Dois Anos Depois

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(Texas; Data: 26/ 07/ 2025)

Dois malditos anos presa em um porão, é eu contei, precisava escrever meu diário, precisava manter meu cérebro funcionando ou ele iria se atrofiar e eu provavelmente ficaria louca

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Dois malditos anos presa em um porão, é eu contei, precisava escrever meu diário, precisava manter meu cérebro funcionando ou ele iria se atrofiar e eu provavelmente ficaria louca.
Eu já havia saído do porão, mas nunca saí de casa, e nunca tive coragem de olhar para minha família morta, o mal cheiro era insuportável, mas fui tão estúpida e covarde a ponto de não conseguir nem enterrá-los.
Percebi que eu não poderia ficar naquele lugar para sempre, eu nem sabia se aquela epidemia mundial já tinha acabado, se o planeta já havia se restaurado, eu só conhecia o meu porão.
Minha comida havia acabado, eu arrumei uma mochila com roupas e armas e tomei coragem; saí de minha casa cheia de teias de aranha e poeira, com medo do que poderia estar me esperando.
Caso a epidemia tivesse acabado eu faria um pequeno monumento na fazenda para homenagear minha família, caso os maníacos ainda estivessem infestando o mundo eu iria para a capital e logo depois daria um jeito de ir para uma metrópole onde se esconder não é uma tarefa tão difícil, talvez Nova York, talvez Seattle ou talvez Chicago...Andar pela fazenda e sair dela foi uma experiência de péssima para horrível em alguma classificação, por mais que eu não estivesse na cidade, ainda haviam destroços de carros na estrada, rastros de sangue, asas de naves, o céu estava cinza, provavelmente choveria. Então tive certeza que a epidemia ainda não havia acabado, mesmo depois de todo o tempo que se passou, e com a situação do mundo não teria previsão de cura tão cedo.
Respira fundo Kim, o pior já passou, agora você só precisa sobreviver. Pensei.
Dei um passo na estrada e senti o vento gelado bagunçar meu cabelo, fui andando e andando, me distanciando da fazenda, tentando esquecer toda a culpa que senti nos últimos anos.
Minha mãe me disse uma vez:

Se a "pior coisa do mundo" te acontecer, é porque a melhor coisa do mundo ainda está por vir. Você só precisa ter paciência e esperar.

Naquele momento eu tinha fé na palavra dela, eu já não tinha mais nada a perder, só precisava esperar pelo melhor...

(Chicago; Data: 28/ 07/ 2025)

Muita coisa muda em dois anos, eu acabei vindo parar nas construções de um lugar chamado "Cidadela", criada por três homens, Elliot Coleman, Finnick King e Ian West, acabamos virando melhores amigos depois de um tempo; Paris conheceu um homem chamado Jesse Shepherd, os dois se apaixonaram e resolveram ir para o Alasca, Kurtis e Grece também se apaixonaram mas ele caiu de um penhasco depois que fomos perseguidos por maníacos. Grece ficou arrasada, mas é claro que ela superou e hoje se dedica a cuidar dos feridos dos poucos ataques de maníacos.
As construções estavam demorando para ficar prontas por falta de recursos, mas os ataques com maníacos cessaram consideravelmente e com o passar do tempo eu fui superando a morte da minha esposa e da minha filha. Eu só tinha mais um segredo para me preocupar.
- Tio Emmett!- Erika veio correndo e me abraçou.
- E aí Cypress.- Bryce cumprimentou.
- Bom te ver Emmett.- Quincy disse.
- É bom ver vocês também.- Sorri, Erika me pediu que eu ensinasse a ela meus conhecimentos científicos e eu o fiz, no mesmo laboratório em que Elliot me achou.
- Tem algo que queiram me dizer?- Perguntei.
- Péssima notícia.- Erika suspirou.- Ramone e Lewis se conciliaram, por isso os maníacos estão mais calmos, é bom para vocês mas ruim para nós porque os homens de Ramone são péssimos, desprezíveis, seria o modo certo de descrevê-los.
- Essa é a péssima notícia de vocês?- Eu ri, Quincy e Bryce se entreolharam, Erika hesitou.
- Bom...tem algo bem pior. Um grupo humano, algo como uma "sociedade secreta" promete nos destruir, Ramone, Utah, Lewis, eu, Bryce e Quincy.- Erika explicou, era difícil argumentar, os humanos não podiam ter ideia da inocência dos três e só queriam proteger a espécie.
- Particularmente, eu não dou a mínima pro Utah.- Brinquei.
- É sério Emmett, tocaram fogo em uma base de Ramone em Chicago.- Quincy disse, eu fiquei calado, realmente, não estavam de brincadeira.
- Sabemos que isso não é problema seu, mas se pudesse nos ajudar a conseguir armas de ponta, não Lewis e Utah, só eu, Era e Quinn, agradeceríamos.- Bryce disse.
- Fizeram de tudo para me proteger e evitar que eu morresse, farei o mesmo por vocês.- Afirmei, Erika sorriu e me abraçou.
- Obrigada tio Cypress!
- Por nada, vou fazer o possível para manter vocês vivos...

Morbo: O começo_ Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora