Morbo: O começo_ Livro 4

Cuidado

(Chicago; Data: 07/08/2025)

Meus olhos foram feridos pela luz forte e branca que vi, mas logo começei a me acostumar com ela, senti meu coração palpitar como se eu estivesse nervosa, minha cabeça latejava.
Notei que estava na enfermaria, não me lembrava do motivo de ter ido parar lá, olhei para o lado e vi Bryce dormindo como um anjo, sentado em uma poltrona, seus olhos tinham olheiras que se destacavam por sua pele pálida; através da janela pude ver Quincy de costas, como se estivesse de vigília.
Quis me sentar mas haviam muitos aparelhos grudados em mim, inclusive um para ajudar na minha respiração, mas senti que podia respirar bem e tirei o aparelho.
- Bryce?- Sussurrei ainda receosa por acordá-lo.- Bryce!- Chamei em voz alta, ele abriu os olhos vagarosamente, dei um sorriso.
Primeiro ele pareceu assustado, como se fosse impossível eu estar ali acordada.
- Você é um sonho?- Ele perguntou ainda com voz de sono.
- Bryce, por que eu seria um sonho?
Quando perguntei isso ele se levantou da poltrona e se ajoelhou ao meu lado, ele olhou para os aparelhos e então os olhos dele começaram a marejar, eu não entendia nada.
- Você está acordada?- Ele perguntou.
- É claro que estou.- Eu disse como se fosse óbvio, ele riu e me abraçou com força.
- Achei que fosse perder você.- Ele sussurrou.
- E por que iria me perder?- Perguntei rindo, ele pareceu surpreso.
- Não se lembra?
- Do que?- Dei de ombros, ouvi o barulho da porta se abrir.
Era Quincy, ela veio até mim correndo, olhou para os aparelhos assim como Bryce e finalmente ela pareceu não acreditar.
- Erika, você está bem?- Ela perguntou.
- Eu estou bem, e por que tantas perguntas?
Ela não me respondeu, então ela me abraçou.
- Nos matou de susto sabia?- Ela perguntou, eu continuava sem entender o que se passava, então Quincy pareceu agoniada, como se estivesse com alguma dor, ela sorriu e saiu da sala dizendo que ia chamar Lewis e o doutor Cypress.
- O que aconteceu Bryce?- Perguntei, ele sorriu.
- Deixa isso para lá, você está bem e é isso que importa.- Ele respondeu, então ele me ajudou a sentar na cama sem mexer nos aparelhos.- Como se sente?
- Esquisita, eu não tenho a mínima ideia do que está acontecendo.
- Não se preocupe.
- Cypress, está aqui?
- Ele não olha para a cara do Utah, veio aqui ver como estava.
- Deve ter acontecido uma coisa bem surreal.- Eu disse rindo, ele beijou minha testa.
- Eu te amo tanto.- Ele disse, senti meu coração derreter por dentro e sorri.
- Eu também te amo.
Segurei a mão dele e senti que mesmo que não soubesse o que havia acontecido o pior já havia passado.
A porta se abriu, Lewis e o doutor Cypress entraram.
Lewis veio até mim.
- Você está bem Erika? Não tinha o direito de sair com esse irresponsável.- Lewis disse.
- Bryce não é um irresponsável. Achei que estivesse ao menos preocupado comigo.- Rebati.
- E estava, passei esses dias todos tentando de tudo para acordar você!
- Dias?- Perguntei espantada.
- Já chega, Lewis, Bryce, quero falar com a Erika em particular, se puderem dar licença...
- Não tem o direito de me dizer o que fazer humano.- Lewis disse.
- Lewis, vai piorar as coisas.- Bryce avisou, ele revirou os olhos.
- Vou avisar a todos que está acordada.- Ele disse e saiu da sala, Bryce acenou e saiu.
Olhei para Emmett, estava extremamente confusa e precisava de explicações.
- O que houve comigo?- Perguntei.
- Quincy disse que o grupo humano radicalista atacou vocês, você foi jogada de uma altura impressionante e não morreu, ficou em coma por um tempo pela colisão com a cabeça, é um milagre estar falando comigo normalmente.
Quando ele terminou de falar comecei a me lembrar do shopping e me lembrei de termos sido encurralados, mas só disso.
- Bom...mas se eu estou aqui agora nada mais é importante, não é?
- Eu gostaria que fosse assim Erika.- Ele disse como se estivesse se preparando para dizer algo ruim, milhões de pensamentos passaram pela minha cabeça e em nenhum deles eu acabava feliz.- Escuta,  enquanto você dormia tive tempo suficiente para estudar o que aconteceu, foi bem mais complexo do que imaginei porque seu sistema nervoso central é diferente do nosso, não que a estrutura do seu cérebro tenha sido alterada...
- Está tentando me dizer alguma coisa tio Cypress?
Ele parou de falar e limpou a garganta, eu já me sentia muito assustada e todo aquele suspense não colaborava.
-...Erika. Não tenho a menor ideia do que aconteceu com o seu sistema nervoso, pode ter sido pela colisão da sua cabeça com o chão mas, você vai precisar controlar suas emoções mais do que nunca, todas as suas emoções agora virão com mais intensidade, e se você sofrer um choque muito grande suas emoções podem influenciar diretamente no seu comportamento, você vai enlouquecer.
Eu demorei para processar o que ele me disse, mas quando percebi que estava ameaçada eu senti medo.
- Como assim "enlouquecer"?
- Pode começar a ter alucinações, ouvir vozes, sua personalidade pode ser diretamente alterada, mas é só um risco.- Ele explicou, eu fiquei abismada com as possibilidades horríveis que podiam me aguardar se algo ruim acontecesse.
- O que eu faço?- Perguntei.
- Apenas tome cuidado. Mas não se preocupe muito, nada ruim vai acontecer.
Ele sorriu, eu me acalmei esperando que suas palavras fossem verdadeiras.