(Chicago; Data: 04/ 08/ 2025)
Acordei sonolenta, tive dois pesadelos péssimos, em um deles eu via Julie me matando e no outro eu me afogava em um rio em que meus pais e minha irmã estavam, a noite pareceu voar, Julie estava disposta e Killian estava o mesmo idiota inexpressivo de sempre.
- Parece ter dormido mal.- Killian puxou assunto, meu humor estava horrível para aturar ele.
- Por que acha isso?
- Olheiras.- Ele disse, eu ignorei, não tinha tempo para me preocupar com a minha cara.
- Pesadelos, nada demais.- Respondi.
- Você realmente tem motivos para ter pesadelos, parece ter perdido muita gente ao longo do caminho.- Ele disse.
- Não finja que se importa, meus medos e quem eu perdi são da minha conta.- Saí de perto dele e fui até Julie, sair do hospital foi uma tarefa que deu trabalho, Killian queria ter certeza de que não haviam maníacos à espreita.
Logo estávamos nas ruas, estava nublado, parecia que ia chover a cada passo eu sentia mais medo de algum grupo de maníacos nos atacar.
Tudo pareceu calmo durante a primeira meia hora, embora eu me sentisse um pouco cansada o sol ia saindo e isso animava Julie cada vez mais.
Mas depois Julie começou a se sentir mal, não como se algo fosse acontecer, de uma hora para outra ela ficou quente como se tivesse uma febre e começou a tossir e espirrar, então ela ficou fraca.
- Temos que achar uma farmácia.- Eu disse a Killian.
- E se isso for uma evolução da doença, e se nenhum remédio for suficiente para curar ela?- Ele rebateu.
- Temos que tentar! Eu não vou deixar ela piorar.
- Inacreditável, estamos no meio do apocalipse e você está preocupada em encontrar uma farmácia.
Eu revirei os olhos e quando fiz isso vi que ele estava com a mão no bolso da calça, a mão dele tremia e havia um objeto prateado dentro do bolso, ao perceber que eu vi ele tentou esconder.
- O que é isso?
Ele não me respondeu empurrei a mão dele e vi que era um canivete, estava aberto.
- Seu filho da puta.
- Nancy, me ouça...
Eu empurrei ele para que perdesse tempo e peguei minha arma rapidamente, apontei para a testa dele.
- Eu cansei da sua palhaçada Grath, o que ia fazer com essa droga?!
- Você não sabe se a Julie é mesmo a Julie, é eu queria matar vocês duas e dar o fora, mas eu não consigo.
Destravei a arma.
- Nancy, está descontrolada, se fizer qualquer coisa pode se arrepender depois.
- Eu não vou me arrepender nem por um segundo de ter me livrado de você, cai fora se não eu te mato!
- Me escuta, se eu quisesse te matar teria te levado ao hospital? Eu teria te ajudado com a maníaca que entrou no seu quarto?- Eu hesitei, ele pegou o canivete do bolso e colocou no chão.- Se quiser minha arma eu vou te dar, mas acredite em mim, eu não quero machucar você e eu não vou mais tentar machucar a Julie, sinto muito.
- Mais uma gracinha e dou um tiro na sua cabeça.- Abaixei a arma e peguei o canivete.
Ele saiu andando na minha frente, segurei a mão de Julie para ter certeza de que ele não iria machucá-la.
- Conhece alguma farmácia Grath?
- É conheço estamos indo direto para ela.
- E como vou saber que não está mentindo?- Perguntei.
- Não vai, é questão de sobrevivência.- Eu disse, eu realmente tinha vontade de dar um tiro na cabeça dele a maior parte das vezes.
Andávamos nas sombras para que não fôssemos percebidos, eu me sentia pior à cada passo, cada segundo parecia levar uma eternidade para formar um minuto.
Demorou, eu já estava agoniada mas realmente chegamos em uma farmácia, Grath continuava andando em minha frente assim que entramos percebemos o quanto estava escuro, tudo empoeirado e a maior parte dos remédios estavam caídos no chão com as prateleiras, o lugar cheirava a um perfume que provavelmente se quebrou e espalhou o odor pelo ambiente.
Grath pulou o balcão e procurou remédios, eu sentei Julie no balcão porque ela provavelmente estava cansada de andar e ficar em pé.
Ouvi o barulho de algo caindo e peguei minha arma, Killian parou de procurar e olhou para frente. Ouvimos sussurros, não consegui discernir o que diziam e isso me deixou ainda mais nervosa.
- Quem está aí?- Perguntei.
- Não vou machucar vocês.- Ouvimos passos e uma garota apareceu, ela tinha cabelos castanhos e era pálida como uma doente, era humana. Tive a impressão de já ter visto ela em algum lugar.
- Meu nome é Quincy Gibbons.- Ela disse, logo depois um homem com um capuz apareceu detrás de uma prateleira, apontei a arma para ele.
- Calma! Ele não é perigoso.- A garota disse, o homem tirou o capuz, reconheci o rosto dele na hora.
- Doutor Cypress?
- Nancy? Você está viva.- Ele sorriu.
- Espera, você conhece esse cara?- Killian perguntou.
- Conheço.- Afirmei.
- O que está fazendo aqui?- Emmett perguntou.
- Julie está mal, ainda precisamos encontrar um lugar para ficar.
Ele e a garota se entreolharam.
- Emmett pode levá-los a um lugar seguro, eu cuido das coisas para a Erika.- Quincy disse a ele, ele assentiu.
- Venham comigo. Lá tem remédios para Julie e não é muito longe.- Ele disse, eu peguei Julie no colo e saí andando.
- Nancy.- Grath me parou.- Tem certeza que ele é de confiança?
- Confio nele mais do que confio em você.- Respondi, ele pareceu sem mais perguntas e prosseguimos.
Seguimos Cypress até um laboratório abandonado, mesmo assim ele era iluminado por dentro.
- Oi tio Emmett.- Uma garota saiu de uma das portas, parecia uma adolescente, de cabelos pretos e roupas cinzas como se fossem um uniforme.
- Gwen, cadê seu pai?
- Ah ele ainda não voltou das obras da Cidadela mas vai voltar logo.
- Pode cuidar deles para mim? Nancy Howard, Julie Howard e...- Emmett olhou para Killian como se perguntasse seu nome.
- Killian Grath.- Ele respondeu.
- É, pode ajudá-los? A garotinha precisa de alguns remédios.- Ele explicou a garota assentiu e deu um sorriso.
- Sou Gwen Coleman, vou cuidar de vocês...
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Morbo: O começo_ Livro 4
Fiksi IlmiahEu acredito em destino. Acredito em muitas coisas, para ser sincera; mas não há nada mais relevante do que: "Tudo tem um começo, um meio e um fim". Por três vezes a mesma epidemia mundial da mesma doença castigou a humanidade, a contaminação era ráp...