Envenenada

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(Chicago; Data: 10/ 08/ 2023)

Meu sangue fervia, meu corpo parecia estar em chamas, eu sabia que estava me perdendo de mim mesma a cada dia. Tio Cypress estava sendo um homem maravilhoso, tentando me ajudar a qualquer custo, conversava comigo e fazia piadas idiotas para me ver rindo mas não adiantava, eu sabia que ele se esforçava, a amiga dele também estava sendo uma ótima pessoa, ela puxava conversa comigo o tempo inteiro tentando me fazer rir assim como Emmett, mas nada mais me fazia rir.
- Gosta de limonada?- Nancy chegou no meu quarto com dois copos de metal na mão, apenas assenti com um sorriso, a conversa dela fazia eu me sentir mais calma. Ela se sentou ao meu lado e me entregou um copo.
- Seu cabelo é muito lindo.- Ela elogiou.
- Obrigada, ele era mais loiro antes mas por alguma razão está perdendo a cor.
- Não se preocupe, continua bonito.- Ela disse, bebi um pouco da limonada e isso me tranquilizou mais ainda, por mais que minha respiração continuasse pesada.
Me assustei ao ver a maçaneta do quarto girar, meu coração disparou e eu fui perdendo a calma de novo, mas quem entrou era uma desconhecida. Era uma menininha de olhos verdes, uma maníaca .
- Julie! Falei que não era pra você entrar.- Nancy a repreendeu.
- Tudo bem Nancy, deixe-a aqui.- Eu disse, encantada com ela, eu já não via uma criança há tanto tempo.
- Seu nome é Julie?
- E o seu é Erika.- Ela disse, eu sorri, ela veio correndo me dar um abraço, senti isso me acalmar e minha pele finalmente esfriar, me senti em paz por alguns segundos. Então eu me lembrei de Bryce...Bryce...ele sempre quis ter filhos comigo mas eu nunca pude...merda, eu me odeio...odeio crianças...odeio tudo!
Me afastei dela bruscamente, Nancy se assustou e a puxou como se eu fosse um monstro, senti ainda mais raiva disso, logo senti algo subir queimando em mim como ácido, veneno na mais pura forma e eu sabia o que era.
- Eu preciso de um tempo sozinha!- Disse mais alto do que esperava, Nancy assentiu e saiu apressada com Julie. Eu queria me levantar mas só conseguia me contrair, uma dor latejante e extremamente forte tomou conta da minha cabeça, eu quis gritar mas foi como se minha garganta se fechasse.
Caí no chão tomada por dores quase insuportáveis, tentei me apoiar na cama mas meu braço tremia muito e vacilava, de repente escutei a porta se abrindo e vi Emmett...aquele maldito estava com medo de mim, não queria me ajudar de verdade.
- Erika? O que houve?
- Sai de perto de mim seu imundo.- Rangi os dentes tentando me levantar, e como um impulso todas as minhas forças apareceram e parti para cima dele, consegui jogá-lo no chão e segurei seu rosto, aquele humano...só o que eu queria era matar ele.
- Você deve achar lindo me ver assim não é? Não sabe o que eu vou fazer com a sua racinha podre.- Eu disse, uma súbita vontade de rir tomou conta de mim e perdi o controle, enquanto eu ria via a expressão de medo dele.
- Não está me reconhecendo? Erika, sou eu, Emmett!- Ele tentava argumentar mas sua voz parecia tão longe de mim, eu mal escutava. - Erika!- Sua voz ecoou em minha cabeça e isso me deixou com mais raiva ainda.
- Para de me chamar de Erika!- Segurei seu cabelo e bati sua cabeça com força no chão, gargalhei ao ver o medo que ele me sentia, me abaixei levando minha boca a encostar em seu ouvido direito: - Era. - Eu disse rindo, e então senti algo perfurar meu pescoço, uma agulha, gritei e me afastei dele.
Caí no chão me contorcendo como se tivesse acabado de ser abatida por uma bala e então minha mente caiu em si, lembrei de onde estava, do que eu tinha acabado de fazer e com quem tinha feito, senti uma vontade de chorar profunda e um sono descomunal.
- Tio Cypress?- Perguntei.
- Vai ficar tudo bem ok? Você vai ficar bem.- Ele disse.
- Me desculpa tio Cypress, eu machuquei você.
- Não. Fica calma, já passou.- A voz dele pareceu me tranquilizar, senti minha visão ir ficando mais distorcida e me lembrei do dia em que caí no shopping, a sensação era quase a mesma mas sem dor alguma, então minhas pálpebras foram pesando e logo logo se fecharam completamente, sabia que era questão de tempo até eu perder a consciência...

Morbo: O começo_ Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora