(Chicago; Data: 26/ 07/ 2023)
Lewis mal desconfiava que eu havia feito um pacto com Ramone, se ele nos deixasse ficar com Quincy eu liberaria tudo em nossa base para que as condições de ataque fossem as mais favoráveis. E funcionou.
Utah se esqueceu do que estava havendo depois que
Bryce injetou um dos soros de Lewis nele, ele ficou procupado demais com o estado de Quincy ao saber que ele mesmo atirou no pé dela.
- Quantas vezes vou ter que dizer àquele...estúpido, que estou bem?- Quincy se perguntou.
- Bom, só não vai poder andar por um tempo.- Eu disse.
- Isso é o de menos.- Ela suspirou e ficou quieta.
- Acho melhor te deixar sozinha para descansar.- Me levantei da poltrona ao lado da maca em que ela estava e então desliguei a televisão.
- Erika?
- O que foi?
- Valeu...por ter salvado minha pele do Ramone.
- Não foi nada Quincy.
- E desculpe por estar sendo meio quieta ou fria em relação à vocês, só tenho receio de me apegar às pessoas de novo porque eu passei por muita coisa no grupo de Ramone mas é perceptível que você é confiável, considero bastante você por ter feito algo que ninguém mais faria por mim. Saiba que se precisar de mim tem uma amiga aqui.
- Não se preocupe, imagino que deve ter sofrido muito com Ramone, mas não precisa ter medo de se apegar a nós, nunca faríamos nada para te machucar.- Ela deu um sorrisinho.
- Obrigada.
- Não há de que.- Respondi.- A propósito, te considero minha amiga desde que salvou minha vida.- Sorri e saí do quarto da enfermaria do prédio.
Fui andando corredor, até que senti um frio na barriga e uma mão envolver ela.
- Se assustou?- Era Bryce, sorri.
- Se eu tivesse me assustado provavelmente você estaria no chão agora.
- Ah qual é, você não é tão má assim.
- Sou uma maníaca louca agora Bryce.- Ironizei, ele sorriu.
- Você não é louca nem de longe...você é perfeita.
- Quando foi que começou a ver filmes de romance demais?- Eu ri e ele ficou sério.
- Erika, tomei coragem para vir falar com você e eu preciso falar antes que volte a ser um covarde.- Ele disse, dei de ombros.
- Diga.
Ele respirou fundo.
- Eu não me importo com o fato de você ser maníaca, não sei mas você fez alguma coisa comigo Erika.
- Alguma coisa?
- Cada palavra sua me deixa nervoso mas me faz querer estar perto de você cada vez mais, cada vez que eu olho para o seu rosto desse jeito eu só penso em uma coisa.
- Em me beijar?
Ele riu e ficou vermelho, então o frio na minha barriga se intensificou, mesmo assim eu segurei a nuca dele, me aproximei e o beijei.
Eu senti borboletas no meu estômago, eu já sabia que podia estar sentindo algo por ele só não sabia que podia ser assim.
Quando paramos nos olhamos e ele sorriu.
- Você já tinha percebido?
- Não, mas de alguma forma era recíproco.- Respondi.
- Lewis não vai tentar interferir?
- Que se dane o Lewis. Vamos olhar para frente ok?
- Sempre em frente Era.
- Acho que uma "nova era" está prestes a começar.- Brinquei, ambos rimos eu o abraçei, então finalmente soube que por mais que eu estivesse na linha de tiro, estaria em paz.(Texas; Data: 26/ 07/ 2023)
Meu pai conseguiu ajudar aquele homem, não foi algo ruim, talvez o altruísmo exagerado da minha mãe fosse mais uma qualidade do que um defeito.
Eu estava assistindo televisão com Garry enquanto meu pai estava na cozinha com minha mãe, eu estava me sentindo entediada, Garrett conseguia ser a alegria do nada.
Então meu pai veio para a sala e começou a andar em círculos.
- Pai?
Ele sorriu.
- Você é uma criança egoísta sabia? Sabe qual é o castigo para pessoas egoístas?
Eu começei a estranhar.
- Como assim pai?
- Um tiro na cabeça, rápido, fácil, só mostra como seres humanos não são nada, prova para pessoas mesquinhas que nem você que vocês não são nada!- Ele exclamou.
- Papai, você está me assustando.- Garry disse.
- Ah eu estou? Que pena, você ainda não sabe o que é medo moleque!
- Rey!- Minha mãe apareceu.
- Lydia...o amor da minha vida...você é patética que nem essas crianças!!
- Rey isso não é você, por favor para!
- Ninguém me diz o que fazer sua humanazinha estúpida!- Ele pegou uma arma e apontou para Garrett, que começou a chorar, minha mãe ficou na frente dele.
- Por favor Rey, você não quer fazer isso, são seus filhos!
- Tem razão meu amor, são meus filhos.- Ele sorriu, ela começou a chorar.- Mas imagine que cena mais linda, os dois sangrando no chão, só nós dois de novo.
- Rey você não sabe o que você está fazendo me escuta! Você surtou!
- Eu surtei sim mulher.- Ele deu risada.
- Pai para por favor, sou eu, Kimberly, sua filha e aquela é Lydia sua esposa e o garotinho é Garrett seu segundo filho, você não quer machucá-los!- Eu disse desesperada.
- Vai pro inferno garota!- Comecei a chorar, ele destravou a arma.
- Rey não!!- Minha mãe gritou, fechei os olhos e ouvi seis disparos; por um minuto achei que tivesse morrido e não tinha percebido mas então eu abri os olhos.
Quando olhei vi minha mãe caída no chão com os olhos abertos e Garrett por baixo dela, uma poça de sangue se formava no chão, primeiro fiquei em choque, paralisada, mas logo depois a dor no meu peito veio e eu gritei.
- O que foi que você fez?!- Perguntei chorando, meu pai começou a rir enquanto eu tentava acordá-los.
- Kim?- Meu pai perguntou, olhei para ele, ele finalmente pareceu assustado.- Ah meu Deus, eu fiz isso?- Ele correu até minha mãe e Garrett.- Lydia!! Garry?!- Ele se desesperou.
- Está tudo bem pai, a culpa foi minha, se eu tivesse ficado quieta...- Disse soluçando.
- Você é forte Kimberly e não posso proteger você assim, eu sinto muito.- Ele baixou o olhar e começou a chorar.- O que foi que eu fiz?
- Pai...Já foi, tudo bem?
Ele se levantou, eu abraçei minha mãe e Garrett, Garry parecia mais pesado que minha mãe, eu me sentia como se minha alma tivesse ido embora, olhei para cima e vi meu pai segurando uma arma contra sua própria cabeça.
- Pai?!- Me levantei e tentei correr até ele.
- Me desculpe Kim.- Eu vi o disparo, vi quando ele caiu no chão sem vida, e eu caí no chão sem reação. Toda a minha família, toda a minha vida morreu na minha frente e quando me dei conta de que eles não iam voltar eu gritei, parecia que haviam arrancado meu coração à força.
Eu só queria que aquilo acabasse, então saí correndo e desci para o abrigo contra furacões, eu sabia que icaria ali, tinha um estoque de comida, parecia uma casa.
Eu não quis mais sair de lá, não teria coragem de ver aquilo de novo, então apenas me sentei e esperei o consolo de ser um pesadelo e acordar sentindo o cheiro das panquecas da minha mãe e vendo meu irmão pulando pelo quarto.
Mas uma parte de mim, a minha pior parte, sabia que aquilo nunca mais iria acontecer e que eu precisava lidar com aquilo. Eu precisava sobreviver àquilo...
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Morbo: O começo_ Livro 4
Ficção CientíficaEu acredito em destino. Acredito em muitas coisas, para ser sincera; mas não há nada mais relevante do que: "Tudo tem um começo, um meio e um fim". Por três vezes a mesma epidemia mundial da mesma doença castigou a humanidade, a contaminação era ráp...