Mistérios: Parte dois

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- Ela apareceu no corredor e tinha um maníaco atrás dela?
- É, parece loucura mas foi o que aconteceu, acho que ela estava tão cansada que desmaiou, quer dizer olha o estado dela.- Apontei para a garota ainda desacordada deitada na cama de Bryce, ele ainda não tinha entendido muito bem aquilo.
- Ela realmente parece exausta.- Bryce deu de ombros.- E o que vamos fazer com ela?
- Quero levá-la ao laboratório. O doutor Cypress pode cuidar dela.- Falei baixo.
- Bem pensado.- Ele assentiu.
- Vamos sair escondidos de madrugada, sei que tem muitos maníacos mas temos uma arma não temos? Podemos ir.- Eu disse um pouco insegura.
Sabia que precisávamos ir mas depois do que houve no corredor eu fiquei inquieta.- Tenho que perguntar uma coisa a Utah, vem comigo.- Saímos do quarto de Bryce e batemos na porta do quarto de Utah.
Ele abriu a porta com o mesmo sorriso cínico.
- Em que posso ajudar? Precisam de um cigarro?- Ele riu.
- Chega de gracinha Utah, eu e Bryce vamos entrar.
- Quer mesmo entrar?
- Anda logo.
- Como quiser loirinha burra.- Tive vontade de jogar um tijolo na cara dele, mas eu tinha que manter um semblante pacífico antes que me tornasse algo como ele e meu irmão.
O quarto de Utah era estranho, cheio de planos e rotas penduradas em quadros, várias maletas e armas brancas espalhadas por cima de pequenas estantes, a cortina estava fechada e a luz apagada, o que dava um ar ainda mais macabro ao lugar.
Ele abriu as cortinas e se sentou na cama.
- O que querem?- Ele perguntou.
- Só quero entender uma coisa, acho que me deve explicações do por quê se irritou tanto comigo pelo que o maníaco velho me falou.- Expliquei, ele parou de sorrir e ficou sério, cruzou os braços e nos encarou.
- Assim como eu e seu irmão lideramos uma Seita, outros maníacos podem liberar outras.
Aquele homem é de um grupo que veio de Las Vegas, mais cínicos, irônicos, uns bêbados idiotas, o líder deles é Ramone Herrera, trabalhava na máfia mexicana antes de tudo acontecer e vivia apostando, agora, se tornou líder de um grupo em que se auto-intitulam de "Dissolutos".
Acham que devemos conquistar o mundo, que somos inteligentes o suficiente para governar, mas o que eles não entendem é que se os humanos souberem quem somos e nossa localização exata vão nos matar com mais facilidade. Joguei isso e mais algumas coisas na cara de Ramon e foi mais do que suficiente para começar um conflito entre a Seita e os Dissolutos.
Tem matado muitos maníacos e humanos mas não posso fazer nada a respeito.- Utah explicou.- Fiquei bravo porque ele só queria nossa localização, quer matar a mim e a Lewis e como você é a única que Lewis tem, a "jóiazinha preciosa" dele, você se tornou um dos principais alvos.
- Podemos fazer alguma coisa não podemos? Não vou permitir que encostem um dedo nela.- Bryce disse se exaltando um pouco.
- Estou tomando providências caro irmão.
- Vamos.- Eu disse, de uma hora para outra tudo pareceu piorar, sou tão estúpida eu praticamente disse onde estou e agora podem vir para cá me dar um tiro quando quiserem.
- Erika.- Utah chamou antes que saíssemos, apenas olhei para trás.
- Para onde levarão a garota?- Ele perguntou.
- Já percebi que tem interesse nela, por alguma razão, talvez seja por causa dos Dissolutos ou não.- Eu disse.
- Só responde.- Ele disse.
- Não se preocupe, podem continuar se vendo.
Eu disse e saí do quarto.
Entrei no quarto de Bryce, estava sendo perseguida, não podiam me matar, não enquanto eu estava focada no preparo da fórmula.
- É perigoso sair à noite, principalmente para você.- Bryce disse.
- Vamos conseguir, só temos que esperar essa madrugada e caso tudo dê errado a gente dorme por lá.
- Erika, o que vamos correr é perigo real.
- Quem não precisa de adrenalina às vezes né?- Ironizei, mas ele continuava sério.
- Me preocupo com você.- Ele disse, senti por alguma razão que meu rosto corava, toda vez que ele diz algo assim eu fico sem reação.- Nós vamos porque não temos saída, e se eu tiver que ser seu guarda-costas por uma madrugada não vou me importar.- Ele sorriu.
- Obrigada, por tudo.- Agradeci e o abraçei.- Bryce?
- Que foi?
- Acho que dessa vez vamos precisar do seu carro.

* * *

3:00 da manhã em ponto, Lewis já havia dormido, Utah estava nos dando cobertura e é claro que eu estranhei suas atitudes mas desde que ele ajude não posso reclamar.
Colocamos uma faca a Magnum 44 que Bryce me dera, precisávamos de garantia.
Saímos de carro, a garota ainda desacordada no banco de trás me deixava preocupada, mas o que me preocupava também eram os gritos, barulhos de tiros, serras elétricas, e os postes quebrados.
Bryce não estava nada tranquilo para dirigir ali, e nem eu estava por passar pelo local.
Ele deu partida e começou a acelerar, eu via pessoas sendo mortas, por maníacos e a cada vez que Bryce acelerava eu me sentia mais nervosa, os maníacos gritavam como se realmente fossem animais irracionais.
Tudo parecia normal para o contexto, muitas mortes nas ruas e me senti sortuda por não ser atacada, até metade do percurso.
Enquanto chegávamos a um cruzamento vimos um caminhão parar a nossa frente, o caminhão bloqueou nossa passagem.
- Mas o que...- Bryce disse, ele olhou pelo espelho e deu ré, tudo estava tão escuro e admito, começei a ter medo do que pudesse acontecer, fomos de ré até o último cruzamento até percebermos que outro caminhão nos cercou completamente.
Ouvi um gemido fraco e olhei para trás espantada, a garota estava acordando, estava quase abrindo os olhos.
- Isso lá é hora de acordar?- Perguntei retóricamente a mim mesma.
- Erika, temos um problema.- Ao ouvir isso olhei para frente e vi uns três maníacos se aproximando, todos armados com armas de fogo, abri o porta luvas e agarrei a faca.
- Atropela Bryce.- Eu disse quase em desespero enquanto prendia a faca no cinto da minha calça jeans.
Quando eu ia pegar minha arma Bryce acelerou e a arma caiu do porta luvas, ouvi o barulho do vidro sendo trincado e havia um buraco no vidro do carro, olhei para Bryce e por sorte ele não foi ferido, mas parou o carro.
- É um sinal, Utah me disse que quando eles atiram significa reprovação.- Eles pararam de se aproximar mas aquilo não contribuiu para o meu alívio.
- E o que a gente faz?!- Perguntei perdendo a calma.
- Desce do carro.
- Você ficou maluco?! E a garota?! Esses caras vão matar a gente!
- Confia em mim?- Ele se virou para mim e segurou meu rosto com as mãos senti meu coração disparar em meu peito, não sabia o que dizer então apenas assenti.
- Então me escuta, desce do carro, vamos ficar bem ok?- Ele disse, recuperei o fôlego, a única iluminação entre nós eram os faróis do carro.
Tomei coragem, finalmente abri a porta e senti o vento gélido bater no meu rosto bagunçado todo o meu cabelo.
Coloquei os pés no chão fui tomada pela incerteza, não sabia se ficaria bem até o amanhecer e tinha 1% de chances de ficar...

Morbo: O começo_ Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora