O Homem Estranho

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(Chicago; Data: 29/ 07/ 2023)

- Julie, você não sai daqui ok?- Eu disse colocando ela sentada em um sofá velho, encontramos uma casa abandonada, eu estava exausta, os maníacos pareciam zumbis correndo atrás de nós, não eram mais como no começo, estavam piores, como se matassem por instinto ou caça.
Eu precisava proteger Julie e a mim mesma e nos últimos dois anos eu quase morri pelo menos vinte vezes de várias formas diferentes, facada nas costas, três tiros, afogada...e de algum jeito eu sempre conseguia me salvar.
Eu encontrei água, mas nada de comida, e eu sentia tanta fome.
- Tia Nancy!!!- Ouvi Julie gritar, peguei uma faca e corri para ver o que era, havia um homem apontando uma arma para ela, rapidamente me meti na frente dela.
- Abaixa essa arma agora!- Eu disse destravando a minha.
- Você é humana?!
- Ela não é perigosa, se quiser matar a menina vai ter que passar por mim!
- Ela é maníaca! Essa coisa quase acabou com a raça humana, qual é o seu problema?!- Ele perguntou, mirei e dei um tiro de raspão no ombro dele, ele apenas bufou.- Se essa coisa matar você o problema é seu.
Ele se sentou e respirou fundo.
- O que tá esperando para dar o fora daqui?- Perguntei exaltada, ele retirou as balas de sua arma e jogou para mim.
- Já disse que não vou machucar a coisa.
- Eu tenho nome.- Julie disse.
- Céus, você fala?- Ele perguntou com desprezo.
- Sou Julie.
- Por que acha que vai ficar aqui?- Perguntei.
- Porque estamos no mesmo barco, está com fome, não está? E eu preciso de um lugar para descansar, não posso ficar lutando contra aquelas aberrações dia e noite.- Ele respondeu.
- Não confio em você.
- Isso é problema seu, não vou sair daqui.
- E se eu atirar em você de novo?
- Vai ser um humano a menos nessa guerra.
Eu respirei fundo.
- Doeu?- Perguntei.
- O que você acha?
- Se for grosso mais uma vez eu te chuto para fora daqui.- Ameaçei.
- Meu Deus, como você é chata.
- E você é um estúpido.
Julie saiu de perto de nós, ele respirou fundo.
- Sou Killian Grath.- Ele se apresentou, eu o encarei desconfiadamente.
- Nancy Howard.- Respondi, ele ficou quieto enquanto eu guardava as balas dele em minha mochila.
- Acho que isso ajuda com o machucado.- Julie trouxe uma garrafa de álcool e um pano.
- Como encontrou isso?- Perguntei, ela deu de ombros como se dissesse: "Não sei". Killian a encarava com curiosidade e desprezo.
Eu respirei fundo para me acalmar, eu tinha mesmo que fazer curativo para um estranho rude e impiedoso? Parabéns pelo altruísmo Nancy, você venceu na vida.
Eu limpei o sangue de seu ombro, passei álcool no pano e pressionei contra o ferimento. Não foi grave e ele não demonstrava reação.
- O que ela é?- Ele perguntou, percebi que Julie havia saído da sala.
- Eu nunca descobri, ela virou maníaca mas nunca surtou, nunca teve instintos assassinos, continuou normal por todo o esse tempo.
- Por isso protege ela?
- Não só por isso.
- É sua filha?
- Sobrinha...quer parar de fazer perguntas? Não tem toda essa intimidade que pensa que tem.
- Tem razão.
Ficamos em silêncio novamente, quando achei que o ferimento havia melhorado amarrei o pano em volta do ombro dele.
- Precisamos dividir onde cada um dorme e separar nossos pertences.
- Até onde eu sei a casa tem três quartos, você dorme e em um deles e eu e Julie dormimos em outro, está resolvido.- Eu me levantei e saí andando.
- Howard?- Ele chamou, parei de andar e olhei para trás, ele se levantou e pegou algo em uma mochila que trazia com ele e me deu uma sacola, assim que abri estava cheia de amoras.
- Obrigado pelo ombro, te devo uma.
- De nada, mas isso não muda nada.- Eu disse e subi as escadas, eu sabia que poderia aliviar minha fome e descansar e então finalmente me tranquilizei, sabia que por mais que coisas estranhas como a chegada de Grath acontecessem, eu ficaria bem...

Morbo: O começo_ Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora