Outra Pessoa

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(Chicago; Data: 19/ 10/ 2023)

Esperei o dia amanhecer pacientemente, passei a noite inteira no laboratório e após tudo o que descobri sabia que não só Erika como também a humanidade tinha uma chance de se recompor e finalmente deixar de agir como selvagens. Tomei café com Nancy, Julie e Killian, todos pareciam mais animados.
- Não dormiu?- Killian perguntou.
- Não consegui.
- Sei como é isso, mas não está cansado?
- Na faculdade eu fazia isso direto, então não.
- Que horror, você é doente?- Nancy brincou.
- É, sou um zumbi.- Retruquei, o que a fez rir, Killian desviou o olhar de nós.
- Come Julie.- Ele disse olhando a menina brincar com o biscoito.
- Não estou com fome tio Killian.
- Vai por mim, aproveita enquanto não está passando fome.- Ele disse, o que a fez comer, após o café da manhã eu subi como uma bala para o quarto de Erika, sabia que ela não estaria acordada e acordá-la era a pior parte, mas queria contar tudo a ela.
Eu bati na porta quatro vezes e me surpreedi ao ouvir ela dizer:- Pode entrar.
Abri a porta e tive uma surpresa maior ainda, ela estava sentada na penteadeira escovando o cabelo usando roupas pretas e rasgadas com a maquiagem mais pesada do que nunca, ao me ver ela deu um sorriso enorme.
- Oi tio Cypress! Dormiu bem?
- Oi Erika, na verdade...
- Não me chame de Erika por favor! É tão sem graça! Me chame de Era.- Ela interrompeu.
- Era?
- É. Não gostou titio Cypress? Bryce que inventou para mim, ele era péssimo com apelidos.- Ela gargalhou, percebi algo de errado nela, Erika não era daquele jeito.
- Você parece...renovada.
- Pode dizer diferente, não vai me ofender.- Ela deu um sorriso largo.
- Com o que sonhou esta noite?- Tentei mudar de assunto.
- Fogo, uma fogueira queimando meu irmãozinho vivo, titio.- Eu senti aversão, definitivamente não era Erika, não no seu estado normal.
- Sonhou com seu irmão?
- Ah, ele não te contou? Esse danadinho apareceu aqui a noite! Veio me pedir perdão, acredita? Ele é tão bobinho não é?- Ela riu, senti meu sangue ferver, desgraçado...
- Ele fez o que?
- Não sabia tio Cypress? Achei que ele teria a sensatez de contar a vocês que a visitinha desagradável dele teve um ótimo efeito sobre mim, inclusive, estou pronta para deixar essa tristeza de lado e voltar a brilhar como um raiozinho de sol.- Ela se levantou e me surpreendi quando ela me deu um beijo na testa.- Confio muito em você Emmett e na Nancy, gosto dos dois e admiro o que fizeram por mim.
- Também gosto de você Era, é uma boa menina.
Ela deu uma gargalhada e saiu do quarto, saí depressa, enraivecido demais para fazer qualquer coisa que não fosse subir para o escritório, precisava avisar Nancy e Killian, precisava contar o que descobri a Elliot, mas esqueci disso tudo para fazer algo que eu já sentia vontade há muito tempo. Caminhei pelo corredor sério e entrei sem bater no escritório, vi o susto que ele levou ao me ver entrando.
- Emmett, o que aconteceu?- Mal esperei ele terminar de perguntar e se levantar  e desferi um soco na sua mandíbula com toda a minha força e ele caiu no chão.
- Filho da puta!- Exclamei, ele tentou se levantar e agarrei ele pela camiseta.- Foi ver a Erika não foi?!
- Calma!
- Não foi?!
- Fui!
- Idiota!!- Joguei ele na cadeira, vi ele cuspir sangue e sua respiração ficou ofegante.
- Acha que pode vir aqui me bater? Eu sou o líder e fui eu quem tive misericórdia com você!
- É, você manda, você é o cara Lewis, se não fosse tão arrogante teria me escutado e a sua irmã não teria perdido o controle!
- A Erika?
- Espero que esteja feliz agora.-  Saí do escritório fungando e desci, chutei a parede do elevador enquanto ele descia, socar o Lewis era desestressante mas não foi suficiente, não foi proporcional ao que ele fez. Encontrei Nancy e Killian conversando na mesa montada no cômodo em que tomamos café.
- Os dois, venham para o laboratório.- Pedi, eles se entreolharam mas me seguiram até o laboratório do prédio.
- Aconteceu alguma coisa Emmett?- Killian perguntou.
- Muito ruim.
Quando chegamos eu me sentei na cadeira, Nancy estava com as sobrancelhas arqueadas e Killian me olhava fixamente.
- O que foi Em?- Nancy perguntou, eu procurei fôlego para dizer aquilo.
- Acho que perdi a Erika.- Contei.
- O que houve?- Ela pareceu chocada com o que eu disse.
- Lewis conversou com ela.
- Eu sabia que isso não ia dar certo.- Killian disse respirando fundo.- E agora?
- Vou precisar falar com Elliot sobre o que eu descobri, não comentem isso com ninguém e ajam naturalmente, vamos fingir que está tudo bem e que não sabemos nada.
- Cypress, acabou, por quê prosseguir com essa loucura?- Killian argumentou.
- Porque eu me importo com ela, não quero que ela acabe desse jeito.
- Olha Em...dessa vez vou precisar concordar com o Grath, não é mais a Erika.
- Não vou me perdoar se não tentar, voltem para o laboratório do Elliot, invento um pretexto, mas eu vou ficar aqui.
- E se ela te machucar? Não podemos te deixar aqui sozinho!
- Não é a mim que ela quer machucar Nan, prometo que vai dar tudo certo.
Me levantei e peguei o caderno com todas as minhas anotações sobre a morbo, criei uma hipótese de uma combinação de substâncias que poderiam curar a doença e temia que aquilo caísse em mãos erradas caso permanecesse comigo, com Elliot ela estaria segura.
Entreguei o caderno a Nancy.
- Dê isto a Elliot, ok?
Ela hesitava, Killian era mais frio mas ela era bem mais sentimental, talvez os dois se odiassem porque seus pensamentos não coincidiam.
- Não vou falhar.- Ela me abraçou e isso me deixou mais tranquilo.
- Vou mandar Lewis preparar o carro...

Morbo: O começo_ Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora