Ariella Young
Escolhi o dia de hoje para faxinar a casa. Não quero passar o dia sem fazer nada. Preciso distrair a mente. Esse sábado quero pensar somente em mim. Assim que acordei ajudei a minha mãe em tudo. Só fomos terminar a faxina por volta das quatro horas da tarde. Estou cansada. Arrastei móveis, lavei o banheiro, lavamos a cozinha... Fizemos tudo.
Depois fomos ao mercado fazer uma "pequena" compras. Não comprei muita coisa porque não podemos ficar mais na casa o que dificultaria a nossa locomoção. Para ser sincera, me surpreende Luís não ter vindo buscar a chave. Suspiro.
Estou na cozinha arrumando os biscoitos dentro do armário quando penso em Oliver novamente. Ainda não o vi desdo dia que voltou da França. Sem querer confessar, sinto a sua falta. Não dá para explicar como é sentir falta de uma pessoa que só te trata na ignorância. Mas não tive nenhuma ligação, o que é estranho já que sou sua secretária. Que merda! Antes eu não suportava sua ligação, agora quero que me ligue só para ouvir sua voz.
- Filha? - Cris toca no meu ombro com delicadeza. A encaro séria.
- Oi, mãe. - falo pegando um saco de arroz para guardar no armário.
- Você está muito pensativa. - Cris comenta, me observando.
-Eu me distrair. - confesso, com um sorriso.
- E essa distração se chama Oliver? - Cris me olha amigavelmente e a encaro. Desfaço o sorriso.
- Por que acha que penso no meu chefe mãe? - dou de ombros.
- Posso dizer que é o instinto de mãe. Se não for ele quem mais pode ser? O Nicolas? - ela pergunta, pensativa. Nego com a cabeça.
- Não, não estou pensando em ninguém, e sim na minha vida.- minto.
- Sua fisionomia já entrega tudo meu bem. Está com uma carinha de apaixonada. Isso não tem como disfarçar. - Minha mãe pega os biscoitos da minha mão e me olha aos risos.
- Não tem nada haver. - murmuro.
- Deixa que eu arrumo essa parte, você já fez tudo hoje, muito obrigada.- Cris pisca o olho, e começa arrumar o armário. Sorrio.
- Se precisar de mim é só... - eu disse, a vendo me olhar com advertência.
- Pode ir, filha. Eu sei que quer vê-lo.- minha mãe afirma.
- Ver quem? - pergunto.
- Seu Chefe. Visite-o.- ela avisa dando um sorriso malicioso.
- Meu Deus! - sussurro tampando o rosto com as duas mãos. Penso por um momento se seria uma boa ideia, porque no fundo o que mais quero é olhar aqueles lindos olhos azuis que me faz sentir um sentimento tão intenso. Suspiro.
- Mãe... Se caso precisar de algo me liga, tá bom?
- Fica tranquila meu bebê. - ela da umas piscada de olho e um sorriso compreensivo entendendo que realmente estou com saudade dele. Saio da cozinha indo para o meu quarto trocar de roupa.~*~
Já estava sentindo saudade do arrogante. Ainda minha mãe inventa de dizer para eu visita-lo. Não conseguir negar. A vontade de vê-lo é imensa.
Cumprimento o segurança que já me conhece e caminho pelo gramado observando as flores do jardim quando ouço um latido na lateral da mansão. Franzo a testa. Sou doida por vim em sua casa, mas de qualquer forma eu sinto essa necessidade e vê-lo.
- Que estranho, parece que veio do fundo da casa. - Murmuro comigo mesma. Olho para o segurança que esta caminhando pelo jardim em silêncio e começo a seguir o latido. Me encosto na parede com cautela, e olho para o fundo da casa. Percebo um movimento, mas ainda não consigo ver por completo. Caminho ainda mais para o fundo flagrando Oliver deitado na grama aos risos com o seu cachorro Bob. Ergo as sobrancelhas surpresa. É a primeira vez que o vejo sorrir dessa forma tão verdadeira. Tão a vontade. Nossa! Isso é uma cena rara, literalmente. Fico observando-o escondida por algum minutos.
- Senta, Bob. Senta. - Oliver ordena, dando uma risada gostosa de se ouvir. Me pego sorrindo também por presenciar a cena. Seus olhos, o seu sorriso, o seu jeito de estar tão leve, sem aquele terno escuro com o semblante sério é... Incrível.
Fico tão distraída que não percebo seu cachorro me flagrar. Ele ergue as orelhas quando olha para mim. Arregalo os olhos ao perceber que fui vista por seu cachorro. Merda! Tudo parece fluir de câmera lenta. Oliver olha na mesma direção que seu cachorro ao percebê-lo parado. Seus olhos encontram os meus. Vejo que está surpreso por me ver aqui.
Dou dois passos para trás com intuito de sair, porém Bob corre na minha direção por um impulso que me assusta. Solto um grito fazendo menção de correr. Digamos que ver um Rottweiler correr na minha direção não é agradável. Viro-me para tentar fugir do cachorro quando piso em falso caindo no chão. Bob diminue o ritmo um pouco para preparar seu salto e sem esperar coloco meus braços na frente do rosto com medo. Espero ser mordida, dilacerada por seu cachorro quando escuto sua voz.
- Para, Bob! - Oliver ordena com uma voz exaltada impedindo-o de se aproximar de mim. Abro os olhos devagar amedrontada. O cachorro volta para o fundo da casa correndo me deixando aliviada.
Respiro pesadamente. Os seguranças já se encontram presentes devido o grito que dei, mas se afastam ao verificar que está tudo bem.
- Se Bob te obedece, então por que deixou ele correr na minha direção? - pergunto ofegante tentando recuperar a minha respiração.
- Você invadiu o meu terreno. Ele estava apenas fazendo o seu trabalho quando o assunto é lidar com intruso.- Oliver responde com um semblante sério.
- Não sei o porquê ainda paro para perguntar. - resmungo ao me levantar sozinha do chão.
- O que faz na minha casa, Ariella? - Oliver pergunta com firmeza.
- Precisava te ver. - Dou de ombros ao respondê-lo. Percebo que minhas palavras o afetam, mas ele se recompõe rapidamente. Preciso agir. Preciso fazê-lo gostar de mim.
É disso que preciso. Mas será que me refiro na atuação ou o porquê eu gosto dele de verdade? Já não sei mais.
- Já me viu agora. Então, já pode ir embora. - ele avisa me dando as costas. Arregalo os olhos.
- Custa ser gentil pelo menos um pouco? - pergunto tocando em seu braço. Seus olhos me fitam.
- O que você quer que eu faça? - Oliver pergunta secamente demonstrando não gostar do meu toque. Solto seu braço.
- Vim te ver e olha como sou recebida.- retruco, incrédula.
- Não deveria ter vindo aqui sem o meu concedimento. Eu não a chamei.- Oliver diz sem importância.
- Eu... Sentir sua falta. - Eu nunca diria isso para um homem, mas como meu papel é "paquerar"... Vamos lá. Vamos atuar, Ariella. Apenas atue. Percebo que minhas palavras o afetam de novo, mas ele consegue demonstrar não se importar.
- Não quero saber o que sente ao meu respeito. Não me culpe pelo seus atos.- Oliver fala pondo-se a caminhar. Reviro os olhos. Como é ignorante meu Deus do céu. Que chato. Não é possível. Não vou ficar parada parecendo uma estátua aqui. Não vim aqui em vão. Ando na sua direção a passos largos o vendo se aproximar da beira da piscina. Preciso pensar em algo para agir logo. Toda vez que desisto é um tempo perdido. Não posso demorar... Quanto mais demoro, pior fica. Estou tão distraída nos meus pensamentos que não percebo que Oliver parou de andar. Então, simplesmente meu corpo se choca com o seu, e o acabo derrubando na piscina sem querer devido o impacto dos nossos corpos. Tampo a boca com as duas mãos.
Não, não, não, não, não e não.
- Me desculpa, me desculpa, me desculpa, por favor. - Falo, desesperada. Me agacho no chão e tento ajuda-lo. Ele sobe a superfície, e passa a mão nos olhos para tirar o excesso da água.
- Incrível como você consegue ser tão lerda. - Ele altera a voz, enfurecido. Tento esconder a risada ao vê-lo todo molhado. Não vou rir. Meu Deus! Tento controlar a risada.
- Foi sem querer. Me perdoe, venha que eu te ajudo.- aviso estendendo a minha mão na sua direção. Seu semblante não está nada agradável. Oliver segura a minha mão aceitando a minha ajuda com a cara de poucos amigos. Faço força para ajuda-lo a sair da piscina, porém sou puxada para dentro de forma inesperada.
Por essa, eu não esperava. Caio na piscina com tudo. Subo para a superfície desesperada.
Começo a tossir.
- Engoli dois litros de água por sua causa.- reclamo passando as mãos no rosto.
- Eu também. - ele retruca irritado.
- Por que fez isso? Me puxou com a boca aberta. - aviso, indignada.
- Você me empurrou, Ariella.- Oliver responde, impaciente. O encaro com as sobrancelhas arqueadas com a sua acusação.
- Eu que te empurrei? Você que foi lerdo e não se equilibrou. - rebato como se fosse óbvio.
- Eu sou lerdo? - Ele pergunta com a testa franzida.
- E por acaso eu sou? Quer saber? Esqueça. - aviso nadando em direção a escada para sair da piscina quando ele segura o meu braço me fazendo parar.
O encaro, confusa.
- O que disse foi verdade? - Oliver pergunta sério. Nos olhamos demoradamente.
- Sobre o quê? - pergunto sem entendê-lo.
- Sobre o motivo de está aqui. - seus olhos azuis fitam os meus com intensidade. Engulo em seco. Uma parcela disso é verdade. Estava com uma vontade absurda de revê-lo, porém outra parte tem haver com a Karen. Não consigo responder a sua pergunta.
- Você tem uma reunião agora. - aviso ao lembrar do horário que eu mesma agendei. Não queria entrar nesse assunto de sentimentos.
- Tenho. - Oliver afirma soltando o meu braço percebendo que fiquei desconfortável com a sua pergunta. Recuo um pouco.
- É melhor se apressar, está completamente encharcado. - eu disse o examinando de cima a baixo sem jeito.
- Não me diga o que devo fazer. - sua voz sai como um sussurro.
- Então, continue molhado. - murmuro no momento que o vejo se aproximar de mim. Recuo um pouco batendo as costas no azulejo da piscina. Solto a respiração que não fazia ideia que prendia. Não sei o que está acontecendo, mas para ser sincera estou gostando disso.
- Eu prometi... Prometi que não faria isso de novo. - ele confessa, tesionando o maxilar, enquanto me encara com intensidade. Meu corpo estremece.
Ergo as sobrancelhas.
- O que está querendo dizer? - indaguei, sentindo um frio na barriga ecoar com cada palavra, uma ansiedade palpável no ar. Seus olhos, intensos e penetrantes, devoravam cada detalhe do meu rosto, focando especialmente nos meus lábios. Um leve lampejo de nervosismo me faz passar a língua pelos lábios, e, com cautela, verifico se há olhares curiosos dos seguranças ao redor.
Oliver, com uma expressão decidida, estende a mão na minha direção, seu dedo polegar vai acariciando suavemente meu queixo até alcançar minha boca. O contato é delicado, mas sua intensidade reverbera por todo o meu ser. Um arrepio percorre minha espinha, e involuntariamente fecho os olhos, entregando-me à sensação única daquele toque. A distância entre nós diminui para apenas um palmo. Seu dedo, agora, traça com leveza os contornos da minha boca, como se desenhasse promessas no ar. Cada carícia provoca uma resposta elétrica em meu corpo, deixando-me arrepiada de desejo. O tempo parece congelar enquanto nos perdemos na proximidade intensa, uma dança silenciosa entre a expectativa e a entrega iminente.
- Eu disse que não tocaria mais em você. Só que... Não consigo evitar. Não consigo me controlar quando fica perto de mim, Ariella. Puta que pariu!- Oliver confessa juntando nossas testas.
- Por favor. - peço sem entender direito o que quero.
- É impossível estar perto de você e não poder toca-la. - Suas palavras, sussurradas com uma sinceridade surpreendente, ecoam no ar. Abro os olhos, boquiaberta, absorvendo cada matiz da sua confissão. Finalmente, depois de inúmeras tentativas, a resposta que tanto buscava se desvela diante de mim. Ele gosta de mim. A revelação paira no ar, carregada de uma tensão eletricamente palpável.
A incerteza se insinua em meus pensamentos. Será apenas atração, ou algo mais profundo? As dúvidas dançam em minha mente, mas uma verdade se destaca: ele gosta de mim, ao menos em parte. Essa constatação, ao invés de me empurrar para longe, tem o efeito contrário. Uma corrente de calor se espalha por meu corpo, e a decisão se forma como uma certeza inegável.
Não quero mais partir. Não desejo me distanciar para poupá-lo de possíveis sofrimentos. Pelo contrário, anseio por me entregar, por mergulhar nesse sentimento que, mesmo indefinido, é mútuo. Quero vivenciar cada instante ao lado dele, usufruir desse laço que se estreita entre nós. O desejo é claro: experimentar esse amor incerto, mas que pulsa forte em nossos corações.
Oliver apoia a sua testa no meu ombro, e ergue a cabeça aos poucos. Seus lábios tocam no meu pescoço, e sinto uma mordida fraca seguido de um beijo lento e molhado.
Reviro os olhos de prazer.
Ele olha para mim e roça seus lábios nos meus cuidadosamente até toma-los de uma só vez beijando-me com urgência. Sinto um tremor pelo corpo todo. Nos beijamos loucamente dentro da piscina sem se importar com os seguranças a nossa volta. Suas mãos apertam minhas nádegas com força dentro da água e arfo de desejo só de imaginar transando com ele aqui mesmo. Seu membro se enrijece perto da minha intimidade, e jogo a cabeça para trás com cuidado já que me encontro prensada no azulejo.
Sua língua entra na minha boca por inteira tornando o beijo ainda mais profundo. Seguro sua camisa molhada com dificuldade, e tento tira-la sem êxito por está encharcada. Prenso as pernas em volta da sua cintura enquanto nos beijamos com ternura. Ouço um gemido seu soar na minha boca me deixando mais excitada.
Sinto meu corpo reverberar de excitação. Ele acelera o beijo ferozmente como se fosse me comer viva e fazemos o movimento de vai e vem mesmo que não tenha a penetração, mas nesse ritmo intensifica cada vez mais o prazer. Mas a vontade de transar aqui é absurda. Agarro seu pescoço enquanto nossas bocas não se desgrudam, mas de repente Oliver me afasta de imediato. Fico confusa pela sua reação abrupta. O encaro. Seus olhos fitam algo atrás de nós, e logo percebo que tem mais alguém conosco. Não posso ver já que estou com as costas no azulejo da piscina. Lentamente, vou virando a cabeça e me deparo com a Camilla parada nos observando. Espero que ela não tenha visto nada. Estou com muita vergonha.
- Não queria atrapalhar, mas venho avisá-lo que as pessoas da reunião chegaram. Estão na sala o aguardando. - ela avisa com um sorriso agradável por esse flagra.
- Avisa que estou indo, por favor. - Ele ordena desviando o olhar.
- Tudo bem. - Camilla responde se afastando. Passo a mão em meus cabelos molhados e subo a escada saindo da piscina rapidamente. Me sinto constrangida. Preciso passar sem ser vista. Não quero que inventem que estou tendo um caso com o meu Chefe - o que é verdade. Porém, não é um caso. Primeira vez que nos beijamos por bastante tempo.
- Posso levá-la em casa depois que a reunião terminar. - Oliver sugere atraindo minha atenção.
- Não precisa, eu já estou de saída. - eu disse, com a boca trêmula por causa do frio. Já anoiteceu. Saímos da piscina ajeitando nossas roupas completamente ensopadas. Meu Deus! Como vou embora assim? Não estava nos meus planos me molhar. Tomo um susto ao lembrar da minha mochila. Logo a vejo na grama quando cair no chão por causa do susto. Ainda bem que não caiu na água.
- Meu motorista a levará. Pode ir, ele a aguarda na frente da mansão. - Oliver avisa, enquanto digita algo no celular. Deve está avisando ao motorista.
- Tudo bem, Sr. Oliver. Obrigada. - agradeço caminhando de volta para a lateral da mansão. Temos que ser discreto. Não posso deixar que me vejam assim. Caminho o mais rápido que posso notando alguns rapazes entrarem na porta principal. Perfeito. Não há ninguém aqui fora. Corro de roupa molhada até o portão de saída. Dou uma última olhada para trás certificando-me que não fui vista. Ufa! Espero que ninguém tenha nos visto juntos. Olho para frente para sair da mansão quando me deparo com o Nicolas que sai do seu carro completamente arrumado. Terno cinza e gravata no tom vinho. Que merda!
Arregalo os olhos em choque. Não consigo mais voltar. Ele desce bem na minha frente. Porra!
- Ary? - A voz dele, permeada de surpresa, corta o silêncio. Minha garganta repentinamente seca. Uma onda de desconforto se espalha por mim enquanto tento elaborar uma desculpa convincente. Estou molhada dos pés à cabeça, uma imagem que não estava nos meus planos. O receio de não ser flagrada me fez recusar a sugestão do arrogante de ficar no quarto até a reunião finalizar, mas agora, lamentavelmente, estou encharcada na frente do Nicolas.
- Nick? O que faz aqui? - pergunto, nervosa, meus olhos buscam os dele em um esforço para desviar a atenção da minha condição desarrumada. Seus olhos, por sua vez, exploram cada centímetro da minha roupa encharcada, e uma sensação de vulnerabilidade se intensifica.
- O que você faz aqui? E desse jeito? - ele indaga, franzindo a testa surpreso. Uma mistura de nervosismo e irritação se entrelaça em suas palavras, ecoando no espaço entre nós. Cacete! É tudo que penso percebendo como a situação fugiu totalmente do meu controle. Me lasquei de vez.
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Ariella - Uma Escolha (1° LIVRO)
RomanceAutora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME Obra registrada na Biblioteca Nacional. 'Entre Vinhos e Palcos', a vida de Ariella Young, uma atriz dedicada, desenha um dilema cativante. Enfrentando dificuldades financeiras, ela recebe uma pr...