O Acidente

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Eu estava preocupada com Emmett, e mais ainda com o que ele me confiou, só de pensar que algo que poderia decidir o destino da humanidade estava comigo eu sentia um peso enorme, e se algo acontecesse? E se alguém descobrisse? Além de tudo isso tinha Julie, sempre fora calma mas dessa vez estava inquieta e sempre que ela está inquieta é como se algo ruim fosse acontecer.
- Nancy, vamos?- Killian chamou, eu assenti e fui para o carro com Julie no colo, dei uma última olhada para Emmett e Erika, ela estava muito diferente da garota fragilizada que conheci, olhava para todos com um sorriso tão cínico que chegava a dar ânsia de vômito.
- Você vai ficar bem Em?- Perguntei.
- Não se preocupe Nan, tio Cypress está em boas mãos!- Erika riu segurando o braço dele, ela agia como uma psicopata e isso era assustador, não queria deixá-lo lá sozinho com risco de ser assassinado. Entrei no carro no banco de carona, Grath saiu dirigindo rapidamente para que caso algum imprevisto ocorresse.
- Killian?
- Não vai me dizer que esqueceu alguma coisa.
- Claro que não imbecil.- Revirei os olhos enquanto dizia.
- Então o que foi?
- Acha que o Emmett se vira lá?- Ele ficou em silêncio por alguns segundos como se a pergunta o tivesse incomodado.
- Bom, foi escolha dele ficar.
- Mas e se algo ruim acontecer?
- A escolha continua sendo dele.
Como alguém consegue ser tão individualista como Grath? Fiquei em silêncio por muito tempo apenas olhando a paisagem de Chicago destruída pelos vidros, mas aquilo estava me agoniando de uma forma inexplicável, nunca fui de deixar ninguém na mã( e ter que abandonar uma pessoa assim me deixava frustrada. Eu pensei e pensei, até que senti que não conseguiria permitir que meu amigo ficasse sozinho lá.
- Eu vou voltar depois que entregar isso para o Elliot.- Disse.
- Nancy, você ficou maluca? Vai acabar morta.
- Não seja tão dramático assim, ninguém vai me matar.
- Conheço gente daquele tipo e vai por mim, vão matar vocês dois e nós temos a provável fórmula que pode salvar a humanidade, temos que nos colocar em primeiro lugar agora.
- Você é sempre tão egoísta?
- Egoísta? Acho que você não entende o que está acontecendo, a humanidade corre o risco de ser extinta!
- Se continuar pensando só em você mais pessoas vão morrer.
- Mas se eu abrir exceções nós é quem vamos, quantos anos você tem? Não deve confiar em ninguém em uma situação assim.
- É mas eu confiei em você, e você não me matou certo?
Vi ele pisar no freio e não conseguir parar o carro, havia um cachorro parado no meio da rua e Killian precisou desviar, foi rápido demais, o veículo simplesmente girou repetidamente e logo senti o impacto nas portas no meu lado, batemos em uma árvore, senti minha cabeça, meu braço e perna direitas doerem assim como minhas costas, logo senti sangue escorrer pela minha testa, minha primeira reação foi ver se Julie estava bem, ela estava sentada do lado oposto ao impacto então estava sem sequelas.
- Tia Nancy?!
- Calma querida.
- Merda!- Killian exclamou batendo no volante, olhei para ele e vi o vidro ao lado rachado e sua testa sangrando, alguns fragmentos do vidro ainda estavam pregados em sua testa, ele olhou para mim e respirou fundo.- Você está bem? Está sangrando.- Ele perguntou olhando fixamente para os meus ferimentos e logo depois para os meus olhos.
- Não está doendo tanto...o que vamos fazer agora?
- Provavelmente andar, mas precisa ter certeza de que não é nada grave.
- Minha perna dói um pouco só...- Olhei para a minha perna e a vi sangrando, a porta se amassou e com isso me arranhei.-...Está sangrando um pouco.
- Precisamos sair daqui, vem.- Ele tirou meu cinto de segurança e saiu do carro, Julie saiu sozinha, eu me movi e por alguma razão isso doeu bastante passei para o banco do motorista e desci do carro com minha bolsa.- E se essa droga na sua perna infeccionar?
- Não vai, vamos logo.
Ele ficou balançando a cabeça por um tempo e respirou fundo.
- Esse carro foi sabotado, é impossível o freio simplesmente não ter funcionado desse jeito.- Ele disse.
- Sabotagem ou não, temos uma encomenda para entregar, e temos que ir o mais rápido possível.- Segurei na mão de Julie.
- Você vai ficar bem tia Nan?- Ela me perguntou.
- Foi só um susto, vai passar rápido.- Eu disse tentando acalmá-la, olhei para Killian, havia um canivete em seu bolso e provavelmente aquilo era só o que tínhamos para nos defender, ele parecia preocupado com alguma coisa, andava olhando para o chão.
- Grath.- Chamei e ele me olhou rapidamente.
- Que foi?
- Valeu por ter sido gentil.- Eu disse um pouco constrangida, ele apenas desviou o olhar.
- Não se acostuma.- Eu dei um sorrisinho ao ouvir ele dizer isso. Apesar de tudo eu estava preocupada demais, estávamos praticamente desarmados no meio da cidade grande repleta de maníacos e com uma criança, eu sentia a necessidade de ter esperança de que nada ruim fosse acontecer, mas a inquietude de Julie não ajudava...

Morbo: O começo_ Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora