Cap. 54 - Camila

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Andei a passos lentos por dentro do hospital, eu estava estressada, cansada, e chateada. E, por mais estranho que fosse, o hospital era meu refúgio, estar ali me acalmava. Fazia sentido, afinal, eu praticamente cresci ali dentro. Principalmente quando criança. Lembro de uma época, minhas mães estavam tão ocupadas com o hospital, Verônica passava o dia e a noite no escritório, e Lucy, pegava três e até quatro plantões seguidos. Elas não estavam bem, eu acho, e creio que trabalhavam para não acabarem brigando ja minha frente, mas de qualquer forma, eu passava o dia na creche do Hospital, mas, ao contrário das outras crianças, eu gostava de sair e explorar o local, aprendi e decorei cada canto do Hospital. E me acostumei com aqui, eu gostava do ambiente, e sempre que estava mal, andava pelos corredores.

- Camila? - parei de andar ao ouvir uma voz conhecida e me virei.

- Ah, oi Alana - sorri, para a amiga da minha mãe, que trabalhava ali.

- Olha, eu sei que você é filha da dona e da chefe da pediatria, mas, o que faz andando nesses corredores? - perguntou e eu me permiti rir, a vendo pegar alguns equipamentos que ficavam naquele corredor.

- Só queria pensar - dei ombros - Gosto daqui.

- Você deve ser a única adolescente a achar isso - brincou e eu sorri - Ah, ouvi dizer que a comida de hoje é bolo de chocolate - piscou para mim, enquanto andava de volta na direção contrária.

Sorri, um pouco mais animada, fazendo meu caminho para o refeitório, as comidas para os pacientes normalmente eram sem graça, afinal, tinham que ser controladas em relação aos temperos, mas se algo era bom, era o bolo de chocolate. Ao me ver, uma das funcionárias mais antigas, já sorriu para mim, me dando um pedaço de bolo, sorri agradecendo e fazendo o meu percurso para o local onde os médicos almoçavam.

- Ei, Pierre - chamei um dos residentes que estava almoçando - Viu minha mãe?

- Lucy? - perguntou e eu assenti - Ainda não veio.

- Ah, ok, obrigada - agradeci, me sentando em uma das mesas mais afastadas e vazia.

Comi todo meu bolo e fiquei esperando pacientemente minha mãe aparecer, eu precisava falar com ela, precisava de uns conselhos maternos. Foram 20 minutos, até minha mãe entrar, junto com outra médica, uma de suas amigas, e junto com Alana também, esta que chamou minha mãe e apontou para mim. Vi mamãe andar até a cafetéria, comprando dois lanches e dois sucos, e se aproximando de mim, se sentando na minha frente e me entregando o lanche e o suco.

- Obrigada - agradeci baixinho e ela sorriu para mim.

- O que foi? - perguntou e eu a encarei incrédula - Nem comece, sei que quando vem aqui, é porque não está bem e quer pensar.

- Ok, ok - cedi de uma vez - É a Laur.

- Quando não é? - provocou, me fazendo rir - Mas, vocês chegaram do acampamento só há dois dias, o que foi?

- Ela só foi aceita na Universidade de Miami - murmurei, tendo o olhar confuso da minha mãe em mim.

- Lauren? Só passou em Miami? Mas é a Lauren - mamãe disse um pouco incrédula e eu franzi o cenho - Camila, você passou até em Columbia! E, bom, sejamos sinceras, Lauren sempre estudou mais que você.

- Obrigada pela parte que me toca - ironizei, e a vi sorrir divertida.

- Mila, vamos lembrar o motivo pelo qual você se aproximou da Lauren - ela começou - Era pra ela ser sua tutora em história, e no final, com vocês namorando, ela passava horas tentando te ensinar algebra e todas as outras matérias.

- É, faz sentido - pensei, compreendendo a linha de racíocinio da minha mãe - Mas, na época do SAT, Lo não estava bem, talvez isso tenha a feito ir mal - considerei e vi minha mãe assentir.

I Know What I Know (Camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora