Atacados: Parte Um

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(Chicago; Data: 03/ 08/ 2025)

Killian era muito quieto, eu não sabia como conviver com ele sem desconfiar dele, eu nem tentava me aproximar, não podia confiar muito.
Eram três horas da manhã e eu dormia tranquilamente com Julie ao meu lado, escutei um barulho estranho.
- Tia Nancy, acho que estou passando mal.- Ouvi Julie sussurrar, abri meus olhos morrendo de preguiça, notei que a porta que deixei fechada estava encostada, mas cogitei que ela tivesse decido.
- O que foi Julie?
- Eu estou tonta.
- Infelizmente não tem nenhum remédio para tontura, tente voltar a dormir ok?
- Você me acha louca?- Ouvi uma voz feminina estranha e gelei.- Julie, corre.- Mandei ela foi se arrastando lentamente até a porta.
Olhei para trás e vi uma silhueta no escuro.
- O que você quer?- Perguntei, eu me lembrei que estava desarmada.
- Shhhhhhh.- Vi uma luz se acender percebi que era um fósforo, a maníaca tinha a cabeça raspada e estava segurando uma arma.- Se gritar o fósforo vai cair no álcool.
Eu fiquei quieta.
- Cadê a menininha?- Ela perguntou.
- Não tem nenhuma menininha aqui.
A maníaca riu.
- Deve ter sido uma ilusão. Qual o seu nome humana?
- Nancy Howard.- Respondi trêmula, ela apontava a arma para minha cabeça.
- Que nome fofo, seria uma pena se fosse apagado da existência não é?
- O que foi que eu te fiz?
- Nadinha, mas adeus piranha.- Ela ia puxar o gatilho quando escutei o barulho do tiro, vi a testa dela sangrar e ela caiu no chão, o fósforo aceso caiu com ela e o chão começou a pegar fogo.
- Nancy?- Vi Killian com uma arma atrás de mim, Julie estava com ele.
- Precisamos sair daqui.- Ele disse, eu me levantei e desci as escadas correndo, quando cheguei ao andar de baixo fui surpreendida com outro maníaco, ele me empurrou e estava com duas armas.
- Qual dos dois matou a minha namorada?- Ele perguntou quase gritando.
- Fui eu.- Killian disse.
- Vai gostar quando eu matar a sua?- Ele perguntou.
- Qual é cara, não precisa fazer isso, ela não fez nada.
- Coloca a arma no chão seu humano de merda.- O maníaco disse.
- Fica calmo.- Killian disse ele fez que ia colocar a arma no chão e atirou no pé do maníaco, me levantei rapidamente, peguei Julie e corri, ouvi outro disparo.
Saímos da casa, estava escuro e eu não sabia o que fazer.
- Nancy.- Killian apareceu.- O caminhão.- Ele apontou para um caminhão virado de lado na esquina, eu corri com Julie até o mesmo, Killian veio logo atrás e fechou a porta do caminhão.
Julie ainda estava assustada, ela me abraçou e depois de um tempo ela adormeceu, o silêncio entre nós era assustador, eu não podia ser tão orgulhosa, Killian salvou minha vida.
- Obrigada.
- Não agradeça, eu disse que te devia uma, não quebro minhas promessas.
- Mas se não fosse por você eu teria morrido.
- Se agradecer te deixa mais confortável. De nada.
- O que vamos fazer?- Perguntei.
- Se quiser pode descansar, eu fico vigiando e amanhã procuramos um novo abrigo.
- Não precisa ficar sem dormir.
- Prefere que eu deixe algum maníaco matar todos nós?
Eu quis bater nele, mas respirei fundo.
- Foi mal, só tentei ser gentil.- Eu disse, o silêncio voltou à tona e percebi que era mais confortável daquele jeito, Killian é um idiota, só o aturo por ser humano. Eu o ouvi suspirar.
- Certo, me desculpe por ser grosso com você.
- Não precisa se desculpar.
- Eu não quis ofender.
- Não ligo, só cala a boca e me deixa dormir ok?- Eu disse.
- Se acha que vai me ofender sendo rude está enganada.
Bufei, ele conseguiu me irritar.
- Vai se danar.
- Igualmente Howard.
Me virei de lado tentando esquecer do incêndio, eu sabia que não conseguiria dormir novamente, nunca consigo depois que me assusto desse jeito. Então fiquei apenas olhando para o escuro e pensando, sobre minha irmã, Julie, Killian e a epidemia.
De repente me dei conta do quanto eu queria ter uma vida normal, com a minha irmã assistindo televisão e me vendo enquanto Julie se impressionava ao ver que eu cobria reportagens, me dei conta do quanto eu sentia saudades da época em que eu não tinha que me preocupar se continuaria viva até o final do dia.
Quando me dei conta, o dia amanheceu e para evitar perguntas fingi que estava acordando, Grath continuava do mesmo jeito.
- Bom dia.- Ele disse, me surpreendi, achei que ele fosse ficar quieto.
- Bom dia Grath.
- Se queremos sair e procurar algum abrigo, agora é a melhor hora, assim que encontrarmos podemos descansar.- Ele sugeriu, concordei.
- Acorde a sua sobrinha.
Eu olhei para Julie, ela dormia como um anjo, não tive coragem de acordá-la, então simplesmente a peguei no colo com todo o cuidado do mundo e a levei.- Vai ser cansativo andar com ela.
- Não pedi sua opinião.- Respondi, ele bufou e saímos de dentro do caminhão. A rua estava vazia, embora destruída. Senti o vento bater no meu rosto e temi que Julie acordasse.
Dei o primeiro passo e fomos andando, a casa que pegou fogo acabou incendiando algumas árvores por perto também, e não haviam mais casas por perto, apenas prédios.
Andamos e andamos e por sorte não haviam maníacos à vista, precisávamos chegar a algum bairro residencial antigo.
Enquanto cruzávamos outra rua ouvimos o alarme de um carro ser disparado em um cruzamento, fazendo um barulho estridente, Julie consequentemente acordou sem entender o que estava acontecendo.
Vi uma silhueta estranha no cruzamento, cerrei os olhos para tentar ver melhor, percebi que eram pessoas, uma multidão de pessoas, elas corriam, alguns armados com tacos de beisebol e outros com fuzis e facas que mais pareciam espadas. Estavam mascarados, Killian pegou algo na mochila que pegou antes de sair da casa e pegou um celular, ele abriu a câmera e deu zoom para enxergar melhor.
Eles se aproximavam mais e mais e mais.
- Tia Nan, temos que ir embora.- Julie disse.
Até que uma hora, pudemos ver o olho verde de um deles que estava desmascarado.
- Mas que droga, corre!- Grath exclamou, era uma multidão de maníacos vindo em nossa direção.

Morbo: O começo_ Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora