Surto Súbito

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(Chicago; Data: 27/ 07/ 2023)

Os soldados de Lewis me jogaram em uma sala enorme, parecia um escritório, imaginei que fosse o lugar em que ele gostava de ficar para olhar os desastres de Chicago pela enorme janela.
Lewis entrou na sala e os soldados saíram, ele me fuzilava com o olhar, parou de pé em minha frente e cruzou os braços.
- Você é uma traíra.- Ele disse.
- Me deixa explicar?
- Explicar por quê se aliou com um humano que quer destruir Utah?
- Ele não quer destruir ninguém! Só ficou com raiva.
- E por quê ele precisaria da sua ajuda?
- Para ajudar você Lewis! Estávamos tentando...- Quase me esqueci que não podia falar sobre a cura.
- Tentando o que Erika?
-...Frear vocês, não queríamos machucar ninguém.
- Então armaram uma conspiração contra nós?
- Você não está entendendo, não foi uma conspiração foi só um plano para que essa chacina parasse. Eu só queria ter meu irmão de volta.- Confessei, ele respirou  fundo e se afastou.
- Eu deveria ter matado você quando tive a chance.- Ele disse, eu me senti pior ainda.
- E por que não matou?!
- Eu ia. Tentei cortar sua garganta quando desmaiou, me arrependi de ter transformado você porque achei que seria pior que eu, mas eu não consegui.
- E por que você matou nossos pais?!
- Foi tão fácil, estavam dormindo, e eu não sinto remorso por ter tirado eles de você, queria que se tornasse mais amarga e matá-los foi a melhor oportunidade, e mesmo assim você continua fraca e ingênua.- Depois do que ele disse, finalmente me irritei, mas não era só raiva, eu sentia como se tivesse ficado mais quente e como se quisesse jogar Lewis pela janela.
- Eu não devo nenhuma lealdade a você, você tirou meus pais de mim e me transformou nisso então não tem o direito de exigir que eu te siga como se fosse seu cachorro!
- Se não vai me seguir vou ter que te usar como exemplo para os outros.- Ele tirou uma arma do bolso do casaco e apontou para mim.
- Você não quer fazer isso Lewis.- Dei um sorrisinho irônico.
- Cala a boca.- Ele destravou a arma e por um instante parecia que ia atirar, olhei fixamente para ele, que hesitava, as mãos dele tremiam, ele desviou o olhar e levantou a arma de novo.
Quando eu menos esperava ele abaixou a arma e fechou os olhos, uma sensação de vitória tomou conta de mim e eu sorri enquanto ele guardava a arma e começava a andar de um lado para o outro.
- Pelo visto não sou a única fraca e ingênua por aqui.- Provoquei, foi o suficiente para que ele partisse para cima de mim, como se eu tivesse previsto, quando ele tentou me dar um soco desviei e agarrei o braço dele.
A sensação de raiva ao lembrar das coisas que ele me disse foi tomando conta de mim e finalmente perdi o controle de vez, dei uma cotovelada na garganta dele e o chutei, assim que percebi que ele demoraria a se levantar começei a enforcá-lo.
Quando ele começou a perder o fôlego eu já havia perdido a noção do que estava fazendo e eu não queria parar.
- Erika...para.- Ele dizia quase perdendo todo o fôlego, começei a querer parar mas eu não conseguia mais, alguma coisa em mim me impedia de parar mesmo que eu quisesse e aquilo foi me deixando agoniada por mais que eu ainda sentisse raiva.
- Erika...somos irmãos.- Ao ouvir isso finalmente voltei ao normal, ao ver o quanto eu o havia machucado fiquei desesperada; o pescoço dele estava vermelho e roxo, a boca havia adquirido uma cor de azul para o roxo, os olhos dele haviam ficado vermelhos, como se estivessem irritados, ele mal conseguia respirar.
-  Lew? Lewis!- Eu tentava ajudá-lo a levantar e não conseguia.- Ai meu Deus, Lewis respira!- Eu tentava ajudar e não conseguia, ele deu um sorriso e fechou os olhos nesse momento foi como se meu coração tivesse parado, verifiquei o pulso dele, fiz massagem cardíaca, nada adiantava.
Saí correndo e abri a porta, haviam soldados com Bryce no mesmo corredor, provavelmente esperavam meu irmão.
- Por favor me ajudem, Lewis precisa de ajuda.- Eu disse, os soldados apenas ficaram parados.- Vocês não me ouviram? Vão, agora!- Mandei, eles foram até a sala em que Lewis estava.
- Erika, o que foi?- Bryce perguntou, eu o abraçei.
- Machuquei meu irmão Bryce, machuquei muito.- Eu dizia desesperadamente, eu sentia tanto medo de ter matado meu irmão que começei a chorar.
- O que você fez?
- Eu não sei, eu...perdi o controle.
- Erika você surtou?
- Não...eu não sei.
- Não precisa lutar contra isso.- Quincy apareceu.- Alguns médicos e enfermeiros estão vindo para levá-lo e vão ajudar ele.
- É muito grave?- Perguntei enxugando as lágrimas.
- Você é muito forte Erika, e você surtou, é bem grave.
Eu mal sabia o que dizer.
- Isso nunca aconteceu antes.- Argumentei.
- Ouça, você não é mais humana, é uma maníaca agora, a possibilidade de você surtar quando está com raiva é muito grande.
- Mas como eu posso não ter raiva?
- Apenas se controle mais Erika.
Eu estava tentando pensar em algo para que isso acabasse e finalmente consegui.
- Quincy? - Ela levantou o olhar para mim. - E se eu disser que tenho um plano? Vai me ajudar?
Ela pareceu pensar um pouco, até que assentiu.
- Qual o plano?

Morbo: O começo_ Livro 4 Onde histórias criam vida. Descubra agora