eu irmãzinha, principalmente se você gostava mais de Supernatural, vai começar uma guerra.- Ambos rimos.
- Ah, quase esqueci, como vai você e a Kendra estão bem?- Perguntei, Kendra McCann, noiva de Lewis. Simplesmente insuportável, mas tenho aturar porque Lewis perdeu o rumo desde que botou os olhos na bruxa, a pior parte é que eles se casam no dia 19 de Junho.
- Ela está meio distante mas fora isso estamos bem, ela está animada para o casamento.- Ele respondeu, dei um sorriso.
- Que bom.- Eu disse.
- Aliás, quero uma revanche.- Ele disse, sorri novamente.
- Então vamos jogar...(Chicago; 31/05/2023)
- Aaron?- Ouvi meu pai de criação, Quentin Rogers, me chamar, mas ignorei, eu estava em uma fazenda e eu fico chateado porque ele acha que eu não sei das coisas que ele faz.
Eu nunca tive uma família, e quando tenho um pai ele é cruel com outras pessoas, e eu tenho que descontar jogando pedras no lago enquanto ele negocia drogas com algum maconheiro inútil e diz que está trabalhando.
- Aaron, te achei.- Ele disse sorrindo, olhei de canto para ele.
- Oi pai.- Eu disse.
- Vamos?- Ele perguntou.
- Sei lá, gostei daqui, dá até vontade de ficar chapado.- Eu disse, ele ficou em silêncio por um tempo.
- Como assim?- Ele perguntou.
- Não tenho mais onze anos sabia? Achei que só vendesse armas.- Eu disse, ele respirou fundo.
- Aaron...por mais que eu faça o que faço continuo sendo seu pai.- Ele disse.
- Eu sei disso, só não quero que seja preso por esse tráfico de drogas e suma da minha vida como todo mundo faz. Então porque continua?- Perguntei.
- Por você, para que não tenhamos que viver na miséria, não tenho formação Aaron, é o que posso fazer e é por isso que você estuda.- Ele disse.
- E quando o M18 for lançado, vai traficar para outros países também?- Perguntei irritado.
- Já chega Aaron! Vamos embora.- Ele disse, bufei.
- Certo, vamos embora pai...
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Morbo: O começo_ Livro 4
Fiksi IlmiahEu acredito em destino. Acredito em muitas coisas, para ser sincera; mas não há nada mais relevante do que: "Tudo tem um começo, um meio e um fim". Por três vezes a mesma epidemia mundial da mesma doença castigou a humanidade, a contaminação era ráp...